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Crítica

Invincible Iron Man #1 | Crítica

Brian Michael Bendis assume a série do Homem de Ferro jogando com um herói manjado cercado de novos mistérios

07.10.2015, às 23H11.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H42

Começaram a sair nesta semana nos EUA as novas séries da "All New, All-Different Marvel", com numeração zerada e ambientadas oito meses depois do fim das Guerras Secretas. Acontece que a Marvel Comics só termina a atrasada saga em dezembro - a edição seis de nove chegou às comic shops hoje -, então é inevitável que todos esses lançamentos se cerquem de mistério e alguma insegurança.

No caso de Invincible Iron Man #1, HQ que marca o início da fase do roteirista Brian Michael Bendis à frente da principal série do Homem de Ferro, provavelmente os leitores se sentirão aliviados ao constatar que Tony Stark continua sendo Tony Stark. Nesta primeira edição, em que Bendis exercita sem pudor um dos seus pontos fortes, o timing cômico, Tony faz o que sabe: mantém vigilância enquanto brinca na sua oficina e pratica com suas inteligências artificiais/secretárias a lábia que depois usará em jantares com belas mulheres.

Não há muito nesse retrato de Stark que lembre dramas recentes, com exceção de uma referência leve às armaduras anteriores de nanotecnologia, que ficavam alojadas no corpo de Tony ("e deixavam as pessoas meio assustadas", diz ele). O modelo que o Homem de Ferro estreia nesta primeira edição, que pode assumir a forma de qualquer armadura anterior, só deve ter seu poder demonstrado de fato em edições futuras, mas dá pra ver que cobre o corpo do seu criador a partir de uma pulseira - é o Homem de Ferro da era do smartwatch.

O que Bendis faz, porém, enquanto recicla elementos consagrados da personalidade de Stark, é jogar com uma série de incertezas - desde a misteriosa maleta que abre a edição (o conteúdo que brilha como um Sol, à la A Morte num Beijo, deve ser o MacGuffin mais usado em histórias B em todos os tempos) até a revelação final com a volta de um dos maiores vilões do Universo Marvel, de visual completamente reformulado, provavelmente como efeito direto das Guerras Secretas.

Entre o mistério do início e o impacto do fim, outros enigmas se apresentam de forma mais sinuosa. Um deles fala numa cura para os mutantes (que passarão neste novo Universo Marvel pelo perigo de uma nova doença em decorrência da Névoa de Terrígeno). Outro cita os pais biológicos de Tony. Nos recordatórios em que fala sobre si mesmo - tradicional momento de toda série, em que as grandes editoras dos EUA reapresentam seus super-heróis a eventuais novos leitores - Stark estranhamente menciona esse assunto e fala que se ressente de nunca ter tomado coragem para procurar seus pais. Está aí a isca jogada para um dos temas deste primeiro arco de Bendis.

Embora não tenha grandes momentos de ação, a edição muito bem desenhada por David Marquez compensa com essas pequenas insinuações de coisas a acontecer. A impressão que fica é que Invincible Iron Man terá bastante interação com o restante do novo mundo do Universo Marvel, de Xangai à Latvéria, e há muita coisa a descobrir. Uma pena, apenas, que ainda demore dois meses para Guerras Secretas terminar...

Nota do Crítico
Ótimo