Ando muito nostálgica ultimamente. Escuto Jane´s Addiction aos montes, assisto ao David Bowie e quase choro (tá, tá, tá, choro), e me pego cantarolando "Satisfaction" aos quatro ventos. O lado ruim é saber que há bem pouco tempo a música ainda era surpreendente, sensacional e nada previsível. Ruim? Sim, porque poderíamos ter continuado nesse caminho... O lado bom é ter a Poison para descascar minhas frustrações relacionadas à minha paixão, e do nostálgico extrair combustível para, cada vez mais ácida, fazer algumas pequenas previsões para o ano de 2005.
Não duvide se "Equalize", da roqueira baiana (eleito o chavão máximo de 2004) Pitty virar marchinha de carnaval e for entoada nos trios elétricos do grudento e gosmento carnaval de Salvador. Tá rindo?! Já aconteceu com "Anna Júlia", dos Los Hermanos, e muita gente ainda detesta os caras justamente por causa desta música.
E já que citei Los Hermanos, se eu fosse o pessoal do Gram ficaria longe do delicado Mr. Chorão, o boxeador do rock nacional... vai que ele confunde Sérgio Filho com o Marcelo Camelo. Não, eu não quis dizer que as duas bandas são idênticas, isso seria injustiça com o Los Hermanos.
E por falar no filho do Minduim, digo Charlie Brown Jr., aposto que este ano eles vão lançar um disco novo, óbvio, e vão discorrer sobre novas posições sexuais com a "mina" e salientar novamente, caso AINDA não tenha ficado claro, que ninguém da banda se importa com os outros e que eles ainda são pobres, esfarrapados e usam tênis furado. Ah! E têm skate na veia, não nos esqueçamos.
Acústicos MTV... mais algumas dezenas de edições serão lançadas... e não estranhem se os meninos bravos, mas que amam, do CPM22, fizerem parte do projeto. Duro vai ser aturar a voz do Badauí tentando cantar.
Shows. Iron Maiden deve vir pela enésima vez. Eles, o Dio, o Purple, o Creedence Clearwater Revisited and Revisited and Revisited. Algum produtor fantástico e com ótimo faro para negócios deve desenterrar algo nos moldes do Village People, deixe-me ver... que tal Right Said Fred? Tremendo? Spin Doctors! Vão dizer também que o U2 vem. Também dirão que o Pearl Jam finalmente virá... talvez ainda mencionem Stones. Não acredite! Balela pura. Já ouvi dizer que Placebo vem, e já não acredito. Não fosse a existência do Tim Festival, acreditaria tanto nestes boatos quanto no Barbárvore.
Uma banda inglesa, com um vocalista fofinho e um guitarrista entupido de drogas vai salvar o rock em 2005. Eles podem ser irmãos ou amigos que se consideram irmãos. Certamente haverá uma história triste na biografia da tal banda... ninguém que anda pela Oxford Street, come fish & chips, passeia pelo St. James´s Park e, de repente, até estuda música, vai chegar ao estrelato. Ninguém comum pode chegar ao estrelato, porque as pessoas comuns não sofrem e não têm histórias tristes para contar... logo, a biografia dos salvadores do rock tem que ter apelo emocional, vinda de pessoas "especiais", cheias de histórias tristes.
Estão tentando passar o bastão para o Franz Ferdinand, mas me parece que eles morreram na praia... tentaram, tentaram e não chegaram a sair de onde estavam. Claro, estou falando de terem atingido gente como a gente, não gente como os críticos, que elegem um salvador do rock por semana. E, pasme, acreditam no que dizem! Aliás, de repente me veio o pensamento que o rock dos críticos é que precisa ser salvo. O meu nunca morreu. Ok, vou abrir um pouco a previsão... talvez os salvadores não sejam ingleses, talvez venham de (adivinhe!) Nova York.
Evanescence vai dar cria. Espere para ver bizarrices nacionais e internacionais, além de clones e mais clones de Amy Lee. Aqui em São Paulo já são umas quatro por quarteirão de Avenida Paulista. Vale lembrar os 32 graus que faz hoje na cidade. Como será que se faz para manter a pele pálida e a maquiagem sem derreter? Se alguém souber, me diga... só a parte da maquiagem, já que, em relação à pele, eu adoro um bronze. De pouco saudável já basta o resto da minha vida enclausurada entre quatro paredes, respirando ar condicionado. Minha cara não precisa ser espelho do que eu sinto, certo?
Que mais? Vejamos...
Humor negro. Um fã estúpido, Joselito, imbecil e fanático, fã fanático (isso me lembra alguma coisa... Ah! A existência da Poison!) vai atirar em algum artista pobre coitado que esteja tocando. Será que os fãs fanáticos dos Engenheiros fariam isso? Não duvide. Vai que Humberto deixe de citar Camus e aborreça alguém... se eu ficaria feliz? Apesar de tudo, é evidente que não.
E, claro, sempre vai ter um cientista, um inventor de moda, pra culpar o rock n´roll por isso. Vide Senhor Arnaldo Jabor e o caso Darrel "Dimebag" Abbot (leia aqui). Por que as pessoas insistem em dizer o que não sabem? Em meter o bedelho sem conhecimento de causa?
Também é provável que ocorra pelo menos uma tragédia envolvendo o público jovem, é só lembrar o que aconteceu recentemente na Argentina. Incrível como as pessoas confundem diversão com desfile de aparências... porque a única coisa que explica uma atitude como a do cara é a reincidente vontade de aparecer.
Mais incrível ainda é que este não é um fato isolado, tragédias envolvendo shows, baladas e jovens estão sempre nas manchetes dos jornais, confirmando que, infelizmente, enquanto formos brindados com atitudes altamente desrespeitosas, esta nunca será uma previsão difícil de ser feita.
O que não está previsto é que a gente pode brigar para que as coisas não sejam mais assim... que tal? Simbora botar a boca no trombone e fazer um 2005 realmente diferente?
O importante é não perder a fé.
Juro que quero que esta seja a coluna mais mentirosa da minha vida. Tenho cá pra mim que 2005 vai ser um ano excelente... adoro anos ímpares. E com a gente deixando o ouvido afiado e os olhos sempre abertos, a tendência é que as coisas melhorem. A parte ruim? De repente a Poison deixa de existir... mas eu vou aprender a falar sobre coisas boas também, pode crer!
Feliz 2005!
*-*-*-*-*-*-*
DOSE EXTRA!
Atendendo a pedidos, aqui está a Dose Extra de Veneno , espaço reservado aos internautas do (o), que enviam missivas nem sempre educadas à colunista. Por que será, hein? ;-P
Sobre pirataria - coluna de - 07/12/04
Por Juan Manuel Terra, do Uruguai!
Oi, estou escrevendo desde Uruguay (você tem fãs internacionais também :) ), assim que peço desculpas antecipadas pelos erros de ortografia que terei.
Bom, eu sempre aceito seu ponto de vista sobre a música, gosto mais ou menos do mesmo, mas sua opinião sobre a pirataria, isso eu não tolero.
Eu não sei como você aceita a pirataria e a esta promovendo, meu Deus! Ela mata artistas, e dos bons. Eu RESPEITO o trabalho deles, entendo que trabalharam para fazê-lo, eu JAMAIS, repito: JAMAIS compraria um disco pirata de U2. Eu respeito demasiado a banda. Um cd de artistas pop que vivem de aparecer na tv e não de cantar como o Usher, tá? (nem sequer fazem um cd completamente bom, assim nem importam)
E como é isso da solidariedade? O QUE? Você passou música para uma pessoa que nem conhece e se sente bem por fazê-lo? Eu posso passar alguma música para algum amigo meu, uma pessoa pela que me importo, mas não para um completo desconhecido na Malásia!
Respeito a decisão de baixar uma música, UMA, mas não um cd, isso é uma completa falta de respeito.
Adeus, e sei que não vou compartilhar da sua opinião, mas se a fiz pensar, já terei completado meu objetivo.
Juan Manuel Terra
Montevideo, Uruguay
Resposta
Olá, Juan!
Prazer imenso em ler tua mensagem de longe, mas não tão longe, né? :P
Entendo bem o espanhol, então fique tranqüilo, entendi perfeitamente seu e-mail. Caso você não entenda algo, me pergunte, ok?
Hmmm. Pra começar eu não promovi a pirataria, apenas dei uma opinião pessoal. Se as pessoas saem por aí fazendo o que as outras pessoas julgam correto, isso é problema delas, não? Cada um deve seguir sua própria opinião, concorda?
Os artistas... os artistas ganham muito pouco com a venda de discos, justamente porque existem essas empresas gigantescas por trás deles, embolsando o meu dinheiro, o seu e o do artista também!
Eu não sei como andam os preços de CDs aí no Uruguai, mas por aqui estão mais do que abusivos! Se eu fosse contar apenas com meu salário, teria muito pouco acesso à cultura. Você acha isso correto? Apenas por que uma pessoa não tem dinheiro não pode ter acesso à cultura? Não é uma forma de desigualdade social? Em um país já tão preenchido por desigualdades como o Brasil...
Rapaz! Eu me sinto feliz em ajudar qualquer pessoa, não importa onde ela esteja... se quem passa fome está na Etiópia, por que mandaria um saco de arroz para um amigo alemão? Compartilhar é algo que não vê cara, a gente ajuda por ajudar. Pelo menos eu sou assim. E sim, fico muito feliz em divulgar boas bandas, ótimas músicas, para quem quer que seja, porque só assim teremos uma evolução na qualidade do que vem sendo musicalmente produzido.
Sim, você me fez pensar. Podemos não concordar, mas meus neurônios estão aqui se debatendo para argumentar sua mensagem.
Beijos, escreva sempre.
Besos ;-P,
Luciana
*-*-*-*-*-*-*
Por Robson Franca
Oi, Luciana, tudo bem?
Vamos primeiro aos clichês básicos: sou seu assíduo leitor, gosto da sua coluna, etc, etc, etc. Sempre tive vontade de mandar uma mensagem e depois que você falou de um assunto que acompanho relativamente de perto, resolvi tomar coragem e bater no teclado.
Que papelão a MTV, digo, VJTV hein? Já notou que, de cada 10 programas da emissora, 8 são feitos especialmente para os VJs? É a liga dos vjs paladinos, vjs em ação, o programa do Cazé, da Penélope, do Gordo, um especial com o Edgard (deviam avisar os caras que o Edgard é chato, metido a inteligente e que afasta um público considerável, mas...), e por aí vai. Creio que tudo isso começou quando o "caminho natural" se inverteu. Que caminho natural?, você pergunta. O que aconteceu com a Astrid? Saiu, e foi para uma outra emissora. O mesmo ocorreu com a Sabrina (um rosto bonito), a Babi (rosto bonito, poucos neurônios) e a Fernanda Lima (a coitada até participou de "filmes"). O caminho inverso começou com a entrada da Daniella Ciccarelli, por exemplo. Nada contra a beleza da moça, mas o principal não é a música? Uma das melhores fases da MTV foi com o Kid Vinil, o Massari (que conhece de música), o Thunder (no começo, principalmente). E, me atrevo a dizer, mesmo a Astrid fazia um trabalho legal lá também. Não que os VJs atuais sejam ruins, mas estão num mato sem cachorro, em situações estranhas para tentar tirar a VJTV do ponto e do traço do ibope (parece código morse). Fora que a VJTV tem os seus momentos "horário eleitoral gratuito". É assim: às 10h tem um clipe do Eminem (não sei o que o povo viu no branquelo, mas beleza). Às 13h um clipe do Eminem, o mesmo por sinal. Depois às 16h, 21h, etc. Quem não viu o clipe não perde nem a pau (como se tivesse escolha). Quem viu pensa: "Nossa, só o Eminem faz clipes hoje em dia". Onde você leu Eminem nas frases anteriores coloque Evanescence (uma banda OK, mas já ouvi melhores e piores), Nightwish (legal), Linkin Park (mais evolução, menos revolução), Avril Lavigne (uma versão solo do Oasis, na minha humilde opinião, com os mesmos trejeitos fora de palco, pose, arrogância, e temas de música batidos). Estive de férias e acompanhei vários programas. Cheguei a estas conclusões. O que você acha?
Pirataria. Em primeiro lugar, parabéns! Você foi uma das primeiras a por o dedo na ferida e virar. Infelizmente, enquanto os artistas ganham 50 centavos por CD vendido (ou menos, em alguns casos), enquanto as gravadoras pegam as 20 músicas boas que o artista fez para UM álbum e divide em 2 músicas para 10 álbuns, recheando o CD com tranqueiras e - o pior - as malditas regravações, acústicos e outras tranqueiras. Enquanto os artistas de peso ficam milionários com shows, aparições na TV, etc., a pirataria vai rolar. Vender as músicas separadamente é uma boa, mas seria algo evitável se as gravadoras fossem menos "muquiranas" e colocassem 10, 15 músicas num CD, todas ótimas. Se não houvesse jabá nas rádios saberíamos, por exemplo, que o A-ha atualmente está com um som parecido com o Travis (que só conheci com a ajuda de uma amiga). Que o Scorpions fez algumas "parcerias" com a Orquestra de Berlim e soou muito melhor do que "aquilo" que o Metallica fez. E que há mais coisas além do que a VJTV e as rádios famintas por jabá passam. Com esse senso, as pessoas consumiriam com maior variedade, o que tornaria a vida dos piratas mais difícil. As gravadoras, por sua vez, não teriam escolha, teriam que lançar várias coisas diferentes e por um preço decente e com métodos melhores, inclusive com a internet. Resultado: todos ganham de maneira justa.
Quero acreditar que as coisas vão mudar, mas o problema é ter paciência para que isso ocorra.Beijos,
Robson
(26 anos, Programador de Computadores e leitor do (O)melete)
Resposta
Olá, Robson, sua mensagem é ótima!
Você falou o que eu disse na coluna sobre a MTV, né? É só VJ! Toda hora! E os clipes, tá na cara que eles tentam acompanhar o que faz sucesso na matriz e nas rádios brasileiras e investem nos mesmíssimos "produtos". Também sinto falta do Massari, do Gastão, do Zeca Camargo, da Astrid...mas...hoje prefiro nem ligar a TV, não me restou muita opção mesmo.
Pirataria... bem ou mal, alguma coisa já está sendo feita e a pressão da perda de dinheiro deve fazer com que as gravadoras tomem uma atitude a nosso favor, afinal, quem vai ter coragem e disposição de ir atrás de cada um dos computadores que estão baixando músicas? Vamos ver, estarei atenta.
Beijos,
Luciana
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Sobre Limp Bizkit - coluna de 26/09/02
Por Will Limpbizkit!
Limp Biskit? que banda é essa???? Eu só conheço o Limp Bizkit...........
Que desperdício... colocar uma matéria deprimente em um site tão bom como esse... Se você não gosta de limp bizkit guarde para você, saiba que eu dei altas risadas com isso que você publicou, não vou dizer que linkin park é ruim... mas você já viu as letras traduzidas? O que você viu de diferente entre uma música e outra? Aposto que você tem o Results May Vary em casa, ouve aquela música de POSER chamada Behind Blue Eyes pelo simples fato dela tocar na Malhação... Behind Blue Eyes foi a grande vergonha para os verdadeiros fãs de Limp Bizkit, mas foi um verdadeiro hino para os POPs de plantão...
Ah! Se você quer encontrar fãs de Limp Bizkit... dê uma passadinha no fórum do thearmpit.net e olha a lista de membros... quero ver você responder este e-mail... acho que você deve estar ouvindo Behind Blue Eyes agora! Continue odiando Limp Bizkit, hein!
Resposta
Limp Bizkit, biskit, biscuit, cookies, bolacha de maizena... que importa? Ou você acha que esse nome vai estar em alguma enciclopédia sobre a música daqui uns 10 anos?
"Behind Blue Eyes" foi horrível mesmo... eles conseguiram destruir um clássico do Who. Imperdoável. Que ficassem em suas jaulinhas inacessíveis.
Até mais,
Luciana, escutando Into the Void, do NIN
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Sobre a Poison
Por Thiago Coffran Dantas
Luciana,
Sinceramente, sem briga ou discussão, você é, como crítica musical, medíocre (aliás, como é a maior parte da crítica musical nacional), entretanto como jornalista opinativa você está acima da média, pois apresenta um ponto de vista ponderado e bem argumentado, deixando claro que não ambiciona a verdade absoluta. Ponto para você.Entretanto a mediocridade de suas "análises" musicais geralmente estragam um pouco o resultado final de seu texto, nada que atrapalhe muito, pois, excluindo seus preconceitos patentes, você apresenta boas bandas e revela algumas (na verdade poucas) coisas novas. Ou seja, por enquanto tudo beleza.
Entretanto há um porém. O que me irrita em seus artigos (e da maioria dos críticos musicais) é a falta de profissionalismo com a música nacional. Explico. Enquanto que com a música européia e a americana vocês (críticos em geral) procuram bandas diferentes, underground ou desconhecidas, com a música brasileira percebe-se a preguiça de buscar bandas fora do mainstream e, sinceramente, falar mal de Charlie Brown Jr, CPM 22, Engenheiros do Hawai, Capital Inicial, Maria Rita, Oswaldo Montenegro, Caetano Veloso ou mesmo Skank e Ira! é fácil.
Parece haver uma preguiça de buscar boa música nacional, já que não existe uma publicação musical decente, ao contrário da Europa onde existem ótimas revistas e informações concernentes à música. Agora, reciclar informações de publicações estrangeiras é um verdadeiro desrespeito com os leitores tão queridos de sua coluna.
Na verdade não espero uma resposta a esse e-mail e sim uma maior consideração com os leitores e com os artistas nacionais. Na minha simplicidade vou recomendar dois sites que, tenho certeza, uma jornalista informada como você conhece. O primeiro é da, já clichê, gravadora Biscoito Fino (www.biscoitofino.com.br). O outro é da distribuidora de álbuns independentes Tratore (www.tratore.com.br).
Nesses dois sites é possível encontrar muitas bandas boas e muita coisa diferente, fora do eixo rio-sp (outro mal entre os críticos). Além disso, como você disse que está aberta a novas descobertas, cito duas bandas que já conseguiram um relativo reconhecimento: a fenomenal banda recifense Mombojó (www.mombojo.com.br) e os paulistas do Cérebro Eletrônico (www.cerebrais.com.br). Espero que goste das sugestões e que repense sua relação com a música nacional, com o perigo de acabar virando um Álvaro Pereira Jr.
Sempre presente,
Thiago Dantas
Resposta
Não, Álvaro Pereira Jr, não!!!!!
Pegou pesado comigo, né Thiago? Já parou pra pensar que todo "crítico" (não me considero crítica musical, mas crítica) tem seu próprio gosto pessoal? E que talvez isso não inclua bandas nacionais?
Por outro lado, já parou pra pensar que talvez eu só "bata" em artistas "consagrados"? Acredite-me, sou muito mais pop do que você pode imaginar, mas isso não significa que não enxergue as milhares de cacas que são feitas pelos "grandes". Eu tenho pouco tempo e quase nenhum dinheiro pra investir em produtos "alternativos", sendo assim, me considero meio inclassificável... ouço muita coisa que me recomendam, ouço outras porque me chamam a atenção pela postura e assim vai... não tenho um padrão de comportamento ou aquela previsibilidade de achar que qualquer bandinha nova vai salvar o rock. O bom disso é que não infesto minha coluna com "compre, ouça, veja" esse ou aquele.
Por isso digo que sou uma crítica e não uma crítica musical... questiono quem tá na vitrine e não me julgo conhecedora o suficiente para sugerir bandas a ninguém. Cada um que busque o seu, mas que sempre questione.
Beij(o),
Luciana
*-*-*-*-*-*-*
Por Alexandre Gonçalves
Olá, Luciana,
aqui é Alexandre (o prof de inglês). Fiquei muito tempo sem ler tua coluna, mas novamente tive uma grata satisfação em saber que você não tem medo de assumir sua posição quanto à "pirataria" de músicas via internet (as aspas são minha forma de apoiar, já que seus argumentos são indiscutíveis). Também passei pelo tempo das Basf laranja e também deixei muito vinil nas prateleiras do Mappin São João por falta de grana... Também pegava emprestado vinis e gravava várias fitas pra turma da rua, da escola e etc... Sendo assim, você tem meu apoio no assunto em questão.
Bom, vamos ao motivo deste e-mail: Museus cheios de novidades (Cazuza)... Graças a você estou ouvindo Yeah Yeah Yeahs e mesmo que não durem tanto tempo quanto os Stones (os Rolling, não os Roses) já valeu a dica. Em tempo, adivinhe como eu fiz para "achar" essa banda?
Placebo e White Stripes são bandas que descobri no Omelete e espero que fiquem longe da mídia o máximo possível (alías, a Veja fez uma matéria sobre bandas que perdem fãs ao chegar no topo, que acha disso?). Comprei o último do U2 e me senti lesado... bom single, álbum pretensioso (ok, típico do U2), mas sei lá, é um disco que vai ter que me ganhar pelo cansaço. Desde POP achei esse o mais fraco, só que a mídia já articula para ser um sucesso (clipe no Fantástico!! Ui...) Que acha? Se um dia Placebo rolar no domingo da Globo quer dizer que a qualidade foi pro saco?
Em dúvida...
Alexandre
Resposta
Hmmmm...
Esse álbum do U2 tá meio fraquinho, né? Também preciso ouvir algumas várias vezes ainda pra ver se descubro algo de extraordinário.
Placebo no Fantástico? Que seja! Por mim, sem problemas... isso significaria mais gente conhecendo, mais gente procurando coisas parecidas, mais gente vendo que há vida inteligente e que isso não é Robbie Williams, por exemplo. Ah! E isso também tornaria a possibilidade dos caras virem pra cá mais tangível. Que mais posso querer? Que só eu conheça? Pra quê? Quero mais é que todo mundo tenha acesso a coisas boas para que as coisas boas tenham que se transformar em coisas excelentes... do jeito que tá não há evolução, percebe? Que ninguém seja detentor da cultura, por favor!
Fãs que deixam de gostar das bandas quando elas chegam ao estrelato? Isso é patético, burro e demonstra a falsidade do "primeiro" gostar. Quanto não há aí de o cara ter "gostado" da banda porque era assim que lhe diziam que ele deveria fazer? Para que fosse cool, para se encaixar? Babaquice. As pessoas têm que assumir o que são e isso envolve o que gostam.
Beij(o),
Luciana