...............................................
"Essa é a última vez que vocês devem nos ver por um tempo. Mas podemos nos encontrar de novo. Quem sabe?"
Jarvis Cocker
Rotherham, 14-02-2002
Pulp e AUTO: mais COOL impossível
O destino? A cidade de Sheffield, o "último show do Pulp" e o festival mais COOL do planeta.
Este estilo de vida quase cigano já me deu a chance de conferir festivais de música em Seattle, Bolonha, Rio de Janeiro, Paris, Reading, Nova York, Imola, Glastonbury, São Paulo, Jesolo, Londres e... err... São João da Boa Vista (era uma festa com rodeio, milho, quentão, cheiro de bosta de vaca e o escambau, mas teve show do Pato Fu, tá!?).
Mesmo assim, nenhum dos eventos acima chegou a ser tão cool quanto o Auto. A começar pela temperatura (que fez o termômetro marcar zero graus no começo da noite), passando pela escolha de bandas (capaz de fazer um "indie leftfield" chorar) e terminando com a escolha do local (um espetacular museu de ciência), o Auto nem precisou se esforçar muito para ganhar o certificado de "cool" da London Arena.
Mas vamos ao que interessa.
Além disso tudo, o festival também serviu de palco do possível show de despedida de uma das melhores bandas inglesas dos últimos tempos: o Pulp.
Organizado por Steve Mackay (baixista do Pulp) nos moldes do espanhol Sonar, o festival teve como idéia "servir de abrigo para a nova música e como plataforma para projetos visuais e de multimídia em locais não convencionais". Sendo assim, novos nomes da cena britânica dividiram quatro palcos com DJs, performers, dezenas de telões e bandas com nomes bacanas, desconhecidos e complicados. Saca só a listinha: Schneider TM, Zongamin, Four Tet, Aesthesis, Capitol K e Erland Øye.
É cool ou não é?
Para distrair um pouco o público antes do grande momento da noite, o festival, que deve acabar acontecendo todo ano, contou com ótimas apresentações de bandas que lançaram bons álbuns de estréia em 2002.
James Yorkston dedilhou seu violão acompanhado de um contrabaixo e uma slide guitar para tocar canções do belo álbum Moving Up Country (se você se amarra em Nick Drake, não pode perder).
Baxter Dury, filho de Ian Dury e dono de um surpreendente primeiro álbum, o bacana Len Parrot´s Memorial Lift, precisou de dois backing vocal para reforçar a sua frágil voz, mas fez um ótimo show. Vestindo jeans, jaqueta preta e um cachecol branco, Dury, fisicamente (e no vestuário), parecia um Bob Dylan do meio dos anos 60 (tá legal, ele parecia o Bob Dylan da capa do Blonde on Blonde).
Outro bom show foi o do The Bees. A galera da Ilha de Wight deu uma esquentada no ambiente e provou que inglês também sabe fazer um sonzinho relaxado, swingado e com sotaque tropical. Destaque para a galera cantando junto com eles na divertida versão de "A Minha Menina" - aquela mesma que Os Mutantes imortalizaram e o Belle and Sebastian cantou no último Free Jazz.
Will You Remember the Last Time?
Mas o que todo mundo estava interessado - e o que fez a maior parte do público desembolsar as 30 libras- era o Pulp.
Apesar de ter fechado uma das noite do Reading, 2002 não foi um ano muito bom para a banda. We Love Life, o álbum em que Jarvis canta "É, as árvores, essa inúteis árvores produzem o ar que eu estou respirando", apesar de ser muito bom, foi um fracassso de vendas. Pouco depois, a gravadora Island quebrou o contrato com o grupo. Antes do divórcio, um álbum com as melhores canções e com uma inédita foi lançado em novembro. Surpreendentemente, o CD quase não figurou nem no Top 100 das paradas (acabou ficando na 78ª posição).
Ainda assim, Jarvis Cocker apareceu sorridente e brincalhão e a banda fez um show impecável, misturando os hits (Babies, Comon People, Lipgloss, Razzmatazz) com canções quase desconhecidas, tiradas até de lados b de singles.
Quem já viu Jarvis Cocker em cima do palco sabe que, da geração brit-pop, não existe melhor performer do que ele. Empolgado, ele pulou, fez seus típicos gestos (mãozinha na cara e na cintura), e, entre canções, fez piadas e até jogou amendoim na platéia.
No final do inesquecível show, após uma versão diferente de Commom People, Jarvis declarou "Thisll be the last time you see us for a while. But we may meet again. Who knows?" (tradução no começo do texto)
No ano que vem, Jarvis se muda com a mulher e filha para Paris, onde pretende se dedicar mais a projetos visuais. O Pulp, por enquanto, fica no freezer.
Ou não. Já que, segundo a edição do jornal News of The World (o The Sun aos domingos) do dia 15 de dezembro, o Pulp oficialmente acabou. No texto do jornal, Jarvis até teria dito "It´s all over!"
Mesmo assim, melhor "the end" do que esse preparado pelo Pulp, impossível.
...............................................
Courtney Love e o carequinha da Poptones
Isso mesmo, a ex-mulher-de-um-dos-ídolos-do-rock-morto-mais-superestimados, tava lá no meio! Bêbada, com os peitões querendo pular do vestido e rodeada de gente, ela curtia o final de uma fria noite londrina na companhia de ninguém menos do que Alan Mcgee.
"Opa, opa!", o leitor da LA mais atento e chegado na ex-vocalista do Hole deve ter dito. "Peraí, se ela está acompanhada do carequinha Mcgee, isso significa que o boato é verdade". Isso mesmo, meu amigo. Os dois estavam juntos não porque estão namorando, mas porque o próximo álbum de Courtney Love deve mesmo sair pela gravadora do Mcgee, a Poptones.
A London Arena, com a sua já notória cara de pau, foi lá questionar a "perua oficial do rock". E aí, Courtney, é verdade que o teu novo álbum vai sair pela Poptones? "Ah, isso você tem que perguntar por Alan. É problema dele.", disparou ela com os olhos meio tortos e um forte bafo de álcool. E, Courtney, fala pra mim, como tá o disco? Tá ficando bom? "It´s FUCKING wonderful!", ela gritou no meu ouvido.
Como a cota de cara de pau da coluna já havia acabado, não peguei a resposta de Alan. Mas os dois já andam juntos há tempos. Desde março, quando Courtney discotecou na festa semanal que Mcgee organiza em Londres, as especulações começaram.
Oficialmente, a Poptones nega. Um dos grandes problemas é que Love se enfiou numa guerra sem fim contra a sua ex-gravadora, a Universal. Mas a London Arena tem certeza que Love vai ser lançada pela Poptones no ano que vem. Se disso tudo vai sair coisa boa, aí a história é outra...
...............................................
Novo sorteio - Promoção "Rock de Colégio"
Quem estampa a capa do número 107 são os islandeses do Sigur Rós, sensação entre os alternativos do mundo todo. Mas o que a revista tem de legal é o CD que vem junto de cada exemplar. Entre os 19 artistas estão: The Coral, Simian, Royksopp, Ryan Adams, The Streets e Longwave.
Se você não aguentar esperar, dá uma passada no site da revista (www.cmj.com) que eles disponibilizam trechos de todas as músicas das últimas seis edições.
Para concorrer, basta mandar mandar uma mensagem com o seu endereço completo para o e-mail jzappia@omelete.com.br com o assunto "Rock de Colégio".
...............................................
Resultado da Promoção "Raio X"
A segunda edição da novata revista X-Ray, feita em associação com a bacana rádio X-FM, só fica pronta em fevereiro. Para você já ir sentindo o gostinho dela, a London Arena sorteou um exemplar do já histórico primeiro número.
Vale lembrar: a revista tem o Dave Grohl na capa e vem com um CD cheio de canções exclusivas de gente como Flaming Lips, Yeah Yeah Yeahs!, The Hives, The Bees, D4 e Aqualung.
O sorteio foi realizado no dia 16 de dezembro enquanto o Channel 4 transmitia um documentário sério sobre a relação direta da maconha com alguns casos de esquizofrenia.
(Será que eu escrevi isso tudo aí em cima ou é só imaginação minha?)
O felizardo, que não precisa ter achado o filme O Grande Lebowski uma das grandes obras do cinema-fumaça de todos os tempos, é:
Elton Luís
Minetto
e-mail: minetto@cco.matrix.com.br
...............................................
Feijoada Vs Fish and Chips
Essa parte da coluna é apenas uma brincadeira. Quero aproveitar o espaço para comparar coisas boas daqui com ruins do Brasil, vice-versa e coisas boas ou ruins dos dois países.
Mais uma vez, Brasil Vs Inglaterra.
Categoria: Aquecer ou resfriar?
Coisa muito ruim - Inglaterra: Aquecedor forte
Acontece sempre da mesma maneira. Assim que eu entro no vagão do metrô da DLR uma corrente de ar quente me ataca, eu começo a me sentir sufocado, meu corpo borbulhando por dentro, e toca eu a começar a me descascar. Enquanto o meu corpo começa a dar sinais de que está achando estranho essa história de ficar saindo do frio e entrando no inferno o tempo todo, eu começo a tirar gorro, cachecol, luvas, casaco, malha, moleton.
O calor dentro do vagão é tão grande que chego até a ter alucinações e sempre me imagino correndo pelas areias brancas de alguma praia do litoral norte paulista, tomando água de coco. Isso não quer dizer que sair do vagão e voltar ao frio é uma sensação agradável. O jogo de tira e põe que essa história toda pede é cansativa, estressante e me faz perder bons minutos que poderiam ser gastos com leitura.
Coisa boa - Brasil: Ar-condicionado
O mesmo não se pode dizer sobre o metrô carioca. Motivo de inveja de todo usuário do metrô de São Paulo, os trens do Rio vêm equipados de um ar-condicionado "maneiro". De tão bom, dá uma puta preguiça de encarar o bafo quente na hora de descer na estação.
Mas não é só no metrô que o friozinho no quente ganho do quentinho no frio.
É verdade que não existe nada pior do que, durante o verão, passar horas trancafiado em um carro no meio de um engarrafamento no centro de qualquer cidade brasileira. Mas se o carro em questão tiver um ar-condicionado, a história é outra. O mundo muda. Com a leve brisa fresca artificial saindo pelas ventoinhas do painel do carro, o caótico mundo que você observa pelo retrovisor acaba parecendo o paraíso. Ainda melhor, se a trilha sonora dentro da máquina for boa, você pode até acabar sentindo espasmos de felicidade. Te juro. Experiência própria.
...............................................
Nome da coluna
Para quem ainda não sabe, London Arena é um grande espaço para shows e eventos da cidade - essa semana, o INXS e o Blondie tocaram. É também o nome de uma estação de DLR (Docklands Light Rail), uma espécie de metrô de superfície que percorre os cais da área de Docklands.
Abraço e Rock N´ Roll!
Juliano Zappia
Ps: Boa parte da coluna foi escrita enquanto eu curtia o Blonde On Blonde, do Dylan, e o ótimo Lapalco, do Brendan Benson. Mas também rolaram as duas excelentes banda de Nebrasca: The Faint e Bright Eyes.