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Nação Zumbi - Nação Zumbi | Crítica

Em novo disco, banda pernambucana revela a fase tranquila de seus integrantes, mas não ousa como nos trabalhos anteriores

12.05.2014, às 18H06.
Atualizada em 16.11.2016, ÀS 19H05

Desde 2007 a Nação Zumbi não lança nada. Naquele ano, Fome de Tudo era lançado e trazia algumas das melhores faixas de todo o cancioneiro da banda, como "No Olimpo" e "Infeste". Rolaram shows para divulgação do trabalho e em seguida seus integrantes se separaram em projetos solos e paralelos, criando assim um hiato que só teve fim esse ano.

Oficialmente disponibilizado para download na segunda-feira (5 de maio) e produzido por Kassin e Bernas Ceppas (além das participações de Mário Caldato Jr. e Money Mark), Nação Zumbi, se visto num panorama mais amplo, não supera seu antecessor. A faceta despretenciosa que o disco oferece deve ter surgido da reunião dos músicos, que satisfeitos com suas demais atividades, puderam criar tudo com mais calma. A toada manguebeat, orgânica e marcada, não sumiu. Ela continua ao longo das onze faixas, nas quais rock e o pop se cruzam em caminhos pouco ousados, porém bastante eficientes.

Para entender o álbum, basta ouvir com atenção os dois extremos que pontuam a unidade sonora de Nação Zumbi. “Cicatriz”, faixa de abertura e primeiro single, é mais uma balada do que uma canção de rock, apesar de conter uma virtuosidade expressiva da guitarra de Lúcio Maia. Por outro lado, “Foi de Amor” – que assim como “Cicatriz” havia sido tocada em apresentações recentes –, retoma o lado mais bruto do grupo. A melodia embala uma letra que explica os efeitos de uma grande paixão e a percussão pesada marca seu espaço entre uma guitarra eletrizante e a bateria, que por sua vez perpassa toda a canção como um rastejo.

Entre as demais faixas, destaque para "O que te faz rir". A música dá a dica de como ouvir o álbum no seguinte verso: "mantendo a leveza num dia de cão". "A Melhor Hora da Praia", que além da participação de Marisa Monte, conta com a presença de violinos em sua melodia, deixa a porta aberta para "Um Sonho", a balada romântica que tem todos os elementos típicos da Nação Zumbi, em doses certas: uma guitarra com sutis variações de vibrato, aquela costumeira percussão de marcação e um típico "lalala" de Jorge DüPeixe.

A última do álbum, "Pegando Fogo", remete a "Jornal da Morte", clássica de 2000, presente no disco Rádio S.Amb.A. Furiosa, ela encerra num baque forte um disco marcado muito mais pela suavidade. A Nação voltou, mas não mudou. Retornou tão enxuta quanto antes, oferecendo uma trilha para dias difíceis e, sobretudo, para os dias alegres. O otimismo transmitido pela banda pode ser traduzido num trecho de "Novas Auroras", sétima faixa do disco: "vou andando nas horas, atravessando os agoras, dançando as novas auroras". Fica a deixa para os fãs entrarem nessa dança também.

Nota do Crítico
Bom