Música

Entrevista

Sofi Tukker | Dupla eletrônica se apresenta no Brasil

Formado por uma alemã e um norte-americano, o duo tem músicas em português e faz da mistura a chave do som

07.04.2017, às 17H38.
Atualizada em 07.04.2017, ÀS 18H01

O duo eletrônico Sofi Tukker tem uma história diferente. Formado por uma alemã, Sophie Hawley-Weld, e pelo ex-jogador de basquete, Tucker Halpern, a dupla se encontrou durante a faculdade e começou a produzir junto. Sophie, tem em seu background seis meses de estudos de poesia no Brasil e a composição de músicas em nossa língua, que ela já disse ser a melhor língua para se cantar. Tucker é focado em house music e faz mágica ao unir tantas referências para criar o som peculiar do duo.

A dupla, que se apresenta pela primeira no Brasil, no próximo sábado (8), na Audio, conversou com Omelete e comentou sobre como funciona esse processo de mistura de referências e culturas para chegar ao ponto onde estão hoje. Com uma carreira curta, um EP na bagagem (Soft Animals) e uma indicação ao Grammy na categoria de Best Dance Recording, com “Drinkee” (ouça abaixo) que mostra uma mistura única entre português, com poesia musicada de Chacal e tudo mais, a dupla é uma das apostas para a música eletrônica alternativa.

Sobre o caldeirão de referências a dupla confessa que eles misturam tudo, sem reservas. “Nós viemos de mundos muito diferentes e isso faz o nosso som ser da forma que é. Eu sou mais ligado em house music, ela estudou português por seis meses e usa as poesias do Chacal nas primeiras composições”, confessa Tucker, que não fala português, mas usa a língua como um elemento percussivo. “Eu ouço português mais como um elemento percussivo na música e ai complemento com as batidas”.

Sophie destaca que a língua funciona quase da mesma forma pra ela, “Eu não tenho tanto repertório de palavras em português, mas crio significado para algumas, uso outras como percussão e também sigo o flow do trabalho da gente pra encontrar a forma certa de cantar”. A compositora ainda destaca que eles ficam muito felizes com a mistura sonora feita por eles, que pode ser ouvida de uma forma mais interessante em um dos raros DJ set feito por eles, em setembro do ano passado (veja abaixo).  “A gente não costuma fazer muitos DJ sets. Na maior parte das vezes nossa apresentação é feita ao vivo e mais orgânica”, destaca. Vale a pena prestar atenção na forma como eles trabalham com idioma chegando a uma sonoridade que grande parte dos produtores brasileiros não consegue quando trabalham com a língua nativa.

O duo que se conheceu e começou a produzir em 2014, está na estrada desde o final de 2015 e agora, depois desse curto tempo, já começam a sentir o impacto de passar por diversos lugares mostrando sua música. Sophie destaca as mudanças desse período afirmando que “[...] a forma como a gente escreve mudou. Nós criamos com o público em mente, pensando em como eles vão responder e isso inspira a gente. Nós somos inspirados pela energia do ambiente, entende?”.

Tucker destaca que depois desse período viajando as coisas estão realmente diferentes, “Agora nós estamos fazendo coisas que nunca tínhamos feito antes. Nós não sabíamos o que sabemos agora [...]. Quando entramos no estúdio a gente sabe melhor o que quer e saímos de lá com isso na maior parte das vezes. Mas, da mesma forma, continuamos fazendo coisas que nós não esperamos fazer e tentando coisas novas. É uma combinação de tudo isso, na verdade”.

Sobre a indicação ao Grammy, a dupla comenta que até o momento o que eles sentiram é que o trabalho feito por eles tem sido levado mais a sério. “As pessoas mais velhas escutam que a gente foi indicado e reagem tipo: 'Ah... eles estão fazendo algo real', e isso é bem legal”, e Tucker segue, “é difícil quantificar o quanto mudou pra gente, mas nós realmente ficamos motivados para retornar lá [no Grammy] e queremos nos tornar uma banda ainda maior”.

E claro, sobre as influências brasileiras, Sophie já afirmou que adora o trabalho feito por Céu. E que seria bacana uma colaboração com ela. “Eu acho que uma colaboração com a Céu seria incrível, mas acho que ela não conhece a gente”. Já sobre o show em São Paulo, Sophie diz que, por essa ser a única apresentação no Brasil eles vão com tudo. “Nós vamos sorrir, dançar, suar e talvez chorar de alegria". Tucker faz uma pausa no assunto pra dizer que não vai chorar, “Talvez Sophie. Nós vamos nos divertir muito”. E fecham o bate-papo destacando que já estão pensando no retorno ao Brasil, “Queremos voltar pra cá, conhecer mais pessoas. Esse nosso show de sábado é só o começo” - ouça algumas faixas do duo.

O show acontece na Audio Club
Av. Francisco Matarazzo, 694 - Água Branca - São Paulo - SP
Os ingressos já estão disponíveis pelo site