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Crítica

Ryan Adams - Prisioner | Crítica

Após divórcio, músico entrega álbum que é o desabafo de um adulto e não um choro adolescente

24.02.2017, às 12H19.
Atualizada em 24.02.2017, ÀS 13H01

Ryan Adams continua explorando a fundo a sonoridade anos 80 e misturando na receita sua sensibilidade única em Prisoner. Com a ajuda do lendário produtor Don Was, Adams expande o que já havia começado em seu disco de 2014: sonoridade bem orientada para o rock, aberta e com uma atmosfera até positiva se a gente considerar que ele acabou de sair de um divórcio que ele mesmo considerou “humilhante”.

"Do You Still Love Me" abre o disco e é um dos poucos momentos onde ele traz esse assunto à tona, como em "We Disappear", mas Prisoner não é um disco de pura lamentação. É um trabalho que serve como válvula de escape, sim, mas mais no sentido de espairecer do que de curtir a fossa.

"Outbound Train" é um dos pontos altos do disco e é daquelas músicas que você sente que já ouviu antes, dada a sonoridade classic rock que ela tem. "Prisoner" e "Haunted House" são melancólicas sem ser depressivas e essa é uma das maiores graças do disco. É um desabafo de um adulto e não um choro adolescente.

A minimalista "To Be Without You" é uma meditação sobre como de uma hora para outra a nossa vida pode dar uma guinada e a gente é pego de surpresa. De repente somos um livro onde as páginas estão rasgadas, lamenta ele, com uma metáfora tão simples quanto eficiente.

Em meio a sussurros acústicos, estrondosos power chords e refrões bombásticos, Prisoner é um poderoso convite à reflexão, ao mesmo tempo em que serve como vitrine para a intimidade de um artista que, sim, sofre como a gente mas que, principalmente, não quer se deixar vencer por isto.

Nota do Crítico
Ótimo