Aproveite as ofertas da Chippu Black!

Veja as ofertas
Termos e Condições Política de Privacidade
HQ/Livros
Notícia

Autor conservador causa polêmica ao escrever HQ com herói homossexual

Autor conservador causa polêmica ao escrever HQ com herói homossexual

ÉA
17.01.2007, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H11

Midnighter

O escritor Chuck Dixon (Batman, Justiceiro) é o pivô da primeira grande controvérsia dos quadrinhos nos EUA este ano. Como é conhecido por seu posicionamento político conservador, os leitores estranharam e protestaram quando viram seu nome como roteirista da minissérie Grifter & Midnighter, da DC/Wildstorm - Midnighter, da série Authority, é um personagem homossexual.

Dixon já expressou suas posições sobre a representação da homossexualidade nas HQs em outras oportunidades: quando criticou a Marvel por transformar seu cowboy clássico Two-Gun Kid em um herói gay e quando reclamou do escritor Judd Winick por usar a série do Lanterna Verde como plataforma para defender os direitos dos homossexuais. Para ajudar, Dixon é membro da organização direitista National Rifle Association, que defende a posse de armas para todo estadunidense.

Em conversa com o site Newsarama, Dixon resolveu encarar as críticas, criando a entrevista mais comentada da semana entre os fãs.

Primeiro, o autor diz que Midnighter, conhecido nas traduções brasileiras como Meia-Noite, não só é homossexual, mas também personifica a ira da esquerda. Explicando o que quer dizer com isso, Dixon responde: Há cenas na sua própria série e em Authority onde ele é visto matando personagens de direita. Ele também parece ser muito frustrado com a injustiça social. Mas ao invés de segurar cartazes na frente de embaixadas ou organizar boicotes, o Midnighter abre buracos nas caras das pessoas. É como se ele estivesse realizando os desejos de todo liberal.

Minha opinião é de que os quadrinhos de super-heróis são, queiram os fãs ou não, ostensivamente quadrinhos para crianças e talvez não o fórum para informá-las sobre homossexualidade, heterossexualidade ou doenças sexualmente transmissíveis. Acho que deixei algumas pessoas com raiva ao dizer que não queria que meus filhos tivessem aulas de educação sexual com Judd Winick nas páginas de um gibi de super-herói. Nunca desmenti meu desprezo por quadrinhos que queiram defender alguma causa, no que deveria ser o gênero primariamente escapista e de maior apelo de massa. Suba no seu palanque quando quiser. Mas não nos ombros de personagens tradicionais. Escreva os personagens como eles são e não para expressar sua visão de mundo, defende o escritor, que explica não ser contra a representação do homossexualismo, mas contra qualquer conteúdo mais sexual nas HQs.

Da mesma forma, Dixon compara os casos atuais aos gibis que tentavam ser includentes nos anos 70 - com aquelas histórias sobre enfrentar O Sistema. Ugh.

Por fim, o roteirista diz que seu papel como escritor demanda algumas responsabilidades com os personagens que lhes são dados, e que não vai mudar a posição política ou sexual de Midnighter ao escrever o personagem.

Não sou gay nem liberal. Nunca enfrentei o crime no alto dos prédios de uma grande cidade ou viajei a mundos distantes para guerras com aliens. Mas grande parte do meu trabalho está em me colocar no lugar dos personagens que escrevo. Para mim, isto significa respeitar sua personalidade definida e não torcê-la de acordo com minhas crenças. Escrevi discursos contra armas de fogo para Batman. Escrevi Oliver Queen como um liberal roxo. Escrevi uma história contra a pena de morte apesar de meu ponto de vista ser totalmente o oposto. Por quê? Porque era uma ótima história para o personagem, explica.

A entrevista resultou em dezenas de reações. O jornalista Rich Johnston foi o primeiro a atacar, falando a Dixon que várias de suas HQs informaram crianças sobre heterossexualidade. Elas apresentaram casais heterossexuais, até mesmo casamentos heterossexuais. Homens e mulheres se apaixonaram, se beijaram e se complementaram.

No site de Dixon, a discussão continuou e o escritor foi novamente atacado. Em resposta a um leitor que dava graças a Deus por Dixon não escrever mais nada para a Marvel, o autor rebateu que se seu Deus é o da intolerância, da desonestidade e da preguiça intelectual, então dê mesmo graças a ele. Em seguida, disse que não trabalha mais para a Marvel por estar na lista negra da editora. Colocando uma picuinha pessoal com o editor Axel Alonso, escreve que, para a editora, aparentemente sou um fanático intolerante e cheio de ódio. E por um motivo mesquinho: ter criticado a produção da Marvel.

Em entrevista à coluna Lying in the Gutters, de Johnston, o editor-chefe Joe Quesada disse que Dixon não está em qualquer lista negra da Marvel.

O escritor Warren Ellis, criador do Midnighter, em comentário ao Omelete, disse que não estou bem certo sobre quando socar pessoas do mal virou realizar os desejos de todo liberal, já que isso implica em dizer que aqueles na direita (como, imagino, Chuck) são a favor de pessoas do mal não levarem socos.

Leia aqui nosso artigo sobre o tema da homossexualidade nos quadrinhos.