Música

Crítica

Robert Plant em São Paulo | Crítica

Ex-vocalista do Led Zeppelin mostra suas raízes musicais em show na capital paulista

23.10.2012, às 18H14.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H45

Em passagem pelo Brasil, Robert Plant fez a primeira de duas apresentações em São Paulo, no Espaço das Américas, nesta segunda-feira (22/10). Antes do ex-vocalista do Led Zeppelin subir no palco, os arranjos sessentistas de Marcelo Jeneci e uma trilha sonora recheada de música dos anos 50 e 60 envolveram a platéia.

robert-plant

robert-plant

robert-plant

Foto: Uol Entretenimento

Eis que, por volta das 22h, as luzes se apagaram, a música ambiente diminuiu e uma voz iniciou uma introdução que parecia ser a da entrada de um lutador de boxe - ou da nova moda, o UFC. Robert Plant e a Sensational Space Shifters invadiram o palco para apresentar um repertório majoritariamente composto por músicas do Led Zeppelin. Mesmo assim, Plant conseguiu mostrar porquê parece preferir excursionar com este novo grupo ao invés de sua antiga banda.

Apesar de manter os clássicos do Zeppelin - que parecem ser mais um agrado ao público - ele revisita não só o blues, mas os antepassados deste estilo e sua fonte africana. Talvez por isso a Space Shifters tenha o gambiano Juldeh Camara com seu ritti - uma espécie de violino africano de uma corda só. O que a princípio pode soar como sessões de world music, são na verdade uma trilha pela gênese da vertente que o antigo grupo de Plant revolucionou nos anos 70.

Se o blues elétrico de Chicago é representado por "Spoonful" - de Willie Dixon e famosa na voz de Howlin' Wolf -, o estilo sulista de Mississippi está presente pela "Fixin’ To Die", de Bukka White. Já a versão atual de "Gallows Pole", do disco Led Zeppelin III, mistura bluegrass e apalache enquanto Camara duela com Liam "Skin" Tyson e sua guitarra-banjo. É interessante notar como Robert Plant é parte integrante da banda - vez ou outra o cantor arrisca linhas percussivas por palmas ou um grande pandeiro.

Outro ponto interessante no cantor é sua imagem. Cada sulco em seu rosto parecem contar uma história, como seali estivesse um andarilho americano do começo do século, revisitando as principais capitais musicais do país. O restante do repertório teve uma ótima aceitação e muitos se mostraram íntimos com a carreira solo de Plant.

Após encerrar o show com "Whole Lotta Love", a banda voltou ao palco para emocionar a todos no Espaço das Américas e fechar a apresentação com respeito ao Led Zeppelin. Primeiro foi a tocante "Going To California", que inspirou lágrimas de muitos, e foi seguida por uma versão jovial e potente de "Rock And Roll". No fim, Robert Plant respeitou aqueles que queriam reviver os tempos de sua clássica banda e ainda conseguiu com maestria sugerir suas novas experiências musicais.

*Pedro Couto é jornalista e escreve o Dylanesco, blog especializado em Bob Dylan.

Nota do Crítico
Bom