Joey Ramone e Marcelo Forlani, no intervalo do especial da 89. |
O meu tio é daqueles fanáticos que aproveita as folgas do almoço, ali no centro de São Paulo, e dá um pulinho na Galeria do Rock (saiba mais no Sampacentro) para ver se chegou alguma novidade. Sempre de camiseta preta, ele vive com fones no ouvido ou então, na casa dele, com um som bem alto. Uma de suas bandas favoritas é o Ramones. Herdei esta peculariedade também.
Na última turnê do Ramones, Adiós Amigos, em 1996, os caras fizeram cinco shows aqui no Brasil. Eu fui em quatro. Antes que você fique bravo comigo, explico porque não fui ao quinto show: o Corinthians jogava no Pacaembu. Calma, não corinthianos, depois do jogo eu fui até o 17º andar da Praça Oswaldo Cruz. Este é o endereço da Rádio 89 FM - A Rádio Rock. Na época, eu trabalhava lá.
Cadu, locutor da madrugada, comandava as pick-ups. Enquanto isso, Kid Vinil entrevistava o lendário vocalista do Ramones num programa que durou mais de duas horas.
Num dos intervalos, eu não aguentei. Fui lá falar com ele. Nada de estrelismo. O vocalista foi atencioso e dispensou uns bons cinco minutos para falar comigo, tempo em que rolava o intervalo comercial. Não lembro de tudo o que falamos, mas de uma coisa não esqueço. Perguntei pro Joey como tinha sido gravar Spiderman. Ele falou que a idéia tinha sido do CJ Ramone (o último baixista da banda), que curtia HQs, mas todos gostaram muito da idéia e se divertiram fazendo a homenagem.
É exatamente uma homenagem que eu gostaria de fazer aqui. Foi um grande choque abrir o jornal do dia 16 de abril de 2001 e ver a notícia inesperada da morte do vocalista da mais influente banda americana de punk (só não digo que é a maior do mundo por respeito aos ingleses do The Clash e Sex Pistols). O sonho de voltar a ver um show do Ramones, de poder conversar novamente com Joey... tudo se tornou impossível.
Este texto acabou ficando pessoal demais, mas é difícil não ser emotivo quando se perde uma pessoa tão querida. Joey era um ícone. Alto, magro, desengonçado, esquisitão. Sua boca, tão pequena, fazia ecoar coisas como Gabba gabba hey e Hey ho! Lets go... sons que nunca vão parar de ser ouvidos e cantados. Adiós, amigo!