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Gênesis, de Robert Crumb, é lançado no Brasil e gera controvérsia na Inglaterra

Nudez e sexo da HQ desagradam autoridades cristãs

25.10.2009, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H54

Gênesis, a adaptação do primeiro livro da Bíblia para os quadrinhos, feita pelo ícone das HQs undergrounds Robert Crumb, mal chegou às livrarias do mundo todo e já inicia controvérsias.

Nos EUA e na Inglaterra o lançamento aconteceu em setembro. No Brasil, ele começa a ser vendido esta semana, publicado pela Conrad, por R$ 49 - em capa dura, como na versão original. A editora fez inclusive um making of em vídeo da impressão:

Para a adaptação, Crumb - que é conhecido por sua visão liberal sobre sexo e drogas nas HQs, além de ser ateu - diz ter respeitado totalmente o texto da Bíblia do Rei James, a tradução para o inglês mais conhecida do livro. Mas as representações de personagens bíblicos nus ou em atos sexuais começa a gerar controvérsias.

Na Inglaterra, o jornal Daily Telegraph buscou a opinião de autoridades cristãs, que ficaram divididas. Mike Judge, do Christian Institute, considera o material inapropriado: "A Bíblia é um texto muito importante para muitas e muitas pessoas e devia ser tratado com o respeito que merece. Representá-lo a seu modo é muito bom, mas deve-se lembrar que é uma questão de fé e religião para várias pessoas".

Da mesma forma, um representante da Church of England declarou que "embora não tenha visto o livro, acredito que tentar vender algo pela ênfase na natureza sexual de algumas cenas não parece ser uma boa maneira de passar a mensagem da Bíblia".

Já o Bispo de Croydon gostou da obra: "Ele planejou algo para dizer 'isto é um mito importante e fundamental' e me parece que fez um bom trabalho". Da mesma forma, uma representante da Bible Society inglesa, que não leu o livro, comentou que "pode surpreender muita gente, mas a Bíblia contém nudez, sexo e violência. Afinal, ela trata de histórias sobre pessoas reais".

No Brasil, o livro ainda não chegou às mãos da igreja. Mas a editora já tomou precauções. Em entrevista ao jornal Zero Hora, a agente literária Lora Fountain diz que a capa da edição brasileira é mais "sóbria" (apenas o ícone que representa a criação, sob o título) "por temor à reação dos religiosos fundamentalistas do Brasil".