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Homem-Aranha - a hora do aracnídeo

Homem-Aranha - a hora do aracnídeo

05.04.2002, às 00H00.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H40
Personagens

Peter Parker
(Tobey Maguire)


Mary Jane Watson
(Kirsten Dunst)


Norman Osborn
(Willem Dafoe)


Tio Ben (Cliff Robertson)
Tia May (Rosemary Harris)


Harry Osborn
(James Franco)


J.J. Jameson
(J.K. Simmons)

No início dos anos 90,
James Cameron – o diretor de Titanic e
Exterminador do Futuro 1 e 2 –, interessou-se em escrever e dirigir um longa-metragem baseado no super-herói mais popular da Marvel Comics , o Homem-Aranha .

Entusiasmado com o projeto, Cameron apressou-se em tentar garantir os direitos para produzir o filme através da Carolco, a mesma empresa que financiou Terminator 2. Porém, assim que outros estúdios souberam da ação, começou uma enorme briga judicial - resultado de anos de péssimo gerenciamento de negócios pela Marvel - para definir quem poderia lançar o filme.

Certo de que a briga que corria nos tribunais acabaria favorecendo-o, James Cameron redigiu um rascunho de roteiro, contendo suas idéias para o Aranha e sua abordagem nas telonas. Entretanto, seis anos se passaram e Cameron acabou envolvido com Titanic. A dificuldade na produção acabou fazendo com que o diretor deixasse de lado a idéia de filmar o carismático super-herói da Marvel, até que, em 1997, durante uma entrevista num programa de TV, reafirmou seu interesse dizendo que queria Leonardo DiCaprio para o papel de Peter Parker.

Graças a Odin, mais dois anos se passaram até que Cameron desistisse de vez do projeto - abandonando um dos seus maiores sonhos como cineasta.

Foi em 1999 que finalmente chegou o tão aguardado anúncio de que a briga na justiça havia terminado. Através de um comunicado à imprensa, a Sony Pictures Entertainment e a Marvel Enterprises revelaram ao mundo que haviam fechado o acordo para começar a produzir Homem-Aranha imediatamente.

Enfim, as coisas pareciam caminhar muito bem para o heróico aracnídeo, que nunca havia recebido um adaptação à altura de sua importância. E melhor ainda, o roteiro já estava pronto, pois a Sony havia comprado a história de Cameron como parte do acordo.

Começa a pré-produção

Assim que a Sony começou a trabalhar no filme, uma leitura minuciosa do texto de Cameron acabou revelando que o diretor fora seduzido pelo mesmo desejo que levou Joel Schumacher (Tempo de Matar, 8mm) e Akiva Goldsman (o vencedor do Oscar de melhor roteiro adaptado por Uma mente brilhante) a praticamente afundarem a franquia do Batman no cinema. O pecado dos roteiristas&qt;& Aplicar sua "visão pessoal" à personagem, o que resultou nos terríveis Batman Forever (1995) e Batman & Robin (1997).

A sorte dos fãs foi o despertar de Hollywood para os perigos deste tipo de adaptação, o que levou os produtores a recusarem o roteiro. Apesar da origem até que bem contada do protagonista, o tratamento trazia como principais vilões uma mistura do Rei do Crime com Electro, além do Homem-Areia, personagem de terceira linha da mitologia do herói. Também propunha, pela primeira vez, os polêmicos lançadores de teia orgânicos (o Homem-Aranha dos quadrinhos havia confeccionado seus artefatos para lançar fluido de teia) e transformava o interesse amoroso do herói, Mary Jane Watson, em uma garota interesseira e extremamente deprimida.

O texto de Cameron acabou, então, nas mãos de David Koepp, roteirista de Jurassic Park (1993), O Sombra (1994), Missão impossível (1996) e Mundo perdido (1997), entre outros.

Em 1999, Koepp entregou sua primeira versão da história, que aproveitava boa parte das idéias de Cameron. Alterando um pouco o relacionamento entre Peter Parker e Mary Jane (que teve suas características psicológicas atenuadas) e trocando os dois vilões anteriores pelo Duende Verde e o Dr.Octopus, ele finalmente conseguiu uma pré-aprovação do estúdio. Pouco tempo depois, um diretor foi contratado para a produção.

Finalmente, a produção

Assim que o cultuado Sam Raimi (Evil Dead, Darkman, Um plano simples) aceitou a direção do filme, dois novos roteiristas colocaram as mãos no tratamento. Primeiro Alvin Sargent (Herói por acaso) e depois Scott Rosenberg (que fez um esplêndido trabalho de adaptação em Alta fidelidade), reescreveram a história e chegaram à versão final que acabou ganhando as telonas. A maior diferença entre esta e as primeiras versões de Koepp é a ausência de Octopus. Provavelmente, o vilão de oito braços foi eliminado em obediência a outro mandamento decorrente dos filmes do Batman: "não utilizarás duplas de vilões".

A partir daí, começaram as contratações para o elenco. O primeiro nome a ser anunciado foi o de Tobey Maguire (Regras da Vida), acabando com uma expectativa de uma década sobre quem viveria o cabeça-de-teia nas telonas.

Foi também nessa época que, para surpresa geral, foi revelado que a mais polêmica idéia de James Cameron – os lançadores de teia orgânicos –, havia permanecido na história. A justificativa, segundo o próprio Sam Raimi é simples: "Nos quadrinhos, Peter Parker é um gênio e vamos mantê-lo assim; um rapaz brilhante, mas, quando se trata de construir um material que nem a 3M, parece capaz de desenvolver, isso o distancia de um humano normal que está no colegial. Então, imaginamos que o melhor a fazer, já que foi picado por uma aranha radiativa e pode escalar paredes tem super-força e agilidade de aranha, seria logicamente também produzir a teia, como as aranhas fazem".

A reação dos fãs à idéia do fluido de teia do Homem-Aranha ser produzido pelo seu corpo não foi das melhores. Entretanto, todo e qualquer ataque gratuito ao filme cessou instantaneamente no momento em que o primeiro teaser-trailer foi lançado.

O primeiro trailer

A primeira aparição do super-herói no cinema começou com um gerente pedindo a um guarda para fechar o banco em que trabalhavam. Antes que o segurança trancasse a porta, um homem o empurrou e entrou, atirando uma bomba de fumaça. Em seguida, um comparsa grita para que todos no recinto deitem-se no chão. Em segundos, os ladrões esvaziam o cofre e fogem para o telhado, onde um helicóptero os espera. Já no ar, em meio à comemoração pelo trabalho bem feito, o helicóptero repentinamente trava em pleno vôo e é arrastado para trás. Incrédulos, os assaltantes percebem finalmente o que havia acontecido.... uma gigantesca teia estava os prendendo entre as torres gêmeas do World Trade Center! Após essa sensacional tomada, finalmente, aparece o Homem-Aranha, que vai embora balançando-se pela Grande Maçã...

Infelizmente, com os terríveis acontecimentos de 11 de setembro de 2001, o trailer foi recolhido e uma versão contendo apenas os momentos finais foi disponibilizada até que o próximo preview ficasse pronto. Sobre ela, só posso dizer que, se a primeira mostra do filme já fora boa o suficiente, a segunda, contendo detalhes da história, foi sensacional. Não é à toa que a maioria esmagadora dos leitores do Omelete elegeram-no como o melhor trailer de 2001! Sem dúvida, um excelente aperitivo do que está por vir - status esse que também se aplica ao último trailer, lançado em março de 2002.

O roteiro definitivo

Depois de tantas aparas e remendos no roteiro, seria de se esperar que ele se tornasse algo sem nexo, alterado por pessoas demais. Ledo engano. A história de Homem-Aranha – conforme pudemos conferir na adaptação literária do filme, escrita por Peter David – é uma excepcional modernização da origem e da primeira aventura da personagem criada por Stan Lee e Steve Ditko, 40 anos atrás.

É inevitável compará-la com a versão mais atual do começo da carreira do herói, escrita por Brian Michael Bendis para a revista Ultimate Spider-Man (publicada mensalmente no Brasil na revista Marvel Millennium). Porém, apesar das duas terem diversos pontos em comum (a importância do Tio Ben ampliada, o Duende Verde como a primeira grande ameaça etc), a versão cinematográfica leva a melhor, simplesmente por ter menos tempo para contar a história. Tal limitação acaba agilizando os acontecimentos e faz com que o aracnídeo comece sua carreira de combatente do crime na metade do texto enquanto, nos gibis, foram 6 meses.

Também é interessante notar a quantidade de referências às demais franquias da Marvel Comics que a história traz. Tais momentos incluem até mesmo um encontro com Jack Murdock, pai do jovem que se tornará o super-herói Demolidor – filme que já está sendo produzido a todo vapor e que chegará às telas em 2003. Outros nomes citados são os de Henry Pym (membro dos Vingadores), Reed Richards (líder do Quarteto Fantástico) e o Dr. Bruce Banner (alter ego do incrível Hulk – outro que terá filme em 2003).

Os fãs mais atentos também notarão detalhes e curiosidades interessantes. Alguns policiais têm nomes de grandes profissionais que trabalharam com o Aranha no passado, quais sejam, Lieber (Stanley Lieber, o nome verdadeiro de Stan Lee), Ditko (Steve Ditko, co-criador do aracnídeo), DeFalco (Tom DeFalco, escritor) e Owsley (Jim Owsley, editor e escritor). Também são dignas de nota as pontas soltas deixadas para futuros filmes da franquia. Sem estragar surpresas, é possível dizer que a produção tem pelo menos três vilões como opção para o segundo filme; isso caso nenhuma de suas cenas seja cortada na edição final.

Enfim, depois de acertar a mão com X-Men (2000), Blade (1998) e Blade 2 (2002) a Casa das Idéias tem tudo para transformar o Homem-Aranha em seu maior sucesso nas telonas, bem como numa milionária franquia. O potencial do filme é tão grande que a Marvel pode estar diante de uma retomada de interesse sem precedentes pelas suas histórias em quadrinhos, o que seria benéfico para todo o mercado mundial.

De qualquer forma, não vamos precisar esperar muito para saber se as previsões acima se concretizarão. Agora, falta pouco para que o filme entre em cartaz no mundo todo. No Brasil, Homem-Aranha será lançado no dia 17 de maio próximo. E nós, certamente estaremos lá ao seu lado para conferir.

Homem-Aranha
(Spider-Man) - EUA - 2002




Dirigido por Sam Raimi

Com Tobey Maguire (Homem-Aranha/Peter Parker), Willem Dafoe (Duende Verde/Norman Osborn), Kirsten Dunst (Mary Jane Watson), James Franco (Harry Osborn), J.K. Simmons (J. Jonah Jameson), Randy Poffo (Bone Saw McGraw), Joe Manganiello (Eugene Flash Thompson), Cliff Robertson (Ben Parker), Rosemary Harris (Tia May), Ted Raimi (Hoffman), Bill Nunn (Joe Robbie Robertson).



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Imagens © 2002 Sony Pictures Entertainment