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Música
Crítica

The Horrors - Skying | Crítica

Em seu terceiro disco, The Horrors conquista a superação, mas só por alguns momentos

FS
08.08.2011, às 00H00.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H40

Em 2009, o The Horrors surpreendeu a todos com seu excelente segundo trabalho de estúdio, Primary Colours. Dois anos após sua estreia (Strange House, 2007), mostravam um enorme amadurecimento, abandonando suas raízes de garage-rock ao ponto de ficarem praticamente irreconhecíveis. Felizmente, a transformação foi bem-sucedida, pois agradou à maior parte da crítica, e converteu em fãs muitos que não suportavam o grupo anteriormente. Agora, com seu terceiro lançamento, Skying, resta à banda a árdua tarefa de cumprir com expectativas altas, talvez até em excesso, trazidas por seu ótimo trabalho anterior.

Primeiramente, deve ser notado que seria irracional esperar novamente uma grande mudança entre o segundo e o terceiro disco. Na verdade, seria mais correto afirmar que Primary Colours marcou uma completa reformulação do quinteto, e que Skying traz uma evolução natural daquela nova sonoridade. A influência de artistas ingleses como Bauhaus e Joy Division continua palpável, resgatando os melhores elementos destes por meio de uma elegante combinação de guitarras e sintetizadores, mas com algumas diferenças fundamentais.

A principal mudança é a maior ênfase dada ao tecladista Tom Cowan. Se antes ele já demonstrava ter o potencial de se sobressair criativamente aos outros integrantes, aqui ele o concretiza. Sua grande versatilidade nos sintetizadores acaba dominando grande parte das composições de Skying e, consequentemente, moldando a sonoridade do álbum. As belas faixas "Still Life" e "I Can See Through You" seriam apenas mundanas, não fosse pelos floreios bem colocados Webb. São raras as vezes em que ele não é ouvido, mas sem fazer com que sua presença seja intrusiva.

Um lado negativo do destaque de Webb, no entanto, é a relativa ausência do guitarrista Joshua Hayward, que passou a ter uma influência pequena, apesar de mostrar mais diversidade em seus riffs. Ele também utiliza menos o eco da glide guitar - técnica que emula o grupo My Bloody Valentine, que era uma das principais características de Primary Colours -, estabelecendo uma identidade sonora diferente aqui. O melhor trabalho de Hayward em Skying é, sem dúvida, "Endless Blue", que, após uma lenta introdução, se transforma em uma canção pesada, levada por um riff que lembra os tempos áureos do Sonic Youth.

Infelizmente, quem não mudou tanto foi o vocalista Faris Badwan, que continua cantando (ou, em alguns casos, gemendo) como se estivesse numa constante fossa emocional. O clima depressivo não é o problema, exatamente, mas sim o fato de que a tonalidade de sua voz se mantém praticamente sem variação durante os cinquenta minutos do álbum, o que inevitavelmente acabará cansando vários ouvintes. O estilo vocal de Badwan ainda é apropriado para o The Horrors, mas não acompanhou o crescimento dos outros integrantes.

O maior sinal de evolução da banda está na sua capacidade de prolongar algumas canções. Enquanto até as faixas mais básicas estão todas acima dos 4 minutos de duração, há dois momentos notáveis em que o grupo se entrega, com grande naturalidade e sucesso, ao rock progressivo. "Moving Further Away" e "Oceans Burning" lentamente se expandem, com todos os músicos trabalhando em perfeita harmonia, transformando-as em canções épicas. Também são os melhores exemplos da atmosfera etérea e celeste que permeia toda a gravação, como indicado pelo seu título e capa. O esforço realizado para estabelecer esse som particular no disco é de grande mérito, especialmente considerando que a produção ficou a cargo da própria banda.

A execução de todas as composições é igualmente impressionante, mas logo se revela que algumas têm muito mais profundidade que outras. Infelizmente, para cada faixa notável, há outra quase completamente esquecível. Enquanto certas músicas são cativantes e demostram um genuíno desenvolvimento da banda como um todo, outras não acrescentam nada de diferente ou particularmente bom à sua carreira. "You Said" e "Wild Eyed", por exemplo, funcionam bem o suficiente para a se encaixar no contexto do álbum, mas não têm substância o bastante para chegar perto do melhor material produzido pela banda.

Não há erros gritantes em Skying - só uma peculiar falta de acertos. É uma situação similar com a que ocorreu no mais recente trabalho de estúdio do Incubus: metade das faixas mostra o grupo em plena forma, e outra metade causa uma indiferença tão grande que quase não justifica os 50 minutos de duração. Há clara evidência de que o The Horrors conseguiu expandir e melhorar seu som além do excelente Primary Colours, com algumas de suas melhores canções até agora, indicando uma boa promessa para o futuro. O que lhes resta é conseguir produzir, novamente, esse nível de excelência em um disco inteiro.

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Nota do Crítico

Bom
Fernando Scoczynski Filho