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Entrevista

O Acordo | Omelete entrevista Jon Bernthal

O Shane de Walking Dead fala do filme e do seu trabalho no cinema e na TV

22.04.2013, às 10H42.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H43

Em O Acordo, Jon Bernthal interpreta um ex-condenado que usa suas conexões com o tráfico para ajudar o protagonista, o personagem de Dwayne Johnson, a entrar no universo dos carregamentos de drogas. O Omelete conversou com Bernthal por telefone, e a entrevista, obviamente, acabou passando por The Walking Dead e por Lost Angels, a série que reunirá Bernthal e o criador do seriado de zumbis, Frank Darabont.

Lost Angels

Jon Bernthal e Alexa Davalos em Lost Angels

o acordo

o acordo

o acordo

Antes de mais nada, parabéns. O Acordo tem um ótimo elenco, mas você se destaca.

Obrigado por dizer isso, eu agradeço.

Daniel, o seu personagem, começa o filme num momento de fraqueza e depois se fortalece. Quanto disso foi colaboração sua e quanto já estava no roteiro?

Não acho que seja exatamente fraqueza. Ele começa numa posição que é difícil, é um ex-condenado que tenta se adequar, é uma posição muito difícil de lidar. Ele é um homem de família e quer fazer tudo o que puder por sua família - e para protegê-la ele precisa se manter fora da cadeia. Não acho que a questão seja encontrar uma força ali, o importante é mostrar o ex-condenado não como um cara mau ou repulsivo, como o cinema costuma tratar, mas subverter isso.

As pessoas costumam te associar aos personagens durões que você interpreta. Quando você fazia teatro já deixavam esses papéis para você?

Acho que por causa de The Walking Dead muita gente me vê dessa maneira, mas a questão não é exatamente fazer caras durões. Eu gosto de interpretar pessoas que têm algo a fazer. Gosto de personagens que fazem qualquer coisa para proteger quem é mais querido, por exemplo. Com Shane em Walking Dead era assim, em O Acordo também, e o personagem que eu vivo em The Wolf of Wall Street, o novo filme de Scorsese, tem isso também, assim como em Grudge Match, em que eu vivo o filho do personagem de Robert De Niro. Eles são todos parecidos nesse sentido. Eu sou um ator, gosto de atuar, sabe?

Você já fez cinema e TV. Considera que é mais fácil para um ator ficar marcado por um personagem quando ele atua na TV?

Acho que hoje em dia tem tanta coisa boa na televisão, grandes cineastas trabalhando na TV, que cabe a mim me reinventar sempre. Tentar interpretar de um jeito diferente sempre. A dificuldade quando você atua numa série de TV é que você entra direto na sala das pessoas, como se convivesse com elas e fizesse parte da rotina delas, então elas tendem a te associar a um certo tipo. Nos meus próximos dois projetos eu faço personagens bem distintos, então espero mostrar outro lado também.

Enquanto conversamos aqui, a temporada de The Walking Dead está se encerrando. Você tem visto a série?

Ainda não vi o último, mas estou acompanhando.

E o que você achou dessa terceira temporada?

Achei ótima. Eu me orgulho muito dos meus amigos em Walking Dead. Steven Yeun, Andrew Lincoln, Norman Reedus. Esses caras são como família pra mim. Sou um grande fã dos personagens, especialmente daqueles que estão desde o começo, e eles fazem um ótimo trabalho.

Como você se sentiu quando fez aquela participação especial no final de 2012, numa das alucinações de Rick?

Foi ótimo, curti a mudança de ares, voltar lá para rever minha "família Walking Dead". Eu estava indo para Nova York, fazer o filme de Scorsese, e consegui passar dois dias lá [no set da série na Georgia]. Meu primeiro filho nasceu quando eu fazia Walking Dead, é como se Andrew e o pessoal fizessem parte da minha família mesmo, então é bom voltar a ver todo mundo.

E eles te disseram algo sobre possíveis participações futuras?

Acho que vai ser mais difícil. Eles não me disseram nada, e as pessoas me perguntam isso sempre... E agora vou começar [Lost Angels] a nova série de Frank Darabont, o criador de Walking Dead, então com as agendas batendo tende a ficar mais difícil.

The Walking Dead passou recentemente por problemas, com uma nova troca de produtores, e entende-se que Robert Kirkman, o criador da HQ, se saiu mais forte dessa disputa. Quando você conheceu Kirkman ele já te parecia um cara que preza o controle criativo?

Sabe, Kirkman é o cara que começou tudo isso, com a série em quadrinhos que ele escreveu. Não acho que... Olha, o que tem acontecido com os produtores e Kirkman, com essas pessoas sendo contratadas e afastadas o tempo inteiro, não estou muito por dentro disso. Isso tudo acontece em salas para as quais não sou convidado, sabe? Eu sou um soldado da história. Gosto de estar em cena, seja em Atlanta, nas ruas ou num filme que eu esteja fazendo, eu prefiro ficar longe [dos bastidores]. Com Walking Dead, ninguém imaginava que se tornaria esse fenômeno. E o que acontece quando você tem algo tão bem-sucedido assim é que todo mundo quer assumir a autoria por esse sucesso. Acho que é uma situação comum. Contanto que eles mantenham o elenco e a ótima equipe que eles têm em Atlanta - as pessoas que de fato fazem a série - acho que Walking Dead continuará em forma. Dito isso, preciso também falar que Scott Gimple, que entrou como roteirista e é o novo produtor principal, é um ótimo cara, um artista mesmo. A série está em boas mãos.

Fale um pouco de Lost Angels. O elenco masculino tem você e Jeffrey DeMunn, de Walking Dead, além de Neal McDonough...

Estou empolgado com essa série, trabalhar de novo com Frank. Jeffrey é um dos meus grandes amigos, é como um irmão. E Alexa Davalos... Na minha carreira não consigo lembrar de ficar tão empolgado em trabalhar com alguém como agora com ela. Temos Simon Pegg, que está maravilhoso na série... Espero que as pessoas gostem.

Em The Wolf of Wall Street você interpreta um traficante, certo?

Isso aí. Wolf of Wall Street é como um sonho que se realiza, poder trabalhar com Martin Scorsese. O elenco é ótimo. Eu teria feito só figuração nesse filme se eles quisessem. Meu personagem é um cara muito, muito mau, mas foi bem divertido de fazer. Eu sinto que eu tenho muita sorte de poder fazer os trabalhos que tenho feito. A coisa de que mais me orgulho na minha carreira é que os diretores com quem trabalho voltam a me chamar. Trabalhei com Oliver Stone duas vezes, com Frank Darabont de novo e de novo, então se eu puder trabalhar com Scorsese de novo vai ser ótimo, e vou me orgulhar disso.

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