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Entrevista

Liga da Justiça | “Gal Gadot tem uma voz rouca cativante”, diz dubladora da Mulher-Maravilha

Flávia Saddy também dubla a Rainha Amidala de Star Wars

17.11.2017, às 13H03.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H41

Muitas polêmicas e gestos de coragem cercam a imagem da atriz israelense Gal Gadot, que ajudou Mulher-Maravilha a arrecadar US$ 821 milhões pelo mundo e que, neste momento, contribui para o sucesso internacional de Liga da Justiça. Há quem questione seu envolvimento com o exército de Israel e muito se fala de sua postura com o diretor e produtor Brett Ratner, agora conhecido por seu sexismo. Mas nada disso conta na hora em que Flávia Saddy, a atual dubladora da estrela no Brasil, vai para as bancadas e empresta sua voz à poderosa amazona. O que importa, para a atriz carioca, é o simbolismo feminino por trás de Gadot e os detalhes maviosos do seu gogó.

"A Gal tem uma voz rouca, diferente, cativante. Quando o Guilherme Briggs me chamou para fazer o teste no filme Batman Vs. Superman, tentei chegar o mais próximo do timbre dela", diz Saddy. "Nas gravações da dublagem de Mulher-Maravilha, sob a direção de Andrea Murucci, assistia várias vezes à cena para tentar ser o mais fiel possível à intenção das inflexões e a esse timbre tão peculiar. O tom dela mistura força e suavidade ao mesmo tempo e foi necessário muito cuidado para não fazer 'a mais' nem 'a menos' na dublagem".

Ela também dubla Gadot na versão brasileira da Liga da Justiça, atualmente em cartaz. "Espero que a geração que vai crescer vendo essa heroína tenha consciência do seu próprio poder e dos seus deveres e direitos como ser humano. Hoje, as mulheres estão reconquistando um espaço que, em muitas culturas antigas, já foi delas. As amazonas são seres mitológicos? Sim, mas o que é a mitologia senão um espelho da própria humanidade", afirma, orgulhosa de ter dublado a Chelsea na série As Visões da Raven e a Chloe do cultuado Smallville. "Em muitas sociedades antigas, as mulheres desempenhavam um papel tão ou mais importante que o dos homens. O ideal não é que um suplante o outro, mas que possamos viver em respeito total, um em relação ao outro. Feliz será o dia em que não tenhamos mais que lutar para garantir nosso lugar pois este será natural. O dia em que não falemos mais de 'homens' ou 'mulheres', mas de pessoas. Enquanto esse dia não chega, ainda há trabalho a ser feito. Então é um privilégio poder participar desse momento dando voz à uma personagem tão emblemática quanto a Mulher-Maravilha".

No currículo dela, que é filha da também dubladora Marlene Costa (voz de Sigourney Weaver) e irmã de Fernanda Baronne (voz de Kim Possible), consta a dublagem de um outro ícone de nobreza dos cinemas.

"Dublar os três primeiros episódios da saga Star Wars foi como realizar um sonho. A primeira trilogia produzida marcou a minha infância. Eu me lembro do dia em que soube que havia passado no teste para fazer a voz da Padmé/Amidala: fiquei extremamente feliz!", conta Flávia Saddy, que também já dublou a nada aristocrática Lisa de Os Simpsons. "Foi através do trabalho em Star Wars que comecei a dublar a Natalie Portman em outros filmes. Ela é, sem dúvida, a atriz que mais gosto de dublar".