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Crítica

Kings of Leon - WALLS | Crítica

Menos rígido e previsível, disco busca som da fase pop com a essência do início da banda

20.10.2016, às 14H45.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H41

 

Desde o sucesso arrebatador de Only By The Night, de 2008 - quando os veteranos pós-punk de garagem decidiram açucarar seu som e viraram fenômeno mundial ao emplacar dois dos maiores hits daquele ano ("Sex On Fire" e "Use Somebody") - o Kings Of Leon parecia que vinha repetindo a mesma fórmula a cada novo álbum.

Come Around Sundown, o disco seguinte, foi meio decepcionante mesmo para os fãs da nova sonoridade da banda, com poucos bons momentos em meio a um punhado de tentativas insossas de repetir o fenômeno do trabalho anterior. Mechanical Bull já resolveu esse dilema um pouco melhor pois foi mais espontâneo, mas ainda assim soava preso à sombra de Only By The Night.

Felizmente, não é o caso de WALLS.

Menos previsível e menos rígido, o novo trabalho agrada mais justamente por não se cobrar tanto. O disco é relativamente curto e até por isso funciona melhor. As músicas são mais diretas ao ponto, com menos firulas de produção. Some a isso a visão diferente e reciclada do produtor Markus Dravs, que já trabalhou com Florence + The Machine e Arcade Fire, e o resultado é positivo, libertando o Kings Of Leon do fantasma que eles mesmos criaram.

"Waste a Moment" é uma abertura promissora, poderosa e que dá gosto de ouvir. "Around The World" é inspirada, com uma das melhores melodias do disco e também com viradas surpreendentes de estrutura. "Conversation Piece" e "Muchacho" têm uma crueza bem-vinda, que quebra os ares de superprodução do resto do disco.

"Find Me" e "Reverend" são pulsantes e estão entre as melhores músicas que a banda fez em anos. Duas das grandes baladas do disco, a faixa-título "WALLS" e "Over" são grandiosas à la Coldplay e U2, com tudo para fazer os grandes estádios vibrarem e cantarem junto, à luz de milhares de celulares acesos. Se isso é bom ou ruim, vai depender do tipo de fã que você é.

Claramente a banda está tentando depender um pouco menos da sonoridade de arena de Only By the Night, mesclando o som dos últimos 3 discos com um pouco da essência dos 4 primeiros.

Não quer dizer que WALLS seja um novo Because Of The Times e a ideia nem é essa. WALLS aiinda é bem mais pop e comercial do que tudo que eles fizeram antes de 2008, mas é animador perceber que eles estão tentando se renovar mesmo com uma zona de conforto tão atraente tentando atrapalhar.

Nota do Crítico
Bom