Responsável pela abertura da turnê européia do Coldplay, banda que acabou de confirmar a vinda ao Brasil no início de setembro, ele não esconde a vontade de acompanhar os conterrâneos ingleses. "Gostaria muito de voltar ao Brasil e ainda por cima tocar com o Coldplay. Nossos shows juntos têm dado muito certo. Já conversei com meu empresário e estamos vendo essa possibilidade. Parece que há datas para shows de divulgação do meu disco solo na América que coincidem com as do Coldplay no Brasil. Se puder escolher, não tenho dúvidas para onde quero ir", avisa.
Se as negociações não derem certo, Mac diz que não vai desistir: "Quero levar Slideling para o público brasileiro em alguma outra oportunidade. Nunca me apresentei aí sem a banda e acho que seria uma experiência marcante. O público brasileiro só pode ser comparado ao de Liverpool".
Toda essa paixão pelo Brasil se justifica. Sua primeira visita ao país, em 87, é lembrada pelos fãs até hoje como um dos melhores shows que já passaram por aqui. Além disso, a cada nova passagem pelo país, o carinho do público parece aumentar. "Certa vez, precisei comprar uma mala só para levar as dezenas de camisas de futebol que ganhei", lembra Mr. Leaps. "Achei engraçado quando descobri que tinha este apelido por aí". A caipirinha, claro, é outro motivo que faz com que queira voltar. "Aprendi a fazer e ensinei para todos os que conheço em Liverpool", conta.
Com o Echo & the Bunnymen comemorando 25 anos de estrada este ano, algumas surpresas devem vir por aí. "Estamos preparando uma caixa (que sai no Brasil via Warner Music) com CDs remasterizados e algum material inédito para comemorar a data. Pretendo levar as duas coisas paralelamente por enquanto". Segundo ele, há também a possibilidade de vir ao Brasil em novembro, divulgar esta caixa.
Voando solo
Quem acompanha a carreira solo de Ian McCulloch sabe que seus discos - Candleland (de 89) e Mysterio (de 92), assim como o projeto Electrafixion, em parceria com o também Bunnymen Will Sargeant - não diferem muito do que faz com a banda. Em outubro de 2001, quando esteve por aqui divulgando o CD e DVD Live in Liverpool, Mac disse, no entanto, que Slideling seria o melhor álbum de sua carreira. Com o disco nas prateleiras, mudou de idéia. "Eu disse isso? Então estava errado", brinca. "Acho que a maior diferença entre o meu trabalho solo e o que faço com a banda é que sozinho, tenho mais liberdade para ser ainda mais introspectivo. Este é um álbum de canções, sem tanta preocupação com o rock´n´roll. As comparações são inevitáveis, mas eu já desisti de tentar eleger um álbum como o melhor".
Ao contrário do que costumam dizer integrantes de bandas que tocam juntos há muito tempo, ele garante não sentir necessidade de dar um tempo de vez em quando para seus trabalhos solo. "As coisas acontecem naturalmente. Às vezes, há composições que não se encaixam tão bem no repertório dos Bunnymen e prefiro guardá-las comigo. Mas não fico programando meus discos individuais".
Conhecido por sua língua ferina, diz não gostar de britpop e garante que Radiohead nem é tão bom assim. "Britpop para mim não é nada. Não sei definir o que é isso e acho este rótulo ridículo. O Coldplay por exemplo, não pertence a essa categoria. É uma banda muito talentosa, assim como os garotos de The Coral que aliás, lembram muito o trabalho dos Bunnymen. Deve ser por isso que gosto tanto. Quanto ao Radiohead, acho uma boa banda, mas também acho que são superestimados. Na verdade, tem coisas que gosto mais de ouvir do que de ver. Não tenho muita paciência para assistir shows ao vivo".