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Crítica

Morrissey – Low In High School | Crítica

Compositor entrega álbum focado em músicas sobre guerra e perde em não tratar de temas mais pessoais

17.11.2017, às 15H50.
Atualizada em 17.11.2017, ÀS 17H01

O Morrissey lançar um álbum com boas letras não é nenhuma novidade. Um dos melhores letristas da atualidade, o ex-vocalista do The Smiths sempre entrega belas poesias ácidas, cínicas e cheias de auto-crítica. Mas infelizmente, em seu décimo-primeiro álbum de carreira, Low In High School, lançado hoje (17), o compositor deu uma ênfase pesada em músicas políticas e anti-guerra, dando continuidade ao tema tratado em seu último disco, World Peace Is None of Your Business.

E apesar de sua eterna habilidade de letrista ainda estar lá, Morrissey é melhor tratando questões pessoais, como sempre fez, usando o político como pano de fundo. Por isso, no novo trabalho, o primeiro single “Spent The Day In Bed” e “My Love, I’d Do Anything For You”, faixa pesada que abre o álbum, são suas melhores letras.

A grande maioria das músicas de Low In High School fala dos problemas militares e políticos do mundo atual: “I Wish You Lonely”, “I Bury The Living”, “The Girl from Tel-Aviv Who Wouldn't Kneel”, “All the Young People Must Fall in Love” e “Who Will Protect Us from the Police?”. O single “Jacky’s Only Happy When She’s Up On Stage”, traz uma letra enigmática, mas que poderia ser facilmente interpretada como uma narrativa do Brexit.

Mas de modo geral, o trabalho Morrissey traz ótimas notáveis: “The Girl from Tel-Aviv Who Wouldn't Kneel” é uma melodioso e melancólico tango (com atmosfera de klezmer) e “I Bury The Living” é grandiosa e introduz ao fim um coro pesado e estiloso. A nona faixa do disco, “All The Young People Must Fall In Love” é provavelmente a melhor do disco; com uma sonoridade surpreendente e um arranjo minimalista - um piano que soa ao fundo e uma importância maior as percussões - Morrissey inova bastante, sonoramente, em comparação aos arranjos que geralmente entrega. 

A polêmica última faixa, “Israel”, é uma balada ao piano, uma canção de amor a Israel e uma cutucada superficial nos críticos, constatando que seus opositores são apenas invejosos. Em um álbum tão anti-guerra, dedicar músicas ao estado militarizado de Israel é, no mínimo, esquisito. Mas até aí, o eterno controverso Morrissey sempre foi esquisito.

Low In High School traz um pouco do melhor do Morrissey, mas boas surpresas no arranjo fazem do álbum uma agradável adição à sua discografia. Mesmo assim, a acidez poética e egocêntrica que marcou Years Of Refusal, de 2009, faz falta. 

Nota do Crítico
Bom