Durante os anos de governo militar, reclamou-se muito – e com razão - da censura oficial imposta às artes no Brasil. No entanto, por pior que seja esse tipo de restrição à liberdade de criação, ela é menos “eficaz” do que uma forma mais diluída e sem rosto de inquisição cultural como a que se deu recentemente com o livro Grendel: Past Prime.
A gráfica Lake Printing, Inc. de Chicago deveria imprimir o romance escrito por Greg Rucka e editado pela Dark Horse Comics. Sua trama é ambientada no futuro da mitologia de Grendel, personagem criado por Matt Wagner. Nela, tomam parte Grendel Prime e Susan Veraghen do arco de histórias Grendel War Child. O título que, deveria chegar às livrarias e comic shops em junho de 2000, traz várias ilustrações de Wagner, entre as quais a de Susan e sua amante, Mace, fazendo amor.
Depois de retido por 10 dias, ele foi considerado ofensivo por um dos funcionários da gráfica e encaminhado à gerência, que vetou sua impressão. Tanto Rucka quanto Wagner ficaram ultrajados com a alegação de que as imagens eram ofensivas. Fontes da Dark Horse confirmaram que a cena das mulheres foi o pivô da questão. Para Wagner, trata-se de um caso evidente de homofobia, uma vez que não foram feitas objeções a imagens de violência gráfica. Uma delas, por exemplo, mostrava uma cabeça decapitada sendo arrancada do corpo, que não foi tida como ofensiva. Afinal, que critérios são esses&qt;&
O motivo que determinou a recusa tem a ver com o fato de que a Lake Printing imprime muito material de editoras religiosas. É prática comum que funcionários dessas empresas compareçam para checar a impressão de seus livros. Houve, então, receio de que um desses representantes se horrorizasse com o livro de Rucka.
A recusa da Lake, no entanto, resultou apenas no adiamento do lançamento de Past Prime, uma vez que a Dark Horse contratou outra gráfica no Canadá para realizar o serviço.
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