Mangás e Animes

Crítica

Sword Art Online Progressive reorganiza protagonismo em história sem novidades

Filme remonta história do anime por outra perspectiva

11.03.2022, às 16H04.
Atualizada em 16.03.2022, ÀS 16H16

Quase uma década após a estreia da primeira temporada de Sword Art Online, o autor Reki Kawahara decide revisitar o início da trama através de uma nova perspectiva. Com o filme Sword Art Online Progressive - Ária de Uma Noite Sem Estrelas, cujo roteiro é de sua autoria, Kawahara reorganiza o foco de sua história colocando a personagem Asuna como a grande protagonista. Apesar das mudanças e de novos personagens, o longa patina em eventos já conhecidos e parece não se esforçar para agregar algo realmente novo à franquia.

O ponto forte do longa está em seus primeiros minutos, quando vemos a história de Asuna antes do SAO. Na vida real, a personagem se mostra muito diferente da guerreira vanguardista do jogo e nem sequer tinha contato com o universo das grandes franquias de videogame. Incentivada por sua amiga, Misumi (Mito, no jogo), Asuna decide experimentar o SAO, mas acaba presa no jogo mortal com os outros milhares de jogadores. Ainda sem conhecer Kirito, grande protagonista do anime, ela parte com Mito em busca de zerar o jogo — a única maneira de sair dele com vida. Assim como Kirito passa muitos episódios longe de Asuna, no anime, no filme a personagem também enfrenta muitas coisas antes de encontrá-lo.

Apesar de não conter muitas mudanças em relação à obra original, Ária de Uma Noite Sem Estrelas acrescenta algumas passagens importantes para que o espectador possa mergulhar um pouco mais fundo na história do castelo negro de Aincrad. O longa transforma a história dos dois primeiros episódios em um conto com cerca de 90 minutos, e para isso preenche a tela com momentos menos importantes. Mais uma vez, Kawahara utiliza o fato de que a morte no jogo também mata o jogador na vida real para dar mais dramaticidade à sua história. Esse é certamente o principal recurso da primeira parte do anime, e retorna no longa de maneira menos bárbara, provavelmente para fugir de classificações indicativas mais rígidas.

O filme reapresenta o olhar do autor para sua obra através de outro ângulo, por isso é comum que fãs sintam falta do protagonismo isolado de Kirito, mas ele não faz falta em praticamente nenhum momento do filme. O papel de proteção e companheirismo que o personagem carrega no anime é transferido para Mito, no filme. A nova personagem está ali para justificar a brusca mudança na postura de Asuna ao longo dos anos no jogo. Assim como Kirito, ela é muito habilidosa e participou da fase de testes do jogo, por isso está acima dos demais jogadores, mas não deve ter o mesmo destaque na sequência do filme, que já está em produção e estreia neste ano no Japão.

As habilidades dos personagens ficam ainda mais interessantes sob a direção de Ayako Kono, que dá aos golpes um tom tridimensional mais parecido com os jogos da atualidade. Porém, o filme peca justamente pela falta de grandes embates, que entregaram sempre uma carga extra de emoção às histórias de Kawahara. Ainda assim, o trabalho visual do longa proporciona uma experiência visual muito positiva para o público da tela grande.

Com exceção dos novos personagens e da história prelúdio de Asuna, o filme não traz muita novidade para o universo canônico de Sword Art Online. A produção deixa claro que a intenção não era prender o público pela inovação, apenas trazer mais detalhes de uma história já conhecida do início ao fim. Talvez a falta de uma reviravolta inédita deixe um gosto decepcionante para o espectador.

Tentando se equilibrar sobre erros e acertos, Sword Art Online Progressive: Ária de Uma Noite Sem Estrelas é um reencontro entre autor e obra que não beneficia o espectador fã da franquia. Ainda assim, o filme tem todos os elementos necessários para cativar um público que ainda não tenha contato com a história original, que canonicamente se passa em 2022. Apostando no tom introdutório, o longa-metragem caminha para ser o primeiro passo rumo a uma grande leva de filmes animados que mostrarão o lado B dos personagens além do protagonismo de Kirito.

Nota do Crítico
Regular