Andando em direção ao estádio Paulo Machado de Carvalho, o famoso Pacaembu, era possível ver homens e mulheres. Alguns de mãos dadas, outros, em grupos. As idades e sotaques também variavam. À véspera de um feriado religioso, enquanto as marginais paulistas estavam congestionadas, a multidão só queria uma coisa: ver deus!
O altar montado era grande. Nele, o objeto cultuado parecia não ter mais do que 2 cm. A energia emanada em forma de som, no entanto, era de uma potência inexplicável e chegava a ser onipresente e contagiante. Olhando com atenção era possível perceber que a barba por fazer pouco lembrava o rosto de outros tempos.
Com a sua cobiçada Stratocaster à tira colo veio Father´s Eyes e a lenda passou a se tornar verdade na frente de milhares de pessoas. A guitarra chorava em suas mãos. Não porque era maltratada, mas sim pelo carinho mútuo que existia ali. Em certas horas, Ele tentava fingir um desdém, largando o braço da sua companheira. Eles estavam só fazendo uma cena. Seus corpos não deixavam de se tocar um só instante.
No bis, um pouco do crème-de-la-cream: Sunshine of Your Love. O show acabou um pouco antes da meia noite e ficaram faltando After Midnight e I Feel Free, mas sinto-me livre para dizer que com a versão de Somewhere Over the Rainbow (o clássico de O Mágico de Oz), eu saí de lá caminhando por tijolos de ouro. A expressão deixar nas mãos de deus ganhou ali um novo significado.