A kubik está em São Paulo desde o início de maio e, sem dúvida, é uma instalação que - graças a junção de conceito, atendimento e cuidado com os detalhes - se destaca na noite paulistana como um espaço para quem gosta de boas festas.
Com uma estética focada no movimento minimalista e uma ideia que já passou por países como Alemanha, Portugal, Áustria, e outros, o pop-up club ampliou seu tempo de estadia em São Paulo e passou e abrir às quintas-feiras até a segunda semana de agosto.
Porém, algumas perguntas chamam a atenção quando você vai ao lugar, localizado na Av. João Passalaqua, 80, como: De onde vem o conceito da festa? Por que a cor verde? Qual a ideia da disposição dos cubos? Felipe Batalha, membro do time de idealizadores do projeto em São Paulo, conta que o escritório criador da kubik, o Balestra Berlin, enviou três ideias para serem montadas na cidade e a equipe - em conjunto com os criadores do conceito - ficou responsável por escolher uma delas. “Uma ideia era a ‘Dominó’, que apresentava várias colunas caindo. A outra era a ‘Trapped’, que apresentava um projeto com algo próximo a uma onda de cubos, com uma parede de peças caindo e presas por cabos. Por fim, a escolhida por unanimidade, foi a ‘Big Bang’, um quadrilátero em expansão”, que Batalha destaca ter sido selecionada “por causa da magnitude do projeto pensado exclusivamente para o teatro no qual está localizada”. A estrutura apresenta uma parede de cubos com o dobro do que se vê em outros locais que já receberam a festa. “São quase dez metros em uma parede com oito cubos, A gente pensou na ideia de ter um conceito meio monumental. Como uma igreja, sabe?”, enfatiza. E realmente, não dá para dançar no ambiente sem se impressionar com o ângulo das paredes de cubos, capazes de te colocar dentro de um universo de luz.
"Big Bang" - Configuração selecionada para o Brasil
Outro detalhe interessante, por trás da ideia da festa, é a interatividade, a qual Batalha afirma que compõe o leque do evento “no sentido de que as luzes interagem com você o tempo todo. Não é um conceito labiríntico. É algo mais imersivo. Você não passa pela estrutura dos cubos, mas a luz é imersiva”. E apesar da ideia de não criar algo labiríntico, algumas áreas são liberadas para o público, como a área atrás dos DJ´s. “As pessoas podem ir até lá. Mas poucas vão, porque estar na pista é algo muito mais visual e imersivo. A sensação de estar na pista é diferente”, salienta.
Já que estamos falando sobre a luz, outra pergunta feita a exaustão é: Por que luz de apenas uma cor? Batalha responde que “A kubik é uma instalação minimal. É um conceito minimalista, um movimento artístico. Então decidimos escolher o verde, porque essa é a cor original da primeira kubik de Berlim e da maioria das kubik clubs”, formato implementado em São Paulo. Ele também explica que as kubik clubs foram realizadas somente em sete oportunidades, sempre sob a tutela da Balestra, “nesse formato, se mantém o conceito minimal e artístico com poucas cores”.
Por isso, a organização, em conjunto com a Balestra, optou por trazer o verde que predomina na casa, “eles, Balestra, gostam muito desse verde”. E Batalha segue, “o verde, a gente acha bacana porque é uma luz que você vê muito mais refletido do que emitido. Quando você pensa nessa cor, vem uma coisa de tecnologia à mente. E o verde também está associado a uma coisa mais espacial, mais extraterrena. E essa é a cor da kubik. Logo, como é a primeira vez do clube aqui, quisemos fazer algo bem fiel a Berlim, Lisboa, Barcelona. Fiel à kubik club”.
E também não dá para falar sobre o projeto interno sem comentar a respeito do espaço que recebe a festa. O Teatro Mars, que de acordo com Batalha, foi o escolhido “[...] por ser fechado e também por ter um projeto arquitetônico diferente. Se você parar pra olhar, ele é um cubo. Tem um pé direito muito alto, localização fácil pra chegar e bons banheiros”.
kubik no Brasil
Porém, pra tudo isso acontecer aqui em São Paulo, alguns anos foram necessários, já que Batalha tinha a ideia de trazer o conceito para o país desde 2007, mas algumas adversidades deixaram a vontade esperando até o 2016. Ele ressalta que após ver o evento em Barcelona, entrou em contato com a Balestra Berlin, idealizadora do evento, conheceu as pessoas organizadoras e iniciou a jornada. “Eu tentei umas três vezes trazer isso pro Brasil, durante esse período. No início era pro Rio, mas era muito mais difícil do que em São Paulo. O evento lá não rolou, porque foi difícil chegar em uma aposta das marcas”, afirma. Ele lembra que, da vez que ficou mais perto de realizar a festa em terras cariocas, o responsável pela decisão precisava escolher entre a kubik ou um evento com o David Guetta, “[...] depois disso eu desisti de fazer no Rio e pensei em trazer pra São Paulo”.
No entanto, mesmo com a mudança de cidade, a montagem não foi fácil. Batalha conta que o projeto só saiu do papel, após a equipe conseguir aporte de pessoa física, “[...] depois que conseguimos a grana, viemos pra São Paulo para conversar com as marcas. Nós já sabíamos que iria acontecer. E isso acelerou bastante o processo”. E ressalta, “Na verdade só conseguimos chegar nas marcas por causa da kubik, que tem um projeto bom, internacional e já consolidado. Isso abre portas. E mesmo assim foi complicado encontrar alguém que bancasse o projeto, até a Heineken surgir e encabeçar a ideia”.
E por fim, depois de dois meses com a festa na terra da garoa, é hora de saber um pouco mais sobre como rolou a composição dos line-ups que tocaram e vão continuar se apresentando na festa. “A gente tinha algumas pessoas que queríamos que participassem e outras entraram em contato. Então partimos para montar esse mix entre essas pessoas e algumas festas que já acontecem em São Paulo”.
A soma desses fatores, fez com que a kubik fosse estendida até outubro com a novidade de abrir às quintas-feiras, até o meio de agosto. Batalha afirma que ampliar o período de tempo da festa na cidade vai ao encontro do que é realizado em outros países, já que “as kubiks que acontecem ao redor do mundo duram em média quatro meses. Então, a gente está se encaixando melhor no conceito europeu da festa”.
Agora, com mais dois meses, e três festas por semana, a kubik apresenta alguns destaques que já tocaram por lá como o B3B - com Anderson Noise, Mau Mau e Renato Cohen - uma festa da Hypno, primeira agência de DJ´s do Brasil, Selvagem, Entourage - com os DJ´s Thomas Krause, DJ Glen e Alex Stein -. Warung Recordings Showcase, Sonido Tropico entre outros. Como parte dessa seleção, Batalha destaca que o espaço “tem um conceito artístico de trabalhar com a cena brasileira. A maioria dos nossos DJ´s é do Brasil, pra movimentar a cena de profissionais locais”.
E encerra avisando que o projeto deve passar por outras partes do país, “É certo que iremos pra outra cidade. No verão, março ou abril, ainda não foi decidido para onde vamos. Meu voto é Curitiba ou Belo Horizonte. Quando fizermos a desmontagem da kubik, aqui em São Paulo, ai vamos conhecer alguns lugares com as pessoas da Balestra e pensar em um local com eles”, finaliza.
Assim, com alguns finais de semana a mais, ir à kubik em São Paulo é algo necessário para os amantes da música eletrônica. Um espaço que lembra festa entre amigos, com o som ideal para os audiófilos e alguns dos line-ups mais interessantes da temporada. Para saber mais sobre ingressos, quem toca, as datas, e conhecer o set de cada DJ, basta ir à página oficial da festa no Facebook.