Música

Crítica

Lucy Rose - Something's Changing | Crítica

Com disco intimista cantora se conecta de forma mais direta com seu público

11.07.2017, às 14H34.
Atualizada em 11.07.2017, ÀS 15H01

Lucy Rose é uma artista muito peculiar. A inglesa de 28 anos, depois de ter lançado dois discos, o último com suporte de uma grande gravadora, resolveu fazer uma turnê pela América Latina contando somente com o auxílio e organização de seus apreciadores. Neste período, dormiu na casa de fãs, e fez diversas apresentações nos locais mais improváveis para alguém que já havia atingido o 9º lugar no chart inglês com seu disco "mais produzido". Agora, após esse processo (definido por ela como renovador), a cantora lançou um documentário e seu terceiro disco de estúdio, Something´s Changing, gravado de forma independente em uma pequena cidade da Inglaterra. Possivelmente, esta foi a melhor decisão da artista que com o novo projeto parece estar muito mais próxima de sua verdade artística.

Assim, Rose entrega um projeto repleto de declarações, boas letras, arranjos calmos e músicas que não pretendem ser grandiloquentes, mas sim chegar ao seu público da forma mais simples e direta possível.

Logo de entrada, algo que já é visível nos shows que vem realizando para mostrar seu novo repertório, todas as camadas e sobreposições sonoras que apareciam no disco anterior ficaram para trás. Algo que agora faz sua mensagem chegar de forma mais poderosa aos seus ouvintes e mostra que o desejo de ficar mais próxima de seus fãs não ficou só nas palavras, mas também foi transferido para seu novo disco, graças a músicas singelas e tocantes.

Com tudo isso jogando a seu favor, a musicista aproveita de sua voz e de uma “cozinha básica" de instrumentos para entregar arranjos em grande parte das vezes minimalistas e que conduzem suas mensagens para um ponto peculiar e bem pessoal. Isso torna a conexão com suas músicas ainda mais fácil. A aposta em uma sonoridade melancólica, algo que Rose já confessou gostar, faz com que o álbum seja capaz de mostrar ainda mais da artista.

Todos esses elementos unidos dão a Something´s Changing um bom percurso sonoro. A trinca de abertura (“Intro”, “Is This Called Home” e “Strangest Of Ways”) é ideal e prepara o clima para o restante do projeto que não apresenta grandes surpresas, mas neste caso, isso o torna ainda mais interessante. Um disco que garante bons momentos durante sua rápida jornada [com pouco mais de meia hora], foge das fórmulas simples e entrega algo diferente justamente por refletir um pouco mais de seu criador. Como parte disto outro detalhe interessante é perceber como Rose, mesmo dentro de um bojo não muito complexo de sonoridades, consegue misturar e apresentar elementos sonoros [timbres] de grupos como Travis, Pink Floyd e The Police, para entregar um resultado coeso, que não cansa e amplia seus caminhos, sem perder originalidade.

Por fim, a cantora inglesa parece ter se entregado à vontade de criar novas histórias, trilhando por um caminho sonoro já conhecido, que nasce básico e ganha novos elementos, mas sem desvalorizar seu projeto. Tudo graças à aposta em arranjos de violão mais elementos básicos do jazz que entregam uma experiência interessante para seus fãs que agora não só curtem suas músicas, mas também fazem parte do projeto da artista, graças à forma como ajudaram a lapidar esse novo capítulo sonoro de Lucy Rose que entrega um disco ideal para tardes calmas de inverno - ouça o disco na íntegra.

Nota do Crítico
Ótimo