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Crítica

Julian Marley e The Wailers no Rio de Janeiro | Crítica

Filho de Bob Marley toca com a banda do pai leva nostalgia aos fãs

11.01.2015, às 17H30.
Atualizada em 07.11.2016, ÀS 16H01

Em show histórico, nesta sexta-feira, 9, Julian Marley reuniu-se ao The Wailers, banda de seu pai, Bob Marley, para o primeiro de dois shows ao lado do grupo de reggae nacional Natiruts, na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro.

Julian Marley

Julian Marley

A atração internacional abriu a noite. O show marcado para às 22h começou por volta de 1h15 da manhã, com os The Wailers, em sua formação original, tocando sozinhos e aguardando por Julian, que entrou em cena bastante empolgado, cantando "Natural Mystic".

A plateia acompanhou com curiosidade os passos do Marley-filho. Além das semelhanças físicas, que por vezes davam a impressão de estarmos vendo de fato Bob Marley em cena, muito do visual parecia minimamente calculado para saciar essa vontade dos fãs: como os dreadlocks gigantes ou a figurino de bata e jeans, que o veterano costumava adotar. Certos trejeitos do filho em cena eram também idênticos ao do pai, como a mão na testa enquanto cantava, as jogadas de cabelo e os saltos. O quanto disso foi friamente pensado e o quanto é apenas mera inspiração de um filho que tem o pai como ídolo, é impossível definir, mas fato é que a performance de Julian não pareceu nada "forçada" ou mecânica, e tudo no palco com os The Wailers ocorreu com fluidez e naturalidade.

O repertório escolhido foi baseado em sucessos de Bob. A voz de Julian soava potente e única, e o artista parecia bastante à vontade. Mas, em questão de conseguir "hipnotizar" o público com suas interpretações, ficou devendo, tendo em vista que a plateia, hora cantava em coro alto, animada, e hora parecia emudecida, quase apática. E o músico bem fez sua parte, conversou com o público nos intervalos das músicas, pediu mãos para o alto, mostrou carisma e disposição.

Os momentos altos da apresentação dos jamaicanos foram logo no início, com "Survival"; no meio do show com "Stir It Up"; e no encerramento com "One Love", em que todos da plateia cantavam junto. Grandes sucessos acabaram ficando de lado na 1h10 de apresentação, como por exemplo "Redemption Song", "Could You Be Loved" e "Three Little Birds". Até mesmo "Jammin" e "No Woman, No Cry", que apareceram o setlist de diversas apresentações de Julian Marley e The Wailers, nesta turnê pelo mundo, acabaram sendo cortadas no Brasil. A banda deixou o palco sem o famoso bis, e a plateia tampouco se manifestou pedindo por ele.

Quem esperava por uma interação entre o reagge brasileiro e o internacional, anunciados juntos para estes dois dias de shows, ficou só na vontade. O Natiruts entrou no palco já bem tarde, por volta de 3h10 da manhã, mas com a casa ainda lotada. Apesar do calor intenso e de toda a espera, o público seguia animadíssimo.
E o grupo deu conta do recado, com um setlist recheado de sucessos como "O Carcará e a Rosa", "Liberdade pra Dentro da Cabeça" e "Presente de Um Beija-Flor", conseguiu segurar o público cantando junto e de pé, até o fim.

Além dos clássicos, os brasileiros trouxeram ainda covers que agitaram a plateia, como "Céu Azul" (Charlie Brown Jr.), "Uma Mensagem de Amor" (Caetano Veloso) e "A Sombra da Maldade" (Cidade Negra). Ao final da  noite, pode-se dizer que Julian Marley bem que tentou, mas Natiruts foi quem verdadeiramente brilhou na Fundição Progresso.