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Música
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Poison on the rocks

Alguém ainda aguenta o Aerosmith?

LT
09.01.2004, às 00H00.
Atualizada em 03.08.2017, ÀS 02H12

Para os leitores que reclamam que a Poison on the Rocks é muito longa (mas irresistível, hehe, todo mundo chega ao finalzinho que eu sei), essa aqui vai estar na medida. Curtinha. Assim como é o meu interesse despertado pelo Aerosmith.

Sempre relutei em escrever sobre o Aerosmith porque não conseguia acreditar que eles realmente suscitam grandes paixões. Contudo, alguns arroubos de fã(natismos) recentes confirmaram o que eu temia: a banda mais insossa de todos os tempos passeia ao lado de nomes realmente relevantes. E isso é matéria-prima para a Poison.

Eu não sou solidária às coisas óbvias. Quando simpatizo com elas, gosto de me enganar pensando que encontrei algo diferente, escondido, um detalhe a mais que só eu ouvi. Algumas vezes caio no conto e assumo... outras, fico procurando e não adianta, não encontro nada.

Já tentei de tudo com o Aerosmith. Pensei na história dos caras, que se reabilitaram depois de serem dados como mortos física e musicalmente. Pensei que a voz de Steven Tyler é soberba, que Joe Perry encarna bem o tipo malvado do rock n´roll, que as letras são bonitas e a música é eficiente. Nessas divagações, cheguei a uma importante descoberta: ainda prefiro as bandas que detesto às que não me causam nada, nem um reles levantar de sobrancelhas. Tão sem sal, tão insosso que nem incomoda, não faz nem cocéguinha.

Desde antes do estouro de "I don´t want to miss a thing" (da trilha sonora de Armaggedon), os clipes com Liv Tyler e Alicia Silverstone assomavam a programação da MTV e o Aerosmith virava uma fábrica de covers de si mesmo. Muda-se um arranjo, um versinho aqui, um riff acolá e pronto! Eis que surge um novo sucesso... novo? As canções são absolutamente iguais! Mas, a eterna discussão volta à tona: hoje, o que importa é o sucesso e isso está garantido. É só repetir a fórmula musical, embalar num clipe bonito em que as teens histéricas se vejam retratadas e mais um ponto está ganho, mais um milhãozinho de dólares vai pra poupança. Se até Get a grip quem gostava da banda eram os admiradores do bom rock n´roll, agora quem se descabela pelo Aerosmith são, na imensa maioria, mocinhas sofrendo sua primeira desilusão amorosa.

Pode fazer o teste. Uma música qualquer do Aerosmith começa a tocar, você faz um esforço tremendo para saber qual delas é (de tão parecidas que são), pára de tocar e você está lá, cantrarolou algumas partes, assobiou o refrão, mas se ela não tivesse tocado não faria a menor diferença. E se quando acabar você souber o nome da dita já pode se considerar um especialista...

Pesquisando a discografia da banda, me dei conta que talvez seja a que tem o maior número de coletâneas. Chega a ser curioso, é quase um Greatest Hits por ano! O bom é que alguém que compra um caça-níquel desses por conhecer "Jaded" (what? É, pois é...) vai se deparar com material de real qualidade como "Walk this way" (com o Run DMC, essa sim a música que trouxe o Aerosmith do limbo), "Love in an elevator", "Sweet Emotion", "The other side" e "Dude (looks like a lady)".

O problema do Aerosmith é ser tido como grande no cenário atual da música pop. Era melhor ser respeitado como uma banda média na década de 70 a ser grande hoje. Simplesmente porque ser grande hoje significa estar em todos os lugares ao mesmo tempo, sem necessariamente ter talento que justifique tanto. E esse é justamente o caso. Os músicos do Aerosmith podem até ter talento, mas resolveram optar pelo caminho mais fácil. Só não vê quem não quer.

E cá pra nós, alguém que dorme durante uma sessão de Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei não merece ser levado muito a sério. Ainda mais quando a própria filha está na telona, né Mr. Tyler?

*-*-*-*-*-*-*-*

DOSE EXTRA!

Atendendo a pedidos, aqui está a Dose Extra de Veneno , espaço reservado aos internautas do (o), que enviam missivas nem sempre educadas à colunista. Por que será, hein? ;-P

Sobre Especial de Natal - coluna de 15/12/2003

Por Amanda

Olá, Luciana!

Realmente, perto do final de um ano a gente costuma colocar a mão na cabeça e pensar sobre o que passou. E concordo com o que você falou sobre o fato de 2003 ter sido fraco musicalmente... Quanto aos piores do ano, você se esqueceu (bem que você fez, idiota sou eu que lembro) do ídolo dos ídolos, o nº1 da MTV... FELIPE DYLON!?!?!?!?! COMO alguém deixou que AQUILO adentrasse o mundo musical??? COMO?????????????????????????????????

Quanto aos fanáticos que escrevem te insultando, não posso falar nada... afinal, já fui um deles. Até os 14, 15 anos fui fã de... (deixa eu respirar bem fundo pra ter coragem de falar... ah, agora deu) BACKSTREET BOYS!?!?!?!?! Eu também não enxergava o ERRO que estava cometendo, ao xingar os que criticavam o grupo. Quando alguém dizia que eles eram uma coisa passageira, mandava o cara ir à m&#%@, dizendo que "Não, isso NUNCA irá acontecer, eles durarão para sempre". Graças a Deus, há um tempo atrás, olhei os CDs deles (hoje em dia penso o quanto meus pais foram sábios em não me deixar comprar todos), pus as mãos na cabeça e pensei: "realmente, os outros estavam certos; espero que a banda acabe logo". Mas minhas esperanças pelo fim da boyband foram em vão.

Hoje, lendo uma coluna de uma revista, descobri que os BSB não tomam vergonha na cara mesmo. É, eles lançarão outro CD em breve. Tsc, tsc, tsc...

Boys? Só se forem os filhos deles... hehehehehe :o)

Hoje, não estou 100% imune de produtos da mídia (na verdade, ninguém está), mas escuto de tudo, procuro conhecer bandas novas e nem ligo quando alguém critica algo de que gosto. Fanatismo exacerbado NUNCA MAIS! Já chega aquele que tive antes pelos... erm... não preciso mencionar de novo, preciso? :o)

Ah, e antes que eu me esqueça... teve algo de bom, sim, neste pífio ano de 2003: o CD do White Stripes, Elephant. Pelo menos alguma coisa, não é mesmo? :o)

Continue sempre com essa coluna incrivelmente sincera (ao contrário de muitas outras por aí).

Beij(o)s de sua admiradora (que também é do - abençoado - signo de Escorpião),

Mandy.

Resposta

Fala, Mandy :))

Muito simpática sua mensagem... desculpe-me a demora em responder... final de ano, muito, muito trampo...

Felipe Dylon é uma aberração e ainda não atingiu o patamar necessário para me preocupar. Estou rezando e tenho fé de que ele será tão passageiro quanto o Bonde do Tigrão... rs

Backstreet Boys, é? Pelo menos eles não posam de punk... rs... é bem diferente de uma Avril que diz que é o Sid Vicious... faça-me o favor... além do mais, 14, 15 anos... pra uma pessoa normal, chegando nos 16 já começa a virar passado. Você acha que eu sempre gostei de boa música? Que nada... até hoje tenho umas preferências "estranhas" (rs), mas sei separar bem o que merece ou não o panteão dos deuses... aliás, ninguém merece o panteão ainda... todo mundo faz uma cagad* no final, né?

Sim, ao lado do Elephant, tivemos a volta do Jane´s Addiction, o álbum do Yeah Yeah Yeahs... coisas legais, mas nada que me tire o sono... enfim, estamos aí.

Obrigada pela mensagem, escreva sempre que der na telha e parabéns por ser do signo mais maravilhoso do zodíaco... (de repente me deu uma coisa leonina... rs)

Beij(o)s, Feliz Natal e um An(o) N(o)v(o) com boas surpresas para nós :))

Luciana

Sobre a Poison

Por Pablo

Olá Luciana,
é a primeira vez que leio a sua coluna do
Poison e vejo que a sua especialidade é crítica voraz e destrutiva quando necessária porém a carência de elogios me surprendeu.

Há muitos trabalhos belíssimos no Brasil visto a diversidade da nossa cultura e tenho muita dificuldade de encontrar esta produção artística oculta, é tanto que quando acho algo realmente interessante me agarro a isso e extraio até a útima gota do que o trabalho possa me oferecer...

Você, como jornalista, deve saber onde procurar não é mesmo? Pois então seria interessante ver trabalhos novos acompanhados de elogios seus... seria com certeza muito mais belo!

Estou ciente da importância das suas críticas e também estou horrorizado (afinal, quem não está?) com o ponto em que o mercado fonográfico foi parar... mas tenho certeza de que em breve nem mesmo a população mais ignorante possível dará ouvidos a tais desastres... o povo está crescendo (vez em quando pra trás, mas está) mentalmente e logo logo a música poderá se fazer arte, sem empecilhos!

Sabe, há algum tempo venho escutando os CDs do Clube da Esquina e toda a genialidade de Milton Nascimento e seus companheiros, a última vez que me lembro de ter ficado tão maravilhado e empolgado com a música foi quando escutei pela primeira vez Legião Urbana. Foram experiências indescritíveis. Ganhei de Natal um CD do Lô Borges e pude constatar mais uma vez a beleza e a qualidade da música mineira. Por falar nisso, você já escutou "Quem sabe isso quer dizer amor"? Se não, eu recomendo.

Gostaria de saber o que tem a dizer a respeito do CDs do Clube e do último do Lô...

Parabéns pela coluna e um beijo,

Pablo Pimentel Pessoa

Resposta

Oi, Pablo...

...então, a Internet é ardilosa, né? De repente eu até teço uns elogios por aí e você nem tá sabendo :-P

Contudo, essa não é a proposta da Poison... sei que não é bonita, nem agradável, mas é uma coluna que se mostra útil dia-a-dia. Não acredito numa mudança a curto prazo, como você falou, acredito que a gente precisa sair da zona de conforto, sabe? Parar de se acostumar que tá tudo bem... não, não tá tudo bem... e eu só consigo vislumbrar piora, a não ser que coisinhas pequenas como a Poison tomem corpo e se transformem em algo mais comum.

Não, não conheço praticamente nada de Milton, Clube da Esquina e afins... assumo. Minha "especialidade" é pop rock, mesmo assim, sei que conheço muito pouco. Costumo pesquisar bastante, mas algumas coisas prefiro nem comentar porque senão ficariam muito no vazio. Música é sentimento, é sensação, não adianta eu querer teorizar sobre algo que não conheço, né?

Vou colocar suas indicações na minha lista de lições de casa... rapaz, o povo tá me enchendo de dicas, sugestões e sermões por eu não conhecer certas bandas... juro que vou tentar... rs... se é que uma vida é o bastante pra tudo isso.

Beij(o)s e conto com sua compreensão :))

Luciana

Sobre Limpbiskit - coluna de 26/09/2002
Por Adriana

Oi,

você não me conhece, mas eu tava no site Omelete e li um artigo escrito por Luciana Toffolo e falou mal da banda Limp Bizkit...

Poxa, por que falou mal do Limp Bizkit???

Não sou fã número 1 deles, mais também não publico notícias bestas como esta por aí... sei que é tua opinião, mas poxa você falou muito mal deles... caramba, o que eles fizeram pra você??

Você elogiou o Chester Bennington da banda de new metal Linkin Park - desse sim sou fã, mas não entendi o que você queria ter publicado nesse site com aquela notícia....

Resposta

Oi,

"aquilo" foi uma crítica a respeito do Limpbiskit. A Poison on the rocks costuma fazer críticas de bandas e artistas que sugerem que seu sucesso não faz muito sentido.

Abraç(o),

Luciana

Sobre Engenheiros do Hawaii - coluna de 13/08/2003 [Atenção: se você tem menos de 18 anos ou mais de 10 pontos de q.i. talvez fique um pouco "incomodado". Gente fina é outra coisa.]
Por aless.enghaw (?) 

Acho que você não passa de uma puta ruim precisando de macho para te acolher. O que você precisa mesmo tá cheio por aí!!! (aquilo que os homens tem [sic - têm] entre as pernas).

Mas só que se depender de alguns, pode ter a certeza de que nunca aceitarão mulheres como você que deve ser arrombada que nem fundo de garrafão de vinho de cinco litros!!!

Isso é mais pura inveja daqueles que a [sic - há] quase duas décadas estão na estrada mostrando a música brasileira (pop/rock). Inveja essa que, com certeza, alguma banda ou cantor preferido seu não está mais na estrada como os Engenheiros, possivelmente teve seus momentos bons, mas hoje não se houve [sic-ouve] mais, não é mesmo? Você quer que eu cite nomes?

Se você, no mínimo ouvisse as canções e interpretasse as letras do Humberto Gessinger derepente [sic-de repente] teria outra opinião, mas como você simplesmente não sabe o que é interpretação, como você mesma disse seus ouvidos são pinicos e seu cérebro bidê, tens razão de falar tão mal de uma banda consagrada e que ainda está na estrada Infinita Até o Fim. Se depender de mim e de nós iremos mesmo até o fim....

Procure estudar um pouco mais interpretação de texto e quem sabe ouvir um pouco mais de música para tentar fazer seu cérebro de bidê entender melhor!!!

Passe bem!!!!

Fã EngHaw

Resposta

Hmmm, vou responder ao seu e-mail porque adoro desafios :)) O tema do atual é "Como manter a elegância frente a uma mensagem um tanto quanto rasa e mal educada".

Vou pular os primeiros parágrafos. Acho que para bom entendedor, ou pessoas que enxerguem um pouco além do óbvio, ler uma coluna com tamanha sinceridade só mostra o quanto estou satisfeita com tudo o que os outros encaram como bicho de sete cabeças. E como, assim sendo, exigo mais. Por que não? Papai-mamãe não basta.

Não tenho inveja tampouco ódio dos Engenheiros. Acho-os medianos, quando muito, e essa é minha opinião. Cada um na sua, respeito é bom e deveria ser mais praticado entre os brasileiros, assim como a democracia, se ela finalmente saísse do Ideal para chegar à Ação de fato.

"Hoje não se houve mais"... esse houve não tem h, ok? Então, não, não, os artistas que aprecio ainda estão bastante atuantes. Nem todos, é verdade, mas grande parte deles. A diferença é que eu os aprecio, não idolatro e é contra isso que uso meu computador... contra a idolatria pobre e cega.

Quanto ao "procure entender melhor interpretação" e "ouvir mais música" só me resta gargalhar... huahahauahahauahahauahah... não fiz muito mais do que isso em todos os momentos de lazer nos vários anos da minha vida. Talvez por isso tenha desenvolvido um discernimento do qual você nunca tenha ouvindo falar (viu? O verbo ouvir não leva h).

Abraç(o),

Luciana

Sobre Especial de Natal, Limpbiskit, Britney, Metallica...
Por Jaime

Bom, mais importante do que saber se o Fred Durst é realmente um babaca ou não (até me arrependi de levantar essa insolúvel questão no último email), eu queria saber o que você acha da sua própria opinião. De onde você tira suas conclusões. E por que são essas as conclusões.

Porque, sabe, eu não acredito em verdade absoluta, embora é praticável a demagogia (ou "sabedoria" pra alguns - não pra mim) de respeitar o gosto do próximo, de não argumentar sobre a opinião alheia, e todas essas virtudes do espírito... Eu não acho que isso vá além das palavras. Pode-se dizer "ahh Britney Spears é uma idiota, e uma escrota, nunca vai chegar aos pés do que a Madonna foi" daí vem a ressalva, a demonstração de sapiência jedi "porém, eu respeito o gosto de quem gosta" mas intimamente fica a vontade de acrescentar "tem idiota pra tudo...".

E o que você tem como bom, na prática (sem demagogia) é o que você gosta. De alguma maneira você admira o que é bom. Por isso é bom. O que é muuuuuito relativo. O que é bom pra quem ouve Cpm 22, é Ramones, Dead Fish, e... e... e mais alguma coisa que esteja escrita em algum info de icq de alguem hardcore. Pra ela isso é absolutamente bom. Além disso, não tem nada que ultrapassse. Cpm é o limite.

Mas toma meu caso como exemplo, já fui alienado completo em Korn e cia. Hoje eu voltei a ouvir Garbage, mas de uma maneira muito mais atenciosa. Mas tenho CDs de Chemical Bros. e Madonna até Beethoven e Sepultura. E no final o que eu mais ouço? Garbage.

Já que a questão não é erudição. Nem mesmo opinião alheia de ditos cult. Como vc (eu, tu, eles...) pode ter certeza do que está falando: que isso é paga-pau, que aquilo é fake, e outra coisa é original. Eu também gosto de Radiohead, mas sinceramente, como você compreende se tudo aquilo não é marketing? Eu não tenho certeza nem se Saddam foi preso, não sei nem mesmo se o Bush realmente existe, ou o Bin Laden. Eu tô falando que tudo é manipulável, do mais aparente underground e alternativo ao lixo cultural liderado por Britney Spears.

Eu acho o seguinte: a música como meio sincero e político de expressão perdeu o rumo, ficou pra história. Como eu li, você gosta de Linkin Park (ok, eu tbm, nem tanto, mas vá lá...), eles são sinceros, eles são depressivos, como mostram seus clipes e músicas? O U2 realmente se preocupa com causa política? Vejo que sendo isso verdade ou não, não importa, desde que você acredite em alguma coisa, e essa coisa (como a indulgência do artista) serve de sustentáculo pra manter a música no alto.

Eu não quero revolucionar seu pensamento, Luciana, até porque esse tipo de pensamento já vem da Grécia há 2 mil anos, e então eu não levo crédito nenhum. Mas é que vejo que a autoridade que você usou pra dizer o seguinte pra um leitor "Não tenho a pretensão de fazer você ver obviedades" é meio que "ah você é burro, cai fora, mané".

Cheguei (ufa!) enfim ao que eu queria. A autoridade com que qualquer pessoa se proclama erudita e sabedora do bom e ruim é completamente insustentável. Além do conhecimento empírico, o seu gosto, que é SEU, particular e intransferível. Não é verdade absoluta, é relativa e só. O que isso quer dizer? Não quer dizer nada, aliás, sua verdade não quer dizer nada, além de você, ela não tem validade alguma. Queria saber se você concorda (pelo menos com uma frase, pra eu não ficar triste) com o que eu disse. E se além da discussão infinita que pode causar, o bom e ruim não serão nunca valores absolutos, nem fazem parte do inconsciente coletivo, apesar de algumas pessoas acharem que sim.

O pior mesmo, o que foi a causa do meu email então: O fundamento da sua coluna se perde (não a essência, porque ela é ótima de ler, parabéns), porque além de informar o leitor de uma, outra coisinha da vida, não contribui pra enriquecer o gosto de ninguém. Só serve pra se divertir falando mal do poeta Gessinger e da bem afinada e bem atriz e bem tudo Spears.

Espero (ou não) que você tenha lido até aqui, é um saco ler isso né? Mas eu tenho que fazer de conta que sou esperto. Parabéns pelo que escreve e se você aguentou ler isso, parabéns também, duplamente.

Jaime

Resposta

Caríssimo Jaime, a essência da minha coluna se perde? Tem certeza? E o que te motivou a escrever uma mensagem gigantesca dessas? Obra do acaso? Você é maravilhoso, argumentativo, inteligente que só, mas... nem tudo isso é capaz de fazer uma pessoa enxergar o fundamento de algo. No caso em questão, o fundamento da Poison não é, nunca foi, nunca disse ser, impor a minha verdade. Já devo ter dito umas trocentas vezes que o que está ali é a minha verdade, essa sim absoluta... PRA MIM.

O fundamento da Poison é causar discussão. Debate de idéias, tirar os "consumidores" de arte da zona de conforto. Você realmente acha que as pessoas que lotam o Masp para ver a Exposição do Renoir sabem o que estão vendo quando se deparam com uma obra do pintor?

Número 1: a maioria tá ali porque pareceu um modismo irresistível

Número 2: a maioria não vê nada além de umas menininhas gordinhas, branquinhas e bonitinhas.

Número 3: num país em que os museus vivem às moscas ou ao deleite da elite, é de se considerar os números 1 e 2?

Certamente! O espírito crítico não nasceu nos Jardins! Acredito em almas que podem ser salvas... rs... acredito que por mais que as pessoas estejam acostumadas ao mais fácil, ao que está mais à mão, elas podem desenvolver senso crítico quando ampliam conhecimento e entram em contato com novos tipos de arte. Se uma pessoa nasce e morre achando que o Picasso é a única coisa que presta na Pintura, essa pessoa é tão ou mais cega do que alguém que nunca tenha entrado num museu. Não importa o tanto de Arte que se conheça, mas o que você faz com ela.

Número 4: daí que chegamos onde eu queria. Estou pra ver um e-mail que destrua com um bom nível de argumentos uma banda como o Radiohead. A coluna é provocativa mesmo e vou te confessar, ninguém ainda me tirou da minha zona de conforto... um incômodo aqui, uma coceira ali, mas ainda não joguei nenhum álbum da minha discoteca fora... rs... Talvez, se um dia eu começar a receber mensagens simplesmente dissecando bandas ditas "irretocáveis" como o Radiohead, eu me aposente. Aí terei chegado onde queria. E o que eu quero? Qual o fundamento da Poison? Quero neurônios se debatendo incontrolavelmente quando alguém for comprar o álbum da Britney, do Metallica, do Basement Jaxx. Por quê? Porque sinto que o mal desse povo é ter preguiça de pensar. O mal não é ter mau gosto, a real é que gosto não se discute mesmo. O mal é não saber defender porque escolheu Sandy e não escolheu Beth Gibbons. Ou vice-versa! Com o agravante de termos pessoas que exercitem mais seus neurônios optando pela segunda. Seria um indicativo? Talvez. Ou não! Se a gente vai acabar concordando que a Sandy é melhor que a Beth Gibbons? Quem sabe? Com tanto que seja uma escolha racional, pensada e bem argumentada. Não que seja um modismo irresistível, uma metralhada da mídia.

O Linkin Park é depressivo? Nem a pau. Aquilo é embaladinho, embaladinho... meus ouvidos gostam... rs... e ponto final. O U2 se preocupa com a política? Não acho que o Bono queira provar nada pra ninguém, eu, particularmente, acho que ele faz em uma só vida o que a maioria de nós não faria em 10. Se é engôdo? Nem ele deve saber... como dizem os sábios, mais feliz fica quem doa (ou qualquer coisa do gênero... rs... sou péssima com ditos populares), ou seja, vá lá, de repente o Bono faz isso tudo para se sentir menos ambicioso, pra preencher uma falha de caráter, de repente é pedófilo e ninguém sabe... rs

Quanto às obviedades do outro lá, provavelmente ele estava falando algo completamente indiscutível, algo tão cego que fiquei sem argumentos a não ser rezar para que ele tropeçasse numa dose de bom senso algum dia... não voltei pra ler a mensagem, não acho que seja o caso de discutir uma ou duas palavras. Afinal de contas, você me pediu a essência...

Enfim, espero ter respondido a altura suas complicadas questões filosóficas... rs

Grande 2004 para você! Escreva sempre que quiser...

Beij(o),

Luciana