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Lá fora

Os lançamentos norte-americanos

ÉA
15.02.2005, às 00H00.

Na coluna semanal "LÁ FORA", o Omelete lê e comenta todos os grandes lançamentos em quadrinhos nos Estados Unidos.

VERTIGO

A Vertigo não está sofrendo só uma queda, ahm, vertiginosa nas vendas. A qualidade das revistas também está peremptóriamente despencando.

Das dez séries mensais, eu só agüento Y: the last man (Brian K. Vaughan / Pia Guerra) Ok, agüentar é um verbo forte demais. Tem séries medianas, como Human target. O resto, porém, vai quase sempre pra lata de lixo.

Simplesmente não entendo os roteiros do Mike Carey, tanto em Lucifer quanto em Hellblazer. Ele tem uma mania de ser misterioso, de deixar coisas nas entrelinhas, como faziam Neil Gaiman, Garth Ennis, Jamie Delano e outros. Mas é tão misterioso que torna as séries indecifráveis (pra mim). Ou isso, ou ele é apenas ruim.

Os novos Swamp Thing e The books of magic: life during wartime também sofrem com roteiristas ruins (respectivamente, Joshua Dysart e Si Spencer). Swamp Thing tem um desenhista ótimo, o argentino Enrique Breccia, que faria maravilhas com um bom roteiro. Não acontece.

The Losers (Andy Diggle / Jock) é pose sem conteúdo. Disse isso na primeira edição e continuo achando. Fables (Bill Willingham / Mark Buckingham) nunca fez minha cabeça, apesar de ter muitos fãs. 100 bullets também não me convence - aliás, Brian Azzarello ainda não me convenceu em qualquer roteiro. A série também tem seus fãs, vende bem em coletâneas (mas mal nas edições mensais) e tem um ponto positivo: Eduardo Risso.

The witching (Jonathan Vankin / Leigh Gallagher) e Human Target (Peter Milligan / Javier Pulido) resolveram ser comentaristas da cultura norte-americana. A primeira revista pega o lado bizarro, e faz isso com uma dose de ironia às vezes inteligente, às vezes clichê (mas o problema mesmo é a desenhista). Peter Milligan elegeu Human target como seu palanque para discursar sobre a América pós-11/9. As histórias tratam de terrorismo, imigrantes ilegais, novas igrejas e tudo que os jornais revelam de mais triste na nação mais rica do mundo. Não agradou os leitores - a série vai ser cancelada no meio do ano. Witching não deve durar muito.

Não rolam mais minisséries legais (com uma exceção, que já vou falar). As que estão correndo agora, Angeltown (Gary Phillips / Shawn Martinbrough) e Trigger (Jason Hall / John Watkiss), são médias/ruins. E Kyle Baker parou de publicar seus romances gráficos, verdadeiras obras de arte dos quadrinhos, pela linha.

(Alfinetada: por que essas publicações do Kyle Baker nunca vieram pro Brasil? Elas são geniais! Pô, e Why I hate Saturn é até em preto-e-branco!)

A verdade é que a Vertigo não tem mais um peso-pesado. Sandman acabou há dez anos, Preacher há 3. 100 bullets deveria ter ocupado o posto, mas não gera tanto hype. Séries novas, como as que eu citei, não pegam. E ainda não se falou em grandes lançamentos ou mudanças em equipes criativas para este ano.

Outra coisa: um selo de quadrinhos para adultos hoje é irrelevante. A própria DC publica gibis mature readers na sua linha tradicional. Antigamente esses gibis vendiam menos, mas a média de idade dos leitores subiu. A linha Marvel Max, por exemplo, vende muito bem (e mais do que toda Vertigo).

A Vertigo, pelo jeito, está perdendo sua razão de existir. Isso era impensável há poucos anos. Hoje é uma idéia que fica na sua cabeça. O que será que vai acontecer?

WE3

Acabo de dizer que a Vertigo está nas cordas. Para criar confusão na sua cabeça, vou dizer também que uma minissérie da linha é o melhor gibi de 2004.

We3 é o melhor gibi de 2004. Apesar de ter acabado em 2005.

Aquelas três ou quatro páginas da primeira edição em que você lê a história através do painel de câmeras de segurança... é simplesmente a melhor sacada narrativa que eu vi nos quadrinhos este ano (neste século, se não fosse pelos gibis do Chris Ware). E mesmo sendo uma revista do Grant Morrison, conhecido por suas idéias fora da caixinha, acho que foi uma sacada do Frank Quitely, que é um gênio do design das páginas.

We3 é maluca, comovente, veloz, contemporânea. É legal como quando você gritava legal! aos 8 anos de idade, depois de um gibi do Homem-Aranha ou dos X-Men. É o melhor gibi de 2004. A coletânea das três edições deve sair em breve. Vá guardando grana.

BLOODHOUND

Vai ser cancelada na doze. Mas a última edição a chegar as bancas, a sete, é prova de como a série é legal. A cena final é, em uma palavra, poderosa.

THOR POTTER e os BRASILEIROS

Thor: Son of Asgard é muito chata. Foi cancelada e já foi tarde. A idéia era pegar Thor, Balder e Sif na sua juventude e lançá-los em aventuras como do trio de Harry Potter. Mas, putz, o que falta fazer com esses mitos asgardianos? Todos já foram contados, quinze vezes cada.

A única coisa legal da série eram os desenhos do brasileiro Greg Tocchini. Ele desenha como Gene Colan - as sombras parecem uma névoa cobrindo as personagens -, mas sabe dar dinâmica às páginas de um jeito que o vetusto ilustrador não fazia.

Tocchini, aliás, deveria formar com Luke Ross uma parceria para elevar o status dos desenhistas brasileiros nos Estados Unidos. Ross, que fez parte daquela onda estilo mangá e desenhou edições temíveis do Homem-Aranha, apresenta uma arte delicada, detalhada e pesquisada em Samurai: Heaven & Earth, minissérie escrita por Ron Marz sobre um guerreiro no Japão medieval.

Em compensação, os desenhos de Mike Deodato Jr. em Amazing Spider-Man (mesmo que estejam mais detalhados e tal) me dão sono. Ah, e se você achou que a série não podia ficar pior depois da historinha com a Gwen Stacy, veja as últimas edições...

WANTED

Mark Millar não sabia o que fazer pra encerrar sua minissérie. Fez uma última edição ruim, com um final babaca.

As cinco edições precedentes compensam. Millar vai acumulando idéias malucas sobre o mundo imoral dos vilões, criando gente má que vai ser difícil de superar. É muito divertida.

Portanto, leia, mas não espere um final fantástico.

WOLVERINE: THE END

A minissérie ocupa sozinha a lata de lixo da semana. É muito, muito, muito, muito, muito, mas muito ilegível.

Em teoria, a HQ fecha pontas soltas de Origem. Mas faz muito tempo que li Origem e nem me dei ao trabalho de lembrar quais eram as pontas soltas. Você, completista, deve estar ansioso. Mas prepare-se: é tempo e dinheiro que você nunca vai ter de volta.

Incrível imaginar que levaram um ano e meio pra produzir isso. A primeira edição da mini mensal saiu em novembro de 2003!

E mais uma coisa: o fim de Wolverine... não é o fim! Argh!

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