Devido à repercussão de Something Wicked... entre os fãs, reforçada pelo CD ao vivo da banda, o Alive In Athens, havia uma grande expectativa para que Horror Show fosse superior ao seu predecessor. Uma vez que o álbum homenageia os grandes monstros reais ou imaginários que assolam a humanidade desde seus primórdios, esperava-se que essa nova obra tivesse não só a habitual batida pesada do Iced, mas também um clima mais soturno e sinistro.
O que ocorre, no entanto, é justamente o contrário. Como sempre, há uma evolução no som da banda. Ele continua pesado, com as mesmas guitarras rápidas e bateria marcante, mas há uma espécie de suavização no peso das músicas, talvez influência direta do trabalho realizado por Jon Schaffer em Demons & Wizards, projeto paralelo de Jon com Hans Kursch, vocalista do Blind Guardian.
Horror Show traz onze faixas, sendo que nove delas são referências diretas aos tais monstros: Wolf conta a história de um homem puro que, ao ser mordido por um lobo, passa a se transformar em lobisomem na lua cheia; Damien é uma referência ao garotinho da cinesérie A profecia; Jack fala sobre o famoso estripador londrino retratado por Alan Moore em Do Inferno; Ghost of Freedom é a única que foge ao tema do álbum, pois trata-se de uma canção patriótica americana; Im-Ho-Tep (Pharaohs Curse) conta a história da múmia que inspirou o sucesso de Stephen Sommers; Jekyll & Hyde traz a história do homem atormentado por seu monstro interior; Dragons Child é talvez a música com mais liberdade artística no álbum e é baseada no clássico, Creature from the Black Lagoon, filme da Universal dos anos 50; Transilvanya é uma cover do Iron Maiden; Frankenstein traz referências óbvias à criação de Mary Shelley, assim como Dracula, que presta homenagem não só ao Conde de Stoker, como também ao verdadeiro Vlad Tepes e The Phantom of the Opera Ghost fecha o CD com uma homenagem ao clássico fantasma da ópera, trazendo um belo dueto entre o vocalista do Iced, Matt Barlow e a desconhecida Yunhui Percifield.
Como aconteceu em trabalhos anteriores da banda, há mudanças na sua formação com relação a Something Wicked...: Saem James MacDonough (baixo) e Mark Prator (bateria), respectivamente substituídos por Steve DiGiorgio e Richard Christy.
Uma atração à parte do CD é seu encarte, ilustrado por Danny Miky (mais conhecido por seu trabalho em Spawn) e Travis Smith, do Crimeseen studios. Cada música tem uma ilustração da personagem que retrata. O detalhe é que praticamente todas foram inspiradas nas versões consagradas pelos clássicos da Universal Pictures. Assim, o lobisomem de Wolf tem o visual de Lon Chaney Jr. no clássico When I Was a Teenager Werewolf; Im-Ho-Tep traz a múmia consagrada por Boris Karloff no filme de 1932; o Frankenstein também é Karloff, enquanto Dracula é o conde clássico de Bela Lugosi; Dragons Child é o monstro aquático do filme que inspirou a letra da música e o Dr. Jekyll traz o olhar ensandecido e o sorriso maquiavélico de Lon Chaney (pai) em London After Midnight.
Por tudo isso, pode-se dizer que Horror Show é um CD que merece, no mínimo, ser ouvido pelos fãs do gênero. Como de praxe, a banda disponibilizou trechos de Wolf, Damien e Ghost of Freedom, no site oficial da banda, www.icedearth.com.
A versão nacional, lançada pela Century Media, pode ser encontrada com preço em torno de R$ 22,00.