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20 coisas que você não sabia sobre o Esquadrão Suicida

Do Pistoleiro Mandrake até a participação de Grant Morrison

11.08.2016, às 18H48.

Você já conhece a premissa: os vilões presos do Universo DC ganham uma chance de diminuir sua pena se prestarem para o governo dos EUA um serviço sujo, praticamente suicida. Se eles morrerem, tem muita gente de bem que vai agradecer, e nem todo vilão voltava vivo da missão.

O nome

O nome Esquadrão Suicida surgiu na literatura pulp, os livrinhos baratos com histórias de aventura, ficção científica e fantasia que faziam sucesso nos EUA do início do século passado, precursores dos gibis. O Esquadrão era um grupo de agentes do governo - "os mais corajosos, mais fortes, mais durões" - que enfrentava a Máfia. O autor Emile C. Tepperman escreveu 20 contos do Esquadrão, que saíram na revista Ace G-Man Stories entre 1939 e 1943.

Anti-monstros

O roteirista Robert Kanigher fez uma salada na revista The Brave and the Bold #25, de 1959, ao apresentar seu Esquadrão Suicida nos quadrinhos DC. O nome foi inspirado nos pulps, e o esquadrão era um quarteto de agentes que o governo chamava para enfrentar monstros - tal como os Desafiadores do Desconhecido, grupo que a DC havia lançada dois anos antes. O nome "Força Tarefa X" e o "Suicida" como apelido sinistro vêm dessa época. O primeiro Esquadrão da DC teve vida curta nas séries de guerra da DC dos anos 1960, e pouquíssimas aparições.

Sucesso oitentista

Na esteira de Cavaleiro das Trevas, Watchmen e da reformulação do Universo DC, Esquadrão Suicida foi lançada como série de super-heróis para adultos em 1987. Misturando violência, geopolítica, personagens totalmente desajustados e uma discussão moral tensa sobre vilões que viram heróis (nem tão heróis assim), a série teve 66 edições muito bem lembradas pelos fãs. A DC tentou reativar o conceito várias vezes nos últimos anos, mas nunca com o sucesso de crítica e público daquela época.

O Esquadrão Suicida fez sucesso nos quadrinhos nos anos 1980, quando trouxe anti-heróis, conflitos morais e uma dose de violência aos gibis da DC Comics. A história do grupo é bem anterior, já seguiu moldes bem diferentes, e mesmo os anos que antecederam o filme que acaba de estrear foram cheios de reviravoltas. É um histórico de plágios, de personagens que cativaram os leitores, efeito sanfona e muita, muita morte:

Pistoleiro Mandrake

"O Homem que Substituiu Batman", de Batman #59 (1950), foi a primeira aparição do Pistoleiro: um suposto combatente do crime vai tomar o lugar de Batman em Gotham City, até que se revela um vilão que quer controlar o submundo. De fraque, cartola, gravata borboleta e bigodinho, a composição visual do Pistoleiro lembrava muito o Mandrake. O Bat-vilão só voltou a aparecer no fim dos anos 1970, com o traje-armadura e as armas embutidas que conhecemos hoje, e atazanou o Batman em várias histórias dos anos 80.

ES inspirou o primeiro prêmio online de HQs

Nos primórdios da internet, na época dos newsgroups, alguém entrou no primeiro fórum de quadrinhos querendo saber como andava sua revista preferida, "Suicide Squid". A piada com o erro de digitação - "esquadrão suicida" virou "lula suicida" - tomou tal proporção que a lula virou mascote do fórum. Logo depois, o fórum instituiu os "Squiddy Awards", uma premiação do melhor do quadrinho americano, organizada pelos fãs e concedida honorariamente, com este nome, desde 1992. Os "Squiddies" foram promovidos anualmente até 2003 e fazem parte da história da discussão de gibi na rede.

Bumerangue era mesmo piada

O australiano George "Digger" Harkness apresentava suas habilidades com bumerangues para plateias antes de entrar na vida de crimes - que começou justamente porque o povo ria da sua arminha. Flash mandou o vilão para a cadeia pela primeira vez em Flash #117 (1960), mas Bumerangue volta regularmente para participar da galeria de vilões do herói velocista.

Efeito sanfona

Amanda Waller, tradicionalmente, não tinha o corpo típico das personagens femininas de HQs: impunha respeito por ser baixinha, bem avantajada e ranzinza. E os leitores levaram um susto quando, na reformulação Novos 52, a personagem apareceu de corpo esbelto e passou a se envolver mais atleticamente nas missões do Esquadrão. O motivo da mudança: Waller aparecia no filme do Lanterna Verde de 2011, interpretada por uma esbelta Angela Bassett. Como no novo filme a atriz Viola Davis não segue o corpo padrão modelo, os quadrinhos se readaptaram: Amanda Waller voltou a ser baixinha e avantajada.

Primeiro heroína depois vilã

Também conhecida no Brasil como Encantadora, Magia era uma artista, June Moone, que ganhou poderes de um ser mágico durante uma festa num castelo mal-assombrado - foi a origem da personagem apresentada em Strange Adventures #187 (1966). A heroína teve algumas poucas histórias combatendo o crime nessa época, até reparecer como vilã da Supergirl nos anos 1980. Depois de participar do Esquadrão Suicida, ela ainda foi membro importante da equipe de heróis misticos/sobrenaturais Pacto das Sombras em anos recentes.

Erro de francês

A penitenciária Belle Reve tem esse nome afrancesado porque fica na Louisiana, Estado do Sul dos EUA com colonização francesa. O problema é que "belle reve" é um francês mal escrito: poderia ser "bom sonho" se fosse "beau rêve" ou "bela margem de rio" se fosse "belle rive". O engano provavelmente não partiu do criador da penitenciária nas HQs, John Ostrander: sua inspiração deve ter sido a fazenda Belle Reve, que faz parte da clássica peça de teatro Um Bonde Chamado Desejo, cuja história se passa no Louisiana. O francês troncho veio de descuido do autor da peça, Tennessee Williams.

Pistoleiro e político

El Diablo estreou na DC como um pistoleiro de faroeste chamado Lazarus Lane - em All-Star Western #2 (1970). O personagem ganhou uma segunda versão nos anos 1980: um vereador que resolve combater o crime numa cidadezinha do Texas. A terceira versão é a que acabou entrando para o Esquadrão Suicida e que aparece no filme: ex-integrante de gangue latina que conhece o El Diablo original (com 170 anos!) e resolve usar seus poderes flamejantes para o bem.

Grant Morrison suicida

Grant Morrison nunca escreveu Esquadrão Suicida mas já foi integrante da equipe. Depois que Morrison apareceu em pessoa na série do Homem-Animal, John Ostrander adotou-o como personagem oficial da DC Comics e botou-o numa missão da sua equipe em Suicide Squad #58, de 1991. Pálido e carregando um minicomputador preso no torso, Morrison tem o poder de escrever os diálogos da história antes que eles aconteçam, entre outras brincadeiras metalinguísticas. Sua participação, porém, dura apenas sete páginas e Morrison morre no fim.

Katana renegada

Katana é mais conhecida como integrante dos Renegados, equipe na qual teve sua estreia em The Brave and the Bold #200 (1983). A heroína japonesa e sua espada tomadora de almas acompanharam a equipe por vários anos, e também foram integrantes das Aves de Rapina e da Liga da Justiça por períodos curtos. Seu envolvimento com o Esquadrão Suicida é resumido: ela participou de uma das tramas da série nos anos 1990. Foi só depois do filme ser anunciado que ela entrou na nova formação.

Nem só vilões

O Esquadrão Suicida teve vários integrantes que não começaram vilões e que nunca caíram na bandidagem. Tigre de Bronze, figura-chave na série dos anos 1980, era um herói das artes marciais que ajudava Rick Flag a manter a equipe na linha durante as missões. Outros heróis meio sem rumo pela DC, como Shade, Sombra da Noite, Orquídea Negra, Eléktron e Vixen, tiveram participação nem tão curta na equipe. No filme e na versão que acaba de estrear nos quadrinhos nos EUA, Katana cumpre esse papel.

Centro da equipe

É claro que Will Smith conta, mas Pistoleiro é importante independentemente do ator. Foi um dos personagens centrais que John Ostrander escolheu para seu Esquadrão Suicida, tanto que, pouco depois da série reestrear nos anos 1980, o vilão ganhou minissérie própria - onde se explica como uma família conturbada gerou um cara tão perturbado. Floyd Lawton fez parte de todas as versões do Esquadrão desde então.

Por que Crocodilo?

O Bat-vilão Crocodilo nem tem histórico tão comprido nos quadrinhos: fez sua estreia em Detective Comics #523, de 1983, como a figura monstruosa que quer controlar o submundo do crime de Gotham City. (Aliás, originalmente ele era o assassino dos pais de Jason Todd, o segundo Robin.) A relação com Batman nos quadrinhos foi seu único passe para o filme, pois nos gibis o vilão nunca havia chegado perto do Esquadrão Suicida. O diretor David Ayer usaria o Tubarão-Rei, mas desistiu porque exigiria só CGI.

Geopolítica

O roteirista John Ostrander sabia que, se o governo dos EUA tivesse uma força-tarefa com superpoderes à disposição, ia mandar a turma fazer trabalho sujo a favor do imperialismo. É assim que o Esquadrão Suicida rotineiramente cai na Rússia (ainda na época da Guerra Fria), na Nicarágua (o país da América Central em que os EUA fizeram uma intervenção desastrosa nos anos 1980) e numa versão ficcional do Iraque chamada Qurac (ainda antes da primeira Guerra no Golfo).

Estrela por acaso

Arlequina só entrou para o Esquadrão porque ficou sem lar na estreia dos Novos 52. A personagem - criada no desenho animado do Batman em 1992 - já tivera série própria e fez parte das Sereias de Gotham até que a reformulação do universo DC mudou tudo. Voltou com o visual que tinha no game Batman: Arkham Asylum, mais sexy, e, na falta de onde encaixá-la, a DC transformou Arlequina em integrante do novo Esquadrão Suicida - e ela virou a estrela da atual formação.

Autor seminarista

Toda a fase de sucesso do Esquadrão Suicida nos anos 80 foi comandada por um roteirista: John Ostrander. Ex-seminarista, ex-taxista em Chicago, ator de teatro e dramaturgo, Ostrander entrou na DC já participando da saga Lendas - onde criou o novo Esquadrão - e lá montou os conflitos de personalidades que tornaram sua equipe de vilões especial (às vezes em colaboração com a esposa Kim Yale, falecida em 1997). O filme tem uma rápida homenagem ao roteirista: o prédio onde acontece a cena climática leva o nome dele.

De pai para filho

Rick Flag Sr., ou Richard Montgomery Flag, era o líder do Esquadrão Suicida original - a equipe do governo que enfrentava monstros nos anos 1950 e 60. É o seu filho Richard Rogers Flag que Amanda Waller escolhe para comandar a equipe de vilões dos anos 1980. Outra curiosidade: só para provar que a série era imprevisível, Rick é morto enfrentando vilões no segundo ano da série - apagando de uma hora para outra um dos protagonistas do título.

Amanda Waller vs. presidentes

A grande dama de ferro e idealizadora do Esquadrão tem paixão por peitar os homens mais poderosos do mundo: presidentes dos EUA. Em uma história dos anos 1980, defendendo seu Esquadrão perante Ronald Reagan, Amanda Waller inclusive dá uma indireta ao presidente republicano por acabar com programas sociais (o que prejudicou bastante a família dela). George H. W. Bush, porém, botou-a na cadeia. Na recente Suicide Squad: Rebirth, a tradição se mantém numa cena de discussão entre Waller e o Presidente Obama.