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Os vilões do Homem-Aranha - Parte II

Os vilões do Homem-Aranha - Parte II

06.07.2004, às 00H00.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H40

Quanto mais poderoso o vilão, mais valoroso é o herói que o derrota.

Se for verdade o que diz esta sentença, então não é de se surpreender por que o Homem-Aranha é considerado um dos maiores super-heróis de todos os tempos. Seu elenco de adversários reúne alguns dos mais emblemáticos nomes de todo o gênero. Confira a seguir cada um destes expoentes da malvadeza.

[ Os vilões do Aranha - PARTE II ]

Escorpião

Primeira Aparição: Amazing Spider-Man #20

Quando o Homem-Aranha fez suas primeiras aparições públicas, uma coisa já intrigava o editor do Clarim Diário, J.J. Jameson: como é que aquele colegial franzino, Peter Parker, conseguia sempre tirar as melhores fotografias do herói em ação? Intrigado, J. J. contratou um detetive particular, Mac Gargan, para seguir o garoto e descobrir o segredo. A motivação de Jameson logo passou, quando ele soube do trabalho de Farley Stillwell, um cientista que trabalhava com mutações em animais. Oferecendo uma quantia de dinheiro considerável a ambos, Jameson convenceu Gargan a ser uma cobaia para Stillwell. A idéia era que Stillwell usasse seu soro experimental para conceder a Gargan uma força superior à do Homem-Aranha. Com isso, Gargan poderia derrotar e desmascarar o herói. Stillwell usou material genético de um escorpião e Mac Gargan passou a força e agilidade proporcionais à desse aracnídeo. Vestido com um traje que incluía uma cauda com ferrão controlados mentalmente por Gargan, o Escorpião estava pronto para o herói aracnídeo.

O Escorpião foi à caça do Aranha e derrotou o herói em seu primeiro embate, deixando o Aranha inconsciente, mas vivo. Involuntariamente, já que o poder subiu à cabeça de Gargan. Isso, aliado ao fato de sua mente ter sido danificada durante os experimentos de Stillwell, tornaram Gargan insano, a ponto dele passar a sentir ódio não só do cientista, como também de Jameson. Além, é claro, do Homem-Aranha. Ele assassinou Stillwell e só não conseguiu seu intento com relação à Jameson porque foi impedido pelo Homem-Aranha.

O Escorpião é o típico vilão clássico que, além do constante desejo de vingança contra Jameson - por tê-lo transformado numa aberração - e contra o Aranha - devido às constantes derrotas - é bastante ambicioso. O Escorpião seria um assaltante de segunda, não fossem os super poderes. Isso o tornou um supervilão de segunda. A exemplo do Electro, o Escorpião não tem um intelecto muito privilegiado, até porque é quase insano, e só leva vantagem nos confrontos com o Aranha devido à sua superforça, que chega a ser maior do que a do herói aracnídeo. Ao longo da história os confrontos entre os dois nunca chegaram a trazer muitas conseqüências para o Aranha.

Depois de anos entrando e saindo da prisão, um pouco de sanidade parecia ter voltado à mente de Gargan e ele resolveu se aposentar como o Escorpião. Seria a famosa mais um último trabalho e eu paro. Ele estava empenhado mesmo em esquecer seu ódio contra o Aranha e Jameson em troca de um pouco de paz. A resolução, porém, durou pouco e o Escorpião voltou à ativa, mais forte e perigoso.

Rei do Crime

Primeira Aparição: Amazing Spider-Man #50

Apesar de ser um tradicional inimigo do Demolidor, o Rei do Crime fez sua primeira aparição nos quadrinhos em Amazing Spider-Man # 50. Wilson Fisk começou sua vida de crime aos 12 anos, quando cometeu seu primeiro assassinato. Aos poucos, graças a seu físico avantajado, seu tino para negócios e, principalmente, sua frieza, Fisk foi galgando degraus cada vez mais altos em sua carreira criminosa, até ter o controle sobre praticamente todas as atividades criminosas que ocorriam na costa leste dos Estados Unidos. A influência do Rei chegava mesmo à organizações criminosas fora do país. Inteligente como poucos, Fisk criou uma intrincada rede do crime, de forma que seu nome nunca poderia ser ligado à nenhum dos atos ilícitos perpetrados em seu nome. Ao contrário, Fisk se estabeleceu no mundo dos negócios como um empresário honesto, famoso por seus atos filantrópicos. Reunir provas de que essa imagem de empresário era apenas uma fachada era tarefa das mais difíceis.

O Rei do Crime causou alguns danos na vida do herói aracnídeo, mas nada tão grave. Foi graças ao Rei que a Gata Negra ganhou o poder de causar azar em qualquer um que tentasse atacá-la, capacidade essa, mais tarde apagada por um encanto do Dr. Estranho, que foi um dos principais responsáveis pelo fim do romance entre ela e o Homem-Aranha. Pelo fato de ter uma posição de comando no submundo, especialmente em NY, o Rei sempre acaba entrando em conflito com os heróis da cidade, dentre eles o Homem-Aranha e o Justiceiro. No entanto, o inimigo mais constante do Rei é justamente o Demolidor. Wilson Fisk chegou a descobrir a identidade secreta do herói, acabando com sua vida pessoal e profissional, num processo que levaria o herói à loucura e, possivelmente, ao suicídio.

A força de vontade do Demolidor, porém, superava qualquer expectativa do Rei e o herói conseguiu se recuperar de todo o trauma causado por Fisk. Tempos depois, o Demolidor conseguiu reunir uma série de provas que ligavam o Rei à rede de crime e corrupção comandada por ele. Julgado e condenado, Fisk acabou tornando-se um foragido da Lei, ficando desaparecido durante um bom tempo. O golpe fora mais pesado do que Fisk poderia imaginar e ele demorou um longo tempo para se recuperar. Pouco a pouco, valendo-se da obstinação que sempre caracterizou-lhe, o Rei conseguiu voltar à sua antiga posição na Sociedade e no crime, inclusive rebatendo as acusações das quais havia sido acusado. Novamente, Wilson Fisk é visto como um filantropo pelo resto da Sociedade, e um comandante impiedoso pelos criminosos que comanda.

Wilson Fisk é casado com Vanessa Fisk e tem um filho, Richard que, durante muito tempo assumiu a identidade do criminoso conhecido como O Rosa.

O Rei é outro dos vilões clássicos do Aranha que já fez sua estréia no Universo Ultimate, em Ultimate Spider-Man #10 como o poderoso chefe criminoso que sempre foi.

Morbius

Primeira Aparição: Amazing Spider-Man #101

Morbius tem uma certa importância na história dos quadrinhos pelo fato de ser o primeiro personagem vampírico original a ser introduzido no Universo Marvel após a revisão do Código de Censura, que havia sido imposto em 1954 e que praticamente acabara com as histórias de terror nas grandes editoras. O Código estabelecido pela Comics Code Association, que era uma espécie de órgão que controlava a censura nos quadrinhos, foi criado depois do lançamento do livro Seduction Of The Innocent, do psicólogo alemão Frederic Wertham. Em sua obra, Wertham citava os quadrinhos como o principal responsável pelo crescimento da delinqüência juvenil da Europa nos anos 50. Isso fez com que o Congresso americano tentasse intervir na indústria dos quadrinhos. Para evitar que isso ocorresse, foi criada a CCA, com o objetivo de auto-regular o setor.

Voltando aos quadrinhos, Michael Morbius era um biólogo fantástico, ganhador do Prêmio Nobel na área, que sofria de uma rara doença sanguínea. Empenhado em encontrar uma cura, ele começou a se tratar usando um soro desenvolvido a partir do sangue de morcegos vampiros e também através de eletrochoques. Finalmente, conseguiu a cura, mas a um preço alto: Morbius se tornou um vampiro, desenvolvendo presas e uma enorme força. Morbius passou a depender do consumo de sangue para sobreviver. Logo ele entrou em conflito com o Homem-Aranha.

Ao longo dos anos, ele se defrontou com personagens como o Tocha Humana, o Lagarto, os X-Men, dentre outros. O curioso é que, em muitas de suas histórias solo, Morbius confrontava-se com vilões piores do que ele. Com o tempo, ele passou a se alimentar apenas de criminosos. Na década de 70 Morbius teve importante participação em revistas como Vampire Tales e Fear, além de aparecer na Marvel Two-on-One na qual chegou a se confrontar com o Homem-Coisa (personagem obscuro da Marvel, que guarda semelhanças com o Monstro do Pântano, da DC) e com Blade, o Caçador de Vampiros.

Em 1980, na Spectacular Spider-Man nº 38, Morbius conseguiu sugar um pouco do sangue radioativo do Aranha. Foi atingido por um raio que drenou-lhe os poderes e acabou curado ao desenvolver um soro que devolveu-lhe o aspecto humano. Foi a julgamento por seus crimes e acabou absolvido pela alegação de insanidade temporária, ficando desaparecido por alguns anos. Sua volta ocorreu em 1989 junto com boa parte dos personagens sobrenaturais do universo Marvel. Durante seu período de exílio, foi morar em Nova Orleans onde encontrou uma mulher chamada Marie Leveau, que mantinha-se jovem bebendo sangue de vampiros. Como todos os vampiros haviam desaparecido, graças ao efeito da Fórmula Montesi - um feitiço executado pelo Dr. Estranho que havia banido todos os vampiros do Universo Marvel - ela aplicou um tratamento de choque em Morbius, não matando-o, mas fazendo com que seus poderes vampíricos retornassem. Com isso, Morbius voltou ao Universo Marvel. Aliou-se à heróis como o Motoqueiro Fantasma, Johnny Blaze, Blade, Venom e o próprio Homem-Aranha na Saga A Ascensão dos Filhos da Meia-Noite. Depois disso, ainda fez parte da Saga Carnificina Total, novamente ao lado do Cabeça da Teia, Venom , Mulher-Gato, Manto, Adaga, entre outros. Foi pouco depois disso que Morbius estrelou um título solo, Morbius, Living Vampire, parte do selo da Marvel conhecido como The Midnight Suns, há muito extinto.

Diferente de vilões como o Dr. Octopus ou o Duende Verde, Morbius não tem sonhos de conquista ou uma obsessão ferrenha pelo Homem-Aranha. Sua vida gira em torno da busca por uma cura para a sua doença. O Aranha e ele acabaram desenvolvendo uma relação semelhante à que o herói mantém com Curt Connors, o Lagarto, ou seja, sempre que possível, ambos estabelecem uma trégua e trabalham juntos numa possível cura para Morbius. Isso não impede, obviamente, que o Aranha procure deter o vampiro sempre que ele se descontrola.

Chacal

Primeira Aparição: Amazing Spider-Man #129

Muito antes de o mundo ser apresentado à ovelha Dolly, o primeiro clone da história, o Professor Miles Warren já havia desenvolvido, em segredo o processo de clonagem humana. Miles era professor de genética na Universidade Empire State e foi lá que conheceu Peter Parker e se apaixonou por sua namorada, Gwen Stacy.

Especialista em genética, durante anos Miles trabalhou como assistente do Alto Evolucionário, um cientista que deseja acelerar de forma artificial a evolução humana, para que a espécie atinja todo o seu potencial evolucionário antes do previsto. Trabalhando sem o conhecimento do Alto Evolucionário em um espécime, Warren criou um chacal com aparência humanóide. O chacal manifestou uma dupla personalidade e teve que ser contido após matar diversos animais das fazendas próximas à Wundagore, lar do Alto Evolucionário. Quando soube de tudo, o Evolucionário baniu Warren, que decidiu conduzir suas experiências de forma a criar seres humanos perfeitos. Warren arrebanhou alguns dos Novos Homens (nome dado pelo Evolucionário à suas criações meio humanas, meio animais) consigo e passou a alternar seu tempo entre eles e o mundo dos homens. Tempos depois, o Professor se casou e teve dois filhos. Porém, sua obsessão pelo trabalho fez com que sua mulher o abandonasse. Mais tarde, o chacal mutado por Warren conseguiu fugir de sua contenção e passou a espionar a família do professor. Sentindo uma tremenda inveja de seu criador, ele acabou por assassinar a família de Warren.

Nessa época, Miles já ministrava aulas na UES e acabou apaixonando-se por Gwen Stacy. Quando ela morreu, ele enlouqueceu, mergulhando num processo ininterrupto de trabalho, visando descobrir uma forma de recriá-la. Foi quando desenvolveu seu processo de clonagem. Além de Gwen, Warren criou um clone de Peter Parker. No processo, ele descobriu que Peter era o Homem-Aranha e que a morte de Gwen fora culpa indireta do herói aracnídeo. O professor fez com que o Aranha original e o clone lutassem e, no fim do conflito, o clone aparentemente encontrou seu fim. Nessa época, Warren usava uma fantasia de chacal para desenvolver suas atividades ilícitas, talvez uma bizarra homenagem ao animal que ele evoluíra anos antes.

Muito tempo depois o clone do Homem-Aranha reapareceu. Ele não havia sido morto no conflito com o Aranha original. Bem Reilly, nome adotado pelo clone, havia apenas se afastado de Peter. Em seu rastro veio Kaine, o primeiro clone criado pelo Chacal e que havia sido desprezado por ele devido às anomalias genéticas que apresentou. Nesse ínterim, Warren também retornou. No tempo que ficara desaparecido, ele passara por um processo de reestruturação genética que lhe conferira um aspecto muito semelhante ao de um chacal humano. Até mesmo um dos clones de Gwen Stacy reapareceu na série de histórias que ficou conhecida como A Saga do Clone.

O Chacal aparentemente morreu durante a Saga do Clone, quando caiu de um prédio. Aparentemente, já que os inimigos do Homem-Aranha, de uma forma ou de outra acabam voltando do túmulo.

Duende Macabro

Primeira Aparição: Amazing Spider-Man #238

Ned Leeds era um repórter do Clarim Diário, amigo de Peter Parker e marido de Betty Brant que acidentalmente descobriu um dos vários esconderijos do falecido Duende Verde. Fascinado com o poder daquelas armas, ele se apoderou delas e fez para si um traje baseado no do seu antecessor. E decidiu iniciar sua carreira de crimes, sob o nome de Duende Macabro. E, para seguir a tradição dos Duendes Verdes, logo entrou em conflito com o Homem-Aranha. Muitos foram os conflitos entre os dois. O Duende sempre era derrotado, mas conseguia escapar antes de ser preso. Depois de algum tempo, ele teve acesso à fórmula que conferia superforça a sus antecessores. Isso fez com que Ned fosse levado a crer que poderia eliminar de uma vez por todas o incomodo que era o herói aracnídeo. A formula não adiantou muito e suas derrotas continuaram, até que Ned foi morto na Alemanha por assassinos do mercenário conhecido como o Estrangeiro.

Jason Phillip Macendale era o mercenário conhecido como Halloween, um vilão de segunda categoria que, quando soube da morte do Duende Macabro, decidiu assumir a sua identidade. E seguiu o caminho de seu antecessor. Macendale também não possuía superforça e por isso também acabava não trazendo muita dificuldade para o Homem-Aranha. Durante o evento conhecido como Inferno, que repercutiu em todo o Universo Marvel, Macendale fez um acordo com um demônio, que lhe daria superforça em troca de sua alma. Feito o acordo Macendale ganhou força e novos poderes, mas seu rosto passou a ter o aspecto de sua máscara. Além disso, ele se tornou insano, achando ser um enviado de Deus para eliminar os pecadores da Terra. E o maior deles seria justamente o Homem-Aranha. Os novos poderes fizeram Macendale ficar mais perigoso, mas ainda assim não representava tanto perigo para o Homem-Aranha. Nem mesmo quando substituiu o falecido Kraven quando o Dr. Octopus o convidou para fazer parte de uma das versões do Sexteto Sinistro.

Certa vez, o demônio e Macendale lutavam pelo controle de seu corpo, alternando-se no domínio dele, até que o demônio conseguiu se libertar, originando o Duende Demoníaco. Livre do demônio, Macendale perdeu os poderes e a força, que recuperou graças à uma fórmula desenvolvida pelo filho de Kraven, Vladimir. Com isso em mãos, matou o Demoníaco e passou a seguir novamente sua carreira de mercenário e criminoso.

Durante muitos anos, essa foi a verdade a respeito do Duende Macabro. No entanto, quando Roger Stern voltou ao título do aracnídeo em 1996, viu que a personagem que criara tinha trilhado caminhos muito diferentes dos que ele havia planejado para o Duende. Pior ainda, havia certas incongruências em sua cronologia. Assim sendo, ele resolveu contar a verdadeira história do Duende.

J.J.Jameson havia colocado Ned Leeds em uma investigação sobre uma guerra de Corporações, onde estavam envolvidos pesos pesados como a Corporação Osborn, a Brand, uma subsidiária da Roxxon - empresa que teve grande importância no Universo Marvel nos aos 80 - e a Kingsley International, uma empresa do ramo da moda para o qual Mary Jane já havia trabalhado. As investigações de Leeds o levaram ao Duende Macabro. Depois de uma das lutas do Aranha com o vilão, Ned seguiu-o, descobrindo seu esconderijo e, capturado pelo Duende, confessou que o estava investigando.

O Duende concluiu que poderia usar aquele repórter em seu favor. Assim, realizou uma lavagem cerebral em Ned, de forma que ele passou a acreditar que era o Duende Macabro. E ambos passaram a se alternar na Identidade do vilão.

O Duende passou a aplicar diversas drogas para manter Ned sob seu controle. Isso aliado à lavagem cerebral deixaram Ned mentalmente instável. Tanto que ele incriminou Flash Thompson de ser o Duende, ao armar uma cilada para o garoto, onde a polícia o encontrava vestido como o criminoso e foi, aos poucos, acabando com seu casamento com Betty Brant. Quando o verdadeiro Macabro viu que Ned estava se tornando inútil ele permitiu que o repórter tivesse acesso às informações que procurava sobre a guerra de corporações. E Ned acabou indo para Berlim com Peter Parker. Enquanto isso, o verdadeiro Macabro espalhou para todo o submundo que o Duende Macabro e Ned Leeds eram a mesma pessoa.

O plano deu certo do Duende deu certo. Comandos pós-hipnóticos fizeram Ned vestir o traje de vilão na Alemanha e ele foi assassinado pelos homens do Estrangeiro. E o verdadeiro Duende sumiu de cena, deixando Macendale em seu lugar, sem que Macendale soubesse de sua existência, é claro.

Quando Macendale foi preso pela última vez, ficou na cadeia tempo suficiente para ser julgado e condenado. Nesse momento, a guerra das corporações foi revelada e o Duende Macabro ressurgiu, assassinando Macendale na cadeia. Foi quando tornou-se evidente a ligação dele com Roderick Kingsley, da Kingsley International. Também nessa época, Betty Brant, que passara de secretária de Jameson a repórter do Clarim, estava empenhada em limpar o nome de Ned, provando que ele nunca havia cometido os crimes dos quais havia sido acusado por Macendale logo após seu julgamento. Para isso, ela contou com a ajuda de Flash Thompson, MJ, Peter Parker e, é claro, do Homem-Aranha.

Betty provocou o vilão na tv, fazendo-se ser capturada por ele. Como todo vilão vaidoso, o Macabro contou para ela quase toda sua história antes de matá-la. Daniel Kingsley, irmão de Roderick, chegou a tempo de atrapalhá-lo e o Homem-Aranha apareceu. Ambos travaram uma grande luta, onde, finalmente, o Homem-Aranha conseguira desmascarar o Duende.

Daniel confessou ainda a Betty que o irmão havia pago um criminoso para roubar o equipamento do Duende Verde (provavelmente com a fórmula da superforça) e que havia usado também Samuel Donovan para se passar por ele. Donovan havia sido o primeiro Duende Macabro a ser desmascarado pelo Homem-Aranha.

Venom

Primeira Aparição: Amazing Spider-Man #299

Ao fim da saga conhecida como Guerras Secretas, o Homem-Aranha trouxe do planeta onde ocorreu o evento um estranho uniforme sapiente, que era capaz de ler os pensamentos do herói, se transformar em qualquer tipo de roupa, gerar suas próprias teias, dentre outras coisas. Era o controverso uniforme negro. Intrigado, o Sr. Fantástico decidiu examinar o uniforme e descobriu que este era um simbionte que pretendia se unir definitivamente ao Aranha. Com a ajuda de Reed, o herói se livrou da criatura que foi confinada no edifício Baxter. Mais tarde, o uniforme fugiu e foi atrás de Peter novamente. A luta pelo controle do corpo de Peter Parker se deu em uma igreja e, graças ao barulho dos sinos - já que Reed descobrira que a criatura era extremamente vulnerável a sons altos - ele conseguiu se livrar do simbionte.

Eddie Brock era um repórter respeitável até que publicou em seu jornal, o Globo Diário, um furo de reportagem acusando Emil Gregg de ser o Devorador de Pecados, um assassino serial que havia assassinado a capitã Jean DeWolff, uma amiga do herói aracnídeo. A reportagem seria um sucesso se, no entanto, horas depois o Homem-Aranha não tivesse capturado o verdadeiro Devorador. O Globo foi ridicularizado e Eddie demitido. Sem perspectivas de vida e com um ódio tremendo do Aranha o corroendo, Eddie passou um bom tempo amargurado, sentindo vergonha de si próprio e, ao mesmo tempo, injustiçado. Afinal, ele era um bom jornalista, havia apenas cometido um erro de avaliação. Quando a autopiedade e o ódio pelo Aranha ultrapassaram seus limites, ele decidiu que deveria acabar com sua vida. Antes, porém, deveria andar de igreja em igreja pedindo perdão a Deus pelo que estava prestes a fazer. Eddie era um católico fervoroso e o suicídio é um pecado mortal para eles.

Quando passava pela Catedral da Virgem Maria, uma sombra - que na verdade era o uniforme simbionte fugindo dos sinos - tomou-o. O ódio de Brock mesclado à dor da rejeição do simbionte criaram Venom. Com um aspecto assustador, força descomunal e poderes similares aos do Homem-Aranha, além do fato de poder enganar o Sentido de Aranha do herói, Venom se tornou o mais perigoso inimigo do Aranha desde o desaparecimento do Duende Verde. Para complicar as coisas, Eddie e o simbionte passaram a dividir seus pensamentos. Logo, Eddie teve acesso a grande parte dos segredos do herói, conhecendo inclusive sua identidade.

Venom possui uma motivação bem diferente dos demais inimigos presentes na galeria de vilões do Homem-Aranha. Seu objetivo é puro e simples: Matar o Homem-Aranha. Ele não quer poder, não quer dinheiro, nada. Apenas matar o herói. E, ao contrário dos outros, Venom também não espalhou os segredos do Aranha quando pôde. Em sua mente distorcida, Venom acreditava que, assim que o segredo do aracnídeo fosse divulgado, muitas pessoas viriam atrás do herói e Eddie queria-o apenas para si. O simbionte, por outro lado, também só queria Peter, mas por outras razões. Peter Parker havia sido o hospedeiro mais perfeito que ele tivera e ele ansiava por dominá-lo novamente.

Venom e o Aranha travaram incontáveis batalhas, sempre com o Aranha escapando ou derrotando o vilão com muitas dificuldades. Essas lutas fizeram com que a popularidade de Venom alcançasse níveis nunca antes atingidos por um vilão do Aranha. Isso, aliado ao fato de seu visual ser quase similar ao do Aranha quando ele usava o uniforme preto que, apesar de encontrar alguma resistência entre os mais conservadores, obteve uma resposta boa entre os fãs, fez com que a Marvel decidisse explorar ao máximo possível a imagem do vilão. Para isso, no entanto, eram necessários alguns ajustes.

O Venom dos quadrinhos deixou de lado seu ódio em relação ao aracnídeo, o mesmo ocorrendo com o simbionte, que se ligara profundamente à Brock. Com isso, seu papel mudou, e ele passou de um vilão insano à anti-herói, ou seja, um herói violento, que não hesitava em matar. Algo similar ao Justiceiro ou Wolverine. Logo ele ganharia um título solo e combateria o crime sozinho ou ao lado de um relutante Homem-Aranha. Sua súbita conversão para o lado dos mocinhos não convenceu a Justiça americana, que conseguiu que Venom fosse preso e condenado. Ele poderia ser separado do simbionte e preso ou trabalhar como agente secreto em troca de alívio em sua sentença. Eddie escolheu a segunda opção. Por um pequeno período de tempo, Venom se tornou um agente federal com permissão para matar. Quando se tornou novamente instável, o governo decidiu que uma lavagem cerebral poderia colocar Eddie de novo na linha. O processo fez a mente de Eddie regressar ao período em que era um vilão determinado a matar o Homem-Aranha. No entanto, graças à ela, ele esqueceu de muitas coisas de seu passado, dentre elas, a identidade e outros segredos do Homem-Aranha.

A superexposição de Venom na mídia foi o principal responsável pela sua queda meteórica. Quando a Marvel percebeu que ele poderia trazer muitos lucros ela fez os ajustes descritos acima, deu ao personagem um título solo, elaborou cada vez mais sagas onde Venom e o Aranha apareciam junto e, ainda, criou um vilão similar à ele, fruto de outro simbionte: Carnificina. Fora dos quadrinhos, Venom ganhou uma série de action-figures e foi coadjuvante do Aranha em jogos da Capcom e da Sega, como Maximum Carnage e Separation Anxiety. Isso fez com que os principais atrativos do personagem se perdessem e seu potencial quase se esgotasse. Lição aprendida, Venom voltou a ser o vilão que os fãs do Aranha adoram odiar.

Carnificina

Primeira Aparição: Amazing Spider-Man #360

O Carnificina pode ser considerado quase como um filho de Venom.

Cletus Kasady era um perigoso assassino serial, até ser preso e passar a cumprir pena na Ilha Ryker. Lá, dividia sua cela com Eddie Brock, nessa época separado de seu simbionte. Quando o simbionte invadiu a cela e resgatou Ed, deixou para trás uma gota de si, que, na verdade, era uma cria, uma espécie de filho. Essa gota entrou em contato com Kasady e, quando se desenvolveu, fez com que ambos se tornassem o Carnificina.

Imediatamente, Cletus fugiu e começou uma série de assassinatos que fizeram com que o Homem-Aranha fosse ao seu encalço e pedisse a ajuda de Venom - que nessa época ainda odiava o aracnídeo, mas também se considerava um protetor dos inocentes. Juntos, os dois conseguiram deter Cletus. No entanto, essa foi apenas o primeiro de muitos confrontos que viriam a acontecer entre os três.

O Carnificina tem um aspecto que lembra uma mescla entre os visuais do Homem-Aranha e de Venom. Ele foi criado quando a Marvel percebeu o quão poderia lucrar com Venom, ainda mais se criassem um inimigo que fosse comum entre ele e o Homem-Aranha. O simbionte de Cletus é mais poderoso do que o de Venom. Isso aliado à insanidade de Cletus - cujo único objetivo é matar o maior número de pessoas possível - fez dele um dos inimigos mais perigosos do Aranha. Sua imagem foi explorada ao máximo pela Marvel e Kasady foi o vilão responsável por originar Maximum Carnage, mini-série co-estrelada por uma série de vilões do terceiro time da Marvel, como Shriek, Carniça, Duende Demoníaco e uma versão alienígena do Homem-Aranha. Para combatê-los,o Aranha contou com a ajuda de uma série de personagens das mais diferentes categorias: Capitão América, Punho de Ferro, Deathlock, Manto e Adaga, Gata Negra, Morbius e, obviamente, Venom. Action-figures e um jogo para Super Nintendo e Mega Drive foram lançados na época.

A exemplo do que aconteceu com Venom, logo o apelo em torno do Carnificina foi diminuindo. Atualmente, apesar de ser um vilão extremamente perigoso, ele integra o segundo time de vilões do Homem-Aranha, ao lado de personagens como Mysterio e Electro.

Kaine

Primeira Aparição: Web Of Spider-Man #119

Kaine é o resultado da primeira tentativa do professor Miles Warren, o Chacal, de clonar Peter Parker. Justamente por isso, Kaine é o patinho feio da família dos clones de Parker. Afinal, diferente de Bem Reilly e seus pares, Kaine é o único deles que sofreu da doença degenerativa que afetava as primeiras cobaias de Miles. Os primeiros exemplares clonados por Warren se degeneravam e morriam logo, devido a uma falha estrutural em sua cadeia genética. Kaine foi o primeiro a ter sucesso como clone, já que superou em muito a expectativa de vida daqueles que vieram antes dele. Apesar disso, ele sofreu de uma variação da doença degenerativa. Ao invés de matá-lo, a doença deformou sua face e seu corpo. Além disso, ela fez com que os poderes presentes no DNA alterado de Peter Parker sofressem uma mutação. Kaine tem agilidade e força superiores às de uma pessoa comum. Mas o sentido de aranha e os poderes de aderir a qualquer superfície foram substituídos pela capacidade de deformar suas vítimas com um toque, que ficou conhecido como A Marca de Kaine.

Kaine foi deixado de lado por seu criador quando apresentou a doença degenerativa. Miles preferiu fazer uma nova tentativa de clonar Peter Parker do que tentar salvar Kaine. O sucesso logo foi alcançado pelo professor e um clone praticamente perfeito foi gerado. Esse clone foi o que confrontou o Homem-Aranha e aparentemente morrera quando uma bomba encerrou a luta entre eles. O clone, no entanto, não havia morrido e, pensando ser o verdadeiro Peter Parker, tentou retomar sua vida. Ao chegar em casa, porém, ele percebeu que era na verdade nada mais do que uma cópia de Peter. Assim, arrumou suas malas e partiu, assumindo o nome de Ben Reilly.

Ben Reilly acreditava ser ele o clone - como veio a ser provado muito tempo depois, ao fim da Saga do Clone - e Peter o original. Kaine acreditava no oposto e por isso passou a perseguir Ben onde quer que ele fosse. Em sua mente, sua vida só teria um propósito se ele tornasse a vida de Ben um inferno, como a sua. Afinal, não tivesse Warren clonado-o à partir das células originais de Ben, ele não teria sido desprezado por seu criador. Por outro lado, ele considerava Peter - que acreditava ser o clone - quase como um irmão e faria tudo para protegê-lo. Assim, quando Ben Reilly soube que a Tia May estava às portas da morte e foi para NY prestar suas últimas homenagens, Kaine foi atrás dele. Lá chegando, o clone degenerado passou a ter visões precognitivas onde via Mary Jane, esposa de Peter, sendo assassinada. Como a face do assassino nunca aparecia de forma clara, Kaine passou a perseguir os inimigos do Homem-Aranha. Ele acabou entrando em conflito com o Abutre, Electro, Mysterio, seu pai, o Chacal, além de ter assassinado o Dr. Octopus (que mais tarde voltou dos mortos) e Vladimir Kravinnof, o Caçador Sinistro. Pouco depois o próprio Kaine foi supostamente morto pelo Aracnocida, um dos incontáveis clones de Peter Parker criado pelo Chacal.

Quando a Saga do Clone chegou ao fim, com a morte de Bem Reilly, cujo cadáver decompôs-se instantaneamente, provando assim que ele era o clone, Kaine estava sumido. Ele era um dos poucos a saber que a filha de Peter e MJ não nascera morta. A pequena May foi seqüestrada pela ordem dos Scriers a mando de Norman Osborn e Kaine fez da busca por ela sua busca pessoal.

Fim da Parte II - Voltar ao ESPECIAL HOMEM-ARANHA