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Crítica

Lady Gaga em São Paulo | Crítica

Mother Monster impressiona os fãs com superprodução e muita mise en scène

12.11.2012, às 15H59.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H41

Neste domingo (11/11), fãs, curiosos e fanáticos "little monsters" se reuniram no Estádio do Morumbi, em São Paulo para assistir ao show de Lady Gaga.

lady-gaga

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Fotos: T4F/Jorge Torquatto

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A noite começou com uma esquisitíssima performance de Lady Starlight, amiga de longa data da cantora que a acompanhou no início de carreira. A seguir, The Darkness subiu no palco para aquecer a plateia - mas a recepção não foi das melhores. A todo momento, o povo gritava por Gaga. Para piorar, logo na primeira música começou uma chuva forte. Com uma apresentação curta para uma plateia que só conhecida seu maior hit, "I Believe in a Thing Called Love", fica o questionamento se embarcar em turnê com Lady Gaga foi mesmo a melhor decisão para a nova fase da banda. Optando por encher os bolsos de dinheiro, The Darkness abriu mão de conectar-se com seus próprios fãs em uma turnê sua.

Com cerca de meia hora de atraso, finalmente caiu a cortina que escondia a monumental estrutura cenográfica da Born This Way Ball Tour. Com forma de castelo medieval, o cenário tinha partes móveis que se abriam e fechavam durante a apresentação. Os músicos ficavam tocando escondidos lá dentro e foram revelados aos poucos. Lady Gaga fez sua grande entrada vestindo um corset preto cravejado de cristais e uma estrutura de exoesqueleto que cobria seu rosto inteiramente.

Levada por um cortejo de dançarinos, alguns embaixo da roupa de cavalo que a carregava, Gaga fez seu desfile de abertura e começou o show com "Government Hooker". Para a segunda música, a frente do castelo se abriu revelando pernas e um útero inflável. A cantora então deu a luz a si mesma, como no videoclipe, e cantou o hit "Born This Way", para o delírio dos fãs. Neste momento, ela e seus dançarinos estavam com um figurino totalmente diferente, de tecido látex cor da pele.

O primeiro segmento do show impressionou como superprodução, revelando cada canto do cenário e com a cantora e seus dançarinos trocando de figurinos em todas as músicas. A mise en scène era tanta que tinha mais importância que o próprio som, com backing tracks completando os números enquanto a Gaga já preparava-se para o próximo número. No entanto, isso parecia não importar, pois esta dinâmica foi incorporada à linguagem do show e ao universo da cantora. Já estamos acostumados a não ver Lady Gaga - ela pode estar cantando com uma máscara que cobre seu rosto inteiramente, escondida no cenário ou pode simplesmente nem cantar.

Uma característica que diferencia Lady Gaga das outras cantoras pop é justamente o fato dela não precisar estar em evidência o tempo todo, quebrando a clássica estrutura da cantora encabeçando seu corpo de baile em todas as coreografias, por exemplo. Gaga faz experimentações, aparece imobilizada - como em "Americano", em que cantou amarrada num gancho de açougue e usando seu clássico vestido de carne, aqui em versão estamparia e não literal -, ou quando entrou compondo as partes de uma motocicleta, como a capa transhumanista de seu terceiro disco.

O setlist foi equilibrado, formado por hits de todos os seus três discos - "Judas", "You and I", "Just Dance", "Poker Face", "Lovegame", "Alejandro" e "Telephone" não podiam faltar - e as músicas menos conhecidas da fase Born This Way, como "Electric Chapel" e "Bloody Mary". "Bad Romance" marcou um dos pontos altos do show, com Gaga saindo de dentro de um ovo branco translúcido, como no videoclipe, e a plateia vibrando e cantando junto. Nesta música ficou claro que Lady Gaga também usa de artifícios como playback, especialmente nos refrões de algumas músicas que exigem o maior esforço de coreografia. Ainda assim, esse uso é muito sutil e dosado. Ela canta todas as estrofes, até improvisando, e a voz que ouvimos no show é fiel ao álbum.

Outro momento importante foi quando ela parou para interagir com os fãs e abrir os presentes que atiravam para ela. Sentada nas escadas de seu castelo cenográfico, a cantora chamou pessoas ao palco, leu suas cartinhas e até se emocionou com o colar que um grupo mandou gravar só para ela. Aqui percebemos a entrega verdadeira da artista, e que todo o discurso que parecia uma esperta estratégia de marketing é bem real para Gaga. Ela de fato adora seus fãs, recebia feliz todos os seus abraços e até tentava imitar o que falavam em português. Levou três deles para sentar ao seu lado no piano/moto enquanto cantava "Hair", o momento calminho do show, que todos cantavam com as mãos para cima.

A apresentação chegou ao fim com "Paparazzi" e "Scheiße", e Lady Gaga voltou para o bis com "The Edge of Glory" e "Marry the Night". Antes do show só se falava no fracasso de bilheteria, mas parece que o esforço final de vendas da Time For Fun valeu a pena, conseguindo encher o estádio e deixar as 50 mil pessoas presentes eletrizadas por Gaga.

Confira a nossa galeria de fotos do show

Nota do Crítico
Bom