Aproveite as ofertas da Chippu Black!

Veja as ofertas
Termos e Condições Política de Privacidade
Música
Artigo

45 anos de 007 Viva e Deixe Morrer: o primeiro rock n’ roll em James Bond

A história por trás do tema de Paul McCartney e trilha de George Martin

JS
27.06.2018, às 14H45.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H44

Existem algumas músicas que ficaram marcadas pela franquia de 007. “James Bond Theme”, claro, já do primeiro filme O Sâtanico Dr. No (1962), que se tornaria o tema clássico do personagem, é provavelmente a primeira. “Goldfinger”, de 007 Contra Goldfinger, a primeira com Shirley Bassey no vocal, em 64, também ficou para a história. Mas em 1973, “Live and Let Die”, de Com 007 Viva e Deixe Morrer marcou a saga em mais de uma maneira, e até hoje é lembrada como uma das mais reconhecíveis canções de James Bond. A faixa foi o primeiro rock da franquia, o maior sucesso comercial dos filmes de Bond até então, e a primeira canção de 007 indicada ao Oscar. 

Com 007 Viva e Deixe Morrer foi o primeiro filme de James Bond que não trouxe o envolvimento de John Barry na trilha sonora. Apesar de não estar creditado no filme de estreia do personagem, de 1962 (cujo compositor foi Monty Norman), Barry foi responsável pelo arranjo da música tema e por todas as trilhas da franquia até 007 – Os Diamantes São Eternos, mas não estava disponível para o longa seguinte, que seria também a estreia de Roger Moore no papel do protagonista. Os produtores Albert R. Broccoli e Harry Saltzman, então, pediram ajuda para ninguém menos do que o ex-Beatle, Paul McCartney.

McCartney escreveu “Live and Let Die” em um dia. Após ler o livro, o músico chamou ajuda do Wings para compôr e gravar uma música tema, e o baterista Denny Seiwell descreveu o processo: “Nós nos reunimos na casa dele um dia, ele tinha lido o livro na noite anterior, e sentou no piano e cantou ‘James Bond... James Bond... da-da-dum!’ e começou a brincar com o piano. Depois de 10 minutos, ele tinha escrito a música. Foi impressionante, realmente. Ver ele escrevendo essa música foi algo que eu me lembrarei pro resto da minha vida”. A faixa tem créditos de Paul McCartney e Linda McCartney, responsável pelo trecho mais reggae da canção, e contou com a produção de George Martin, lendário nome por trás dos Beatles, que em 007 já tinha produzido “Goldfinger”.

A faixa estava finalizada e o que restava era a aprovação da produção. George Martin ficou no cargo de apresentar a música, que foi bem recebida, mas com uma pequeno ressalva. Ele relembrou em entrevista [via Cinetropolis]: “Harry Saltzman me convidou para as gravações na Jamaica. Nós almoçamos, eu mostrei a música e a primeira coisa que ele disse foi ‘Ótimo trabalho, George. Agora, quem vamos colocar para cantar?’. Diplomaticamente, eu lhe respondi que se não usassem a versão do Wings, eles não teriam a música”. Saltzman procurava uma cantora como Aretha Franklin ou Shirley Bassey, mas aceitou a condição de Paul por um motivo específico; depois de ter recusado a oportunidade de produzir o filme de A Hard Day’s Night, que se provaria um sucesso crítico e comercial, o executivo não quis repetir o erro de dizer não a Paul McCartney.

Faltava, então, o resto da trilha sonora do filme. McCartney chegou a receber uma proposta para ser o compositor de Com 007 Viva e Deixe Morrer, mas a contratação da estrela do rock não era lá muito barata. Na mesma viagem em que George Martin apresentou a música, Saltzman e Broccoli lhe ofereceram a oportunidade. No longa, Martin deixou sua única marca na saga, mas expressou o desejo de ter feito mais: “Eu gostaria, mas não tive a chance. E John Barry estava fazendo um trabalho tão incrível, e além disso era amigo meu, eu não ia tentar empurrar ele do barco”.

“Live And Let Die” acabou se tornando o primeiro grande sucesso comercial das trilhas sonoras de James Bond, ficando em segundo lugar das paradas americanas por três semanas (até então, apenas “Goldfinger” tinha entrado no Top 10 americano, em oitavo lugar). Mas mais do que isso, a faixa levou o Grammy e foi indicada ao Oscar, estabelecendo a primeira vez que um tema de James Bond era reconhecido pela Academia. Indicado em 1974, a música perdeu para “The Way We Were”, de Nosso Amor de Ontem.

Hoje, “Live and Let Die” é um sucesso incontestável, e já recebeu regravações de diversos artistas, inclusive pelo Guns N’ Roses, que criou sua versão amplamente conhecida e até indicada ao Grammy. A faixa é tão relevante para a franquia quanto para o artista também, e permanece entre as maiores músicas já lançadas pelo Wings. Frequente presença no setlist de McCartney, “Live and Let Die” já figurou em mais shows do cantor do que “Yesterday”, por exemplo, e é atualmente a quarta música na ordem das mais tocadas por McCartney. Em seu show no intervalo do Super Bowl em 2005, foi a única faixa que não era dos Beatles que entrou na apresentação.

Passaram-se 45 anos e a franquia já angariou mais algumas músicas grandiosas, como os sucessos recentes de "Skyfall", da Adele, e "Writing's on the Wall", de Sam Smith, as duas últimas e as únicas de James Bond a receberam o Oscar de melhor canção original. Mesmo assim, poucas canções na história do 007 permaneceram tão relevantes quanto “Live and Let Die”, reconhecida por gerações e aclamada até hoje como, possivelmente, a mais ilustre de todas faixas criadas para o espião britânico.