Castello Branco é, sem dúvida, um artista reconhecido por sua sonoridade quase etérea, capaz de conversar com corações e mentes um pouco mais acostumados a sonoridades orgânicas, com pitadas de MPB, Bossa Nova e uma boa dose de violão de nylon.
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Suas músicas quase sempre chegam a sua audiência como um mantra, despejando calmaria no espaço. No entanto, neste sábado (2) o músico/compositor de 31 anos irá mostrar uma nova possibilidade para os sons que fazem parte de seu disco mais recente, Sintoma, ao desconstruir seus sons característicos e trabalhar com elementos eletrônicos. Castello conversou com Omelete e contou um pouco mais sobre o porquê deste novo projeto e alguns detalhes interessantes sobre os novos caminhos.
De entrada, Castello Branco comenta que a busca por desenvolver um projeto com elementos eletrônicos começou justamente com o Sintoma (seu 2º disco, lançado em 2017) e também com a Kubik - instalação/clube alemã que teve sua primeira edição brasileira realizada em São Paulo, em 2016, e da qual o artista integrou a equipe responsável pelo projeto.
Ele destaca que ficou impressionado quando entendeu o que significa realmente o sintetizador, “a possibilidade da síntese do som”, e destacou: “Como eu venho da palavra, da poesia, e pra mim poesia é a síntese de um sentimento, na música não é diferente. Eu entendi que a síntese do som é a poesia do som. O sintetizador, que é um instrumento muito utilizado na música eletrônica, nasceu nesse contexto, é a possibilidade de fazer poesia no som”.
Outro link traçado por Castello para explicar seu link com os sons eletrônicos vem da compreensão da repetição nesse segmento. “Como na oração e nos mantras, essa coisa da gente ficar repetindo, cria um transe. Então, esse universo de repetição e síntese foi o que me puxou pra música eletrônica”.
Sobre as mudanças que o trabalho com essas sonoridades podem trazer para seu repertório, Castello diz que o principal deve ser a possibilidade de colocar o foco não mais na canção, mas sim na forma como o som irá fluir como parte desta repetição. “É um foco maior no som que acaba tirando um pouco o peso da canção. Não que eu ache que é um peso, porque eu gosto da canção. Na verdade é assim que eu componho, trabalhando muito na canção. [...] Mas a mudança que isso me traz, é o sossego de focar menos na canção e poder, harmonicamente - e por meio do som -, ficar mais solto e contar uma história musical que não fica só fechada na poesia da palavra e da canção”, salienta.
Com isso em destaque, o show deste sábado (2) é o pontapé do projeto Castello Dança: Sintoma, um álbum - que deve ser lançado dentro de dois meses - com remixes de seu disco mais recente. Logo, a apresentação será focada na desconstrução dessas faixas. “Eu e os dois meninos que estão comigo neste formato temos como direcionamento manter alguns arranjos das músicas do Sintoma, mas buscando a desconstrução delas. Fazer com que elas não soem como canções, mas sim como momentos harmônicos, para que a pessoa possa só sentir a dança e não tenha que ficar prestando atenção na canção. É pra fazer com que ela entre, ali, naquele transe que a música eletrônica proporciona. Então o processo não é criar algo novo, mas sim desconstruir o que já foi feito”. O formato do show (que também chama Castello Dança) é algo pensado para dançar, “mais pro movimento, pro som da pista”.
O músico aproveita para enfatizar que o show surgiu como o efeito do disco que vai trazer os remixes de suas faixas, cada um criado por um DJ/produtor diferente e que será lançado pelo selo da Sonido Trópico, coletivo de festas paulistano que tem em seu DNA as sonoridades eletrônicas mais orgânicas e melodiosas.
Sobre o lançamento, Castello adianta que ele e sua equipe já estão se preparando pra isso há algum tempo e que após esse momento ele deve sair em turnê com o novo projeto. No entanto, o músico aproveita para ressaltar: “Nestes shows eu não vou tocar as músicas criadas pelos DJs. O live será o meu live, será como o projeto que tem início neste sábado”, enfatiza.
Castello apresenta seu novo projeto, Castello Dança, na Sonido Trópico apresenta: Nu. Os ingressos ainda estão disponíveis. Informações aqui.