Música

Entrevista

XXXPerience: O festival de música eletrônica 100% brasileiro

21ª edição acontece no próximo dia 11 e sela mais um ano na trajetória de um dos primeiros eventos eletrônicos do país

09.11.2017, às 15H14.
Atualizada em 09.11.2017, ÀS 15H59

Não dá pra negar que a XXXPerience - para muitos amantes da música eletrônica - foi o primeiro contato com o universo do que é, e como poderia ser, uma festa criada para os fãs da e-music. Agora, em sua 21ª edição, um dos maiores festivais 100% brasileiros a integrar o calendário de eventos do país apresenta um line-up equilibrado com nomes expressivos como Stephan Bodzin, Art Department, Alok, Illusionize, Oliver Heldens, Boris Brejcha, Lee Foss, ANNA, Astrix, Vini Vici e muitos outros, algo que nem sempre fez parte do conceito da festa.

O evento - que acontece desde 1996 - começou focado no PsyTrance com os DJs Rica Amaral e Feio encabeçando a ideia, para posteriormente passar por diversas cidades do Brasil e então abranger uma gama ainda maior de possibilidades dentro do universo eletrônico. Atualmente, os responsáveis pela estrutura são Erick Dias e Edson Bolinha, que conversaram com o Omelete sobre o crescimento, a diversificação musical e também sobre desbravar o Brasil tornando-se um dos principais divulgadores da e-music.

De entrada é importante entender como o festival está a tanto tempo no mercado e crescendo a cada ano. No documentário criado para comemorar os 20 anos do XXXPerience (veja aqui) é possível ver o surgimento da ideia como algo focado em um nicho até seu desenvolvimento para se adequar a realidade dos grandes festivais de música eletrônica que começaram a vir para o Brasil há poucos anos. Encabeçado nos anos 90 por Rica Amaral e Feio - dois nomes conhecidos da cena PsyTrance - a festa acabou funcionando como um elemento chave na união entre público e DJs que buscavam desenvolver uma cena alternativa fora dos grandes centros. Atualmente, com Dias e Bolinha cuidando do evento (Rica e Feio não fazem parte da sociedade desde o 2009/2010) e com a abertura para outras sonoridades, essa movimentação é creditada principalmente as pesquisas versando sobre o que “o público quer ver”.

O novo posicionamento do festival começou a ser desenhado em 2008 quando a atração principal foi deadmau5 e, a partir daí, Dias e Bolinha comentam que acontece um esforço cíclico “para que a experiência do público vá muito além da música. De 2008 pra cá, cada ano é uma jornada diferente. Este ano, decidimos que a jornada seria ‘sem sentido’, o que deu margem para uma criação bastante aberta”.

O início e a mudança

Com os primeiros anos focados no PsyTrance, gênero que sempre contou com fãs ardorosos e fiéis, a abertura para novas sonoridades aconteceu como uma tendência de criações mais plurais. “O processo que começou em 2008, se consolidou em 2010 quando encontramos o formato que é praticado até os dias de hoje”, comentam os responsáveis. Com isso em mente, algo que fica em evidência é justamente a forma como os lineups são pensados: Com um mix equilibrado entre o novo, nomes que quase sempre estão no line-up e artistas mais radiofônicos.

"Buscamos trazer talentos que estão despontando no cenário global (caso de Solardo, wAFF, Dennis Cruz e Klingande este ano), mesclando com nomes importantes que tocam praticamente todos os anos (Stephan Bodzin, Astrix, Berg e Alok), juntamente com algum nome de apelo mais comercial (caso de Oliver Heldens e Loco Dice este ano)”.

O festival pelo Brasil

Outro detalhe que chama a atenção é a expansão do evento como experiência, já que o XXXPerience, além de suas edições maiores, tem em seu DNA tours pelo país. A ideia começou em 1999 e ajudou a expandir a marca entre os brasileiros levando a possibilidade de sentir o que é um festival para partes do país que não costumam ser contempladas. “Começamos a fazer a Tour em 1999, quando a então ‘rave xxxperience’ passou por 13 cidades diferentes. A Tour sempre se encerrava com a Edição Especial, no mês de novembro. Cidade por cidade, havia sempre uma expectativa de o público local experimentar algo maior nas edições de aniversário, o que acontece até hoje”.

Essa possibilidade de entregar uma experiência que no Brasil ainda estava distante de acontecer de forma mais capilarizada, fez com que o  XXXPerience também fosse responsável  por “ditar os rumos do mercado”, de acordo com Erick Dias e Edson Bolinha. “O festival foi protagonista da fase conhecida com o ‘boom das megaraves no Brasil’ (2003 a 2006). O pioneirismo foi importante do ponto de vista de negócio, mas muito mais por ter disseminado uma cultura de paz, respeito à natureza, liberdade, enfim, temos a certeza de que marcamos uma geração e isso nos orgulha muito”.

Por fim, um dos detalhes que tantos anos na estrada coloca em evidência é a fidelidade das pessoas com o evento. “É comum ver pessoas tatuadas com a nossa logomarca”, afirmam Bolinha e Dias que também destacam que existe uma grande identificação entre o público e o festival. Assim, com esses elementos em mente, fica a pergunta: Depois de mais de 20 anos de estrada, o que será que a XXXPerience está planejado para seu futuro?

“Temos conversado muito a respeito de futuro, de tendências, dos rumos que a marca pode tomar, de comportamento do público, mas temos os pés no chão - talvez esse seja o segredo da longevidade do festival”, e arrematam, “Todo o nosso foco é sempre direcionado ao ano seguinte, em entregar uma experiência inesquecível às pessoas”.

Vale lembrar que a 21ª edição do XXXPerience acontece no próximo dia 11 de novembro, novamente na Fazenda Maeda, em Itu. Os ingressos e programação completa estão disponíveis no site oficial do evento, aqui.