Alysse Gafkjen/Reprodução

Música

Crítica

The Black Keys – Let’s Rock

Dupla retorna com álbum estiloso que cativa por sua simplicidade

28.06.2019, às 15H39.

O Black Keys é uma daquelas bandas que, desde que roubou os holofotes, em 2010, serve como resposta aquele antigo clichê de que o rock morreu. Quando o grupo entrou em hiato ao fim da divulgação de Turn Blue, álbum de 2014, pareceu que as paradas perderiam um dos maiores representantes do rock n’ roll, mas felizmente, cinco anos depois, eles estão de volta. Depois de anos tocando em arenas e um merecido descanso de cinco anos, Dan Auerbach e Patrick Carney se reuniram finalmente para seu oitavo álbum de estúdio, Let’s Rock, com a proposta de voltar à suas raízes e ao som básico que os uniu no início dos anos 2000.

Logo de cara, o desejo da dupla de fazer algo mais simples fica bem claro. Os primeiros singles, que incluíram a ótima “Lo/Hi” e “Go”, são exemplos das faixas mais instantaneamente cativantes do álbum, mas mostram que apesar de trazer a sonoridade famíliar e distinta do Black Keys, a dupla não veio exatamente com a mesma inspiração do que no início da década. Ainda, a falta de uma “Lonely Boy” em Let's Rock não é um atestado de derrota, e desde os primeiros acordes da sua ótima primeira faixa, “Shine a Little Light”, o disco se mostra despretensioso. O álbum é feito de letras e arranjos simples, como se Auerback e Carney tivessem se reunido para uma jam, de onde saíram organicamente 12 belas faixas.

O álbum soa absolutamente coeso e tem seus discretos brilhos, que caminham em intensidades diferentes, desde mais pesadas como “Get Yourself Together” e “Fire Walk With Me” até mais singelas, como “Tell Me Lies” e “Sit Around And Miss You”. Let’s Rock remete aos anos 70 e reflete o tempo inteiro o desejo da dupla de voltar as suas origens, com o mais básico do rock ao seu lado. Não há letras profundas ou grandes brisas instrumentais, o que faz de Let's Rock talvez o álbum mais simples do Black Keys até hoje.  

Se distanciando da psicodelia de Turn Blue e sem a energia de hits de El Camino, o Black Keys tomou apenas um passo natural neste estágio de sua carreira. Se há um paralelo entre a relevância da banda no mainstream e a predominância do rock nas rádios, o Black Keys e o gênero exemplificam sua ondulação. Let's Rock soa como o retorno e o aquecimento da dupla, que instiga o público para sua próxima fase. 

Os singles não funcionam tão bem quanto o álbum completo, mas isso faz parte de ser um dos herdeiros e representantes do rock n’ roll de hoje em dia. Let’s Rock é consistente e empolgante, mas funciona mais na íntegra, e por isso deve ficar bem mais longe das paradas do que seus antecessores. Se a ideia de Auerbach e Carney era voltar às raízes, parece que eles fizeram isso profundamente, fazendo um rock mais independente, despretensioso e pessoal.

Nota do Crítico
Bom