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Artigo

Intriga internacional pode prender público em Polaris, mas drama não convence

Série que faz a ponte entre Coreia do Sul e EUA fica no “quase” quando se trata da qualidade

3 min de leitura
12.09.2025, às 15H12.

Créditos da imagem: Jun Ji-hyun em cena de Polaris: Conspiração Política (Reprodução)

Os primeiros episódios de Polaris: Conspiração Política, nova aposta do Disney+ no filão dos k-dramas, têm um motor propulsor inegavelmente sedutor: o mistério intrincado, e de ramificações globais, que se esconde por trás do assassinato do candidato a presidente sul-coreano Jun-ik (Park Hae-joon, em pouco mais do que uma participação especial).

O incidente dá o pontapé inicial em uma investigação comandada por sua viúva, a diplomata Mun-ju (Jun Ji-hyun, de Kingdom), e pelo agente secreto expatriado San-ho (Gang Dong-won, de Invasão Zumbi 2), desvelando segredos do falecido e conexões inesperadas com o conflito entre EUA e Coreia do Norte. Conflito que, no universo da série, está esquentando de tal forma que o papo sobre a queda do regime de Kim Jong-un e a reunificação das Coreias se mostra mais urgente do que nunca no contexto das eleições presidenciais do país.

A roteirista Jeong Seo-kyeong (Decisão de Partir) mergulha nas águas turvas dessa discussão política com cautela, reconhecendo movimentações sociais muito reais que ocorrem na Coreia do Sul (é citado, por exemplo, que boa parte dos jovens do país não apoiam mais uma reunificação) e integrando-as a uma história que só quer falar do tema colateralmente, quando muito. Polaris está mais interessado, mesmo, em criar um thriller de espionagem instigante o bastante para te obrigar a dar o play no próximo episódio.

Isso, a série faz com eficiência. Com episódios mais curtos do que a média para os k-dramas, Polaris sabe onde deixar os seus ganchos e o quanto investir em cada relação que cerca a protagonista Mun-ju - a saber: exatamente o bastante para que nos sintamos instigados com a possibilidade dessas pessoas a traírem. Mas se, nesse sentido, o texto se mostra fluente e ágil, em alguns outros há inchaços que impedem a série de elevar o tom do seu entretenimento.

Exemplo óbvio é a inesperada discussão que Polaris levanta sobre religião, seu papel nas decisões políticas tomadas por um país, na plataforma de uma eleição, mas também na intimidade de um casal. Por falta de termo melhor, há um tom reacionário nos diálogos que tangem esse tema, e nos conflitos folhetinescos que ele levanta - vai ver a roteirista estava vivendo uma crise de fé, mas é difícil entender como todo esse drama litúrgico se entrelaça com a história de intriga política que forma a espinha dorsal da trama.

Também é pouco encorajador o caminho trilhado pela direção, compartilhada entre Kim Hee-won (As Três Irmãs) e Heo Myung-haeng (Força Bruta: Punição). Forçando uma sobriedade e uma elegância que não se impõem como natural, ao menos nesses primeiros episódios, as cenas mais dramáticas da série se apequenam diante da coreografia de luta ágil e impactante dos momentos de adrenalina. Acompanhada de uma trilha sonora intrusiva de acordes graves de piano, Polaris convence muito pouco como produto estético.

Não é de se duvidar, no entanto, que os assinantes do Disney+ vão continuar assistindo - é da natureza humana querer virar “só mais uma” página de um thriller duvidoso, mas patentemente tenso. Funciona na literatura, e não tem porque não funcionar no streaming.

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