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Camila Cabello simula tudo o que não é em show irregular no The Town

Cantora se apresentou domingo (14) no festival em São Paulo (SP)

3 min de leitura
14.09.2025, às 21H54.
Atualizada em 15.09.2025, ÀS 01H04

Créditos da imagem: Camila Cabello no The Town (Reprodução)

Que Camila Cabello usa e abusa do playback, não é lá grande novidade. Durante o show de hoje (14) no Palco Skyline do The Town 2025, o ruído que saiu das caixas de som do festival para fazer as vezes de vocal flutuou espetacularmente: zumbidos anasalados nos números reggaeton do começo da setlist, agudos robotizados quando o show pendeu para o hyperpop, graves encorpados no rock teen "Never Be the Same".

Pessoalmente, eu colocaria meu dinheiro nesta última como a voz verdadeira de Cabello. Nos números em que ela aparecia, ouvia-se mais dos ruídos do microfone e da respiração da cantora, e ela se mexia menos, sem dúvida tentando manter o fôlego.

E não é uma má voz - há um alcance e um apelo considerável nela, na verdade -, mas a elasticidade dos gêneros representados na discografia de Cabello parece ditar, ou ao menos é isso que ela acha, um tratamento pesado nessa voz para cada ocasião. E tome efeitos texturizados, flutuação de volume, gritos recortados porque a equipe de som não estava ligada o bastante para restaurar o som quando a artista resolveu falar com o público.

O playback não é nem exatamente o problema, veja bem. O problema é o que ele revela sobre Cabello como a artista que é, e quer nos convencer que é.

A saber: ela é uma cantora perfeitamente afinada, uma jovem performer com energia admirável e a vontade evidente de expressar sua sensualidade, confiança, potência no palco. Uma artista com impulso dramático e vontade de se comunicar com o público, ser amada por ele. Não é preciso muito mais do que isso para fazer um bom show pop, mas Cabello parece achar que sim.

Daí que ela passa boa parte da apresentação tentando nos convencer de que é mais, e faz mais, do que isso. Não basta saber cantar, é preciso ter todas as vozes. Não basta ser sensual, é preciso ser goshhhtosa (que parece ser a palavra em português favorita da cantora), um mulherão que faz pose de pin-up a cada movimento. Não basta dramatizar, é preciso atingir as marcas no chão do palco que popstars maiores deixaram para trás. Não basta agradar o público, é preciso se dizer brasileira e cantar "Ai Se eu Te Pego" ao violão.

Essa vontade de ser algo algo que não é faz do espetáculo de Cabello, às vezes, uma perseguição exaustiva.

Melhor mesmo é a performance de "Señorita", reimaginada como um mambo simples ao piano, levado em vocais ao vivo refrescantemente diretos, com passos de sensualidade inerente que acabam em uma bela (e quente) dança de Cabello com um de seus bailarinos. Aqui, ela parece ser, ao invés de buscar. E isso, evidentemente, é muito mais bacana de se assistir.

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