Um dos escritores da Weird Tales era um jovem promissor chamado Robert Ervin Howard, que já havia redigido contos de muitos heróis fantásticos como o Rei Kull, um atlante que se tornou soberano de Valúsia; Bran Mak Morn, o rei dos pictos, inimigos da Roma antiga; e Salomão Kane, o puritano destemido da Era Elizabetana. No entanto, Howard atingiu o auge de sua carreira (e isso só foi percebido muito tempo depois) quando escreveu “The Phoenix on the Sword” (A fênix na espada), aventura estrelado por aquele que viria a ser sua mais famosa personagem: Conan da Ciméria.
Apesar de ter concebido Conan já como rei da Aquilônia, o autor passou a explorar as diversas fases da vida do bárbaro: os tempos de ladrão, de mercenário e de pirata, bem como suas lutas para manter o reinado. Após sua morte prematura, em 1936, escritores de ficção científica e contos fantásticos como L. Sprague de Camp e Lin Carter, deram continuidade à saga, com novas aventuras ou concluindo histórias inacabadas. Além disso, compilaram e organizaram os fatos da carreira de Conan. Podemos chamá-los de os atuais Cronistas da Nemédia.
DOS CONTOS PARA OS GIBIS
Apesar de criador jamais ter se referido a ele como “Bárbaro”, mas sim como “Aventureiro” ou como “Cimério”, Thomas preferiu a primeira designação por acha-la mais chamativa. Além disso, também imaginava que muitos confundiriam cimérios com sumérios e julgava fraco o título “Aventureiro”. O desenhista escolhido foi o jovem inglês Barry Windsor-Smith, que, na época, copiava o traço de Jack Kirby; isso porque as primeiras opções, Gil Kane e John Buscema, eram pesos-pesados da Marvel e cobravam caro demais. No entanto, não foi fácil convencer os diretores da Marvel a aprovar a revista.
O sucesso do título foi imediato. Em 1972, John Buscema assumiu a personagem com seu estilo mágico e fascinante, tornando o Cimério ainda mais rentável. Em 1974, fez sua estréia The Savage Sword of Conan, revista em preto e branco que trazia abordagens mais adultas e selvagens. Roy Thomas teve, então, espaço para adaptar todos os contos de Howard, principalmente com o novo título que estreou em 1980, King Conan, mais tarde, rebatizado como Conan the King (talvez para evitar a confusão com King Kong).
DOS GIBIS PARA O CINEMA
Que filme espetacular! Ação, aventura, barbarismo, magia e sedução suficientes para arrebatar a atenção dos espectadores e ainda fazer com que comentassem por várias semanas. No ano seguinte, foi a vez de Conan, o destruidor, película que, porém, não chegou aos pés de sua antecessora.
Atualmente, há a expectativa em torno do terceiro filme – que até o momento chama-se Rei Conan: a coroa de ferro. O que se sabe com certeza é que o roteiro baseia-se em narrativas do próprio Robert Howard. No script, o soberano cimério tem seu filho raptado por uma deusa das neves. O preço para o resgate é uma jóia mística, que ele terá de roubar. Arnold Schwarzenegger, em entrevista recente a um fã, declarou que vai atuar como Conan. A previsão é de que o filme estréie em 2003, talvez antes.
Além dos dois filmes, Conan teve também uma série para a TV (cá entre nós, horrível) e um desenho animado (cá entre nós, pior ainda). Ambos foram transmitidos pela Rede Globo de Televisão. O seriado, nos Estados Unidos, contou, em alguns episódios, com a participação da guerreira Sonja. No Brasil, pra variar, quase tudo continua inédito.
TEMPO DE ESPADAS MAGRAS
Vale ressaltar que, apesar sua leal horda de fãs, a Abril não dedica ao bárbaro a mesma atenção que dispensa a Homem-Aranha, X-Men e outros fantasiados. Um exemplo dessa desatenção foi A espada selvagem de Conan 200. Quem comprou a revista sentiu-se traído. Não havia pôsteres destacáveis e nem matérias especiais. O gibi não tinha sequer 100 páginas e dava apenas seqüência às histórias que vinham sendo publicadas! A Abril pode dizer que fez o possível e blá, blá, blá, mas não dá para aceitar tão pouco. Uma título que atinge 200 números respaldado por 70 anos de sucesso no mundo inteiro merece muito mais.
Oswaldo Magalhães é webmaster do site Crônicas da Ciméria