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Entrevista

Guardiões da Galáxia Vol. 2 | "Agora existe a cobrança por um filme ainda melhor", diz dublador de Chris Pratt

Raphael Rossatto fala sobre responsabilidade de fazer a voz do personagem da Marvel

24.04.2017, às 16H28.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H39

Com Thanos em seus calcanhares toda uma frota estelar para debelar, enquanto se depara com segredos de sua origem, o Peter Quill, o Senhor das Estrelas, vivido por Chris Pratt, tem muitos desafios pela frente em Guardiões da Galáxia Vol. 2, a começar por uma lavação de roupa suja com o pai, até então desconhecido, Ego (Kurt Russell). Tanta encrenca garante uma carga emocional que o dublador brasileiro do herói, o carioca Raphael Rossatto, teve de reproduzir, filtrando o sarcasmo habitual do ator. Na entrevista a seguir, o dublador de 29 anos - que fez chorar em A Culpa É das Estrelas e cantou na animação Enrolados – fala sobre sua viagem ao Universo Marvel.

Omelete: Qual é a responsabilidade de encarar o principal herói humano de uma das franquias mais populares de Hollywood hoje?
Raphael Rossatto: 
É enorme, ainda mais pra esse segundo filme. O primeiro filme foi ótimo, mas as pessoas de um modo geral não conheciam, e não sabiam o que esperar dos Guardiões. Agora, existe a cobrança por um filme ainda melhor, com uma trama surpreendente, mais piadas, e, consequentemente, com um trabalho de dublagem ainda mais primoroso. Sem contar que é o meu primeiro ‘herói’ na dublagem, e dublar o Chris Pratt é sempre um desafio, pois considero ele um ator excelente. 

Omelete: Que desafios a voz original de Chris Pratt impõe a um dublador, na conversão para o português?
Rossatto: 
Já de cara, o fato de ele ser um ator que fez muita comédia, garantiu a ele muito sarcasmo e ironia no jeito de falar. Muitas vezes, Pratt parece um daqueles caras do Brooklyn. A facilidade é que o nosso timbre combina. Não tenho muita dificuldade em dar voz a ele, mas, em alguns momentos, eu apanho pra captar esse sarcasmo que ele passa tão naturalmente. Espero ter feito um trabalho ainda melhor no Guardiões 2, pois tenho muitos pontos sobre o meu trabalho que acho que poderia ter feito melhor no primeiro. Sou muito autocrítico

Omelete: Como e quando começou sua trajetória na dublagem e que filmes você fez desde sua estreia na atividade? 
Rossatto: Minh
a história pra chegar na dublagem começa lá de trás. Eu sou nascido e criado em circo: sou a 7ª geração circense da familia do meu pai. Comecei a fazer locução, teatro e vários números circenses, como acrobacia, trapézio, andar no arame, atirar facas... desde cedo. Então, peguei uma bagagem artística muito boa. Com 20 anos, algumas pessoas vieram me perguntar se eu era dublador, e eu, desconhecendo a profissão, neguei. Mas procurei um curso de dublagem, estudei com a Mabel César e Cláudio Galvan. Após o curso, o Cláudio me levou para conhecer a Delart, no Rio, e eu conheci o Garcia Jr., que me chamou pra fazer o teste para gravar as canções do Flynn Rider na animação Enrolados, e posteriormente, para dublar o personagem. Passei nos dois testes, mas acabei gravando só as canções pela entrada do Luciano Huck no meu lugar. A partir daí, eu comecei a dublar muito. Dublei Augustus Waters de A Culpa é das Estrelas, Will Traynor de Como Eu Era Antes De Você, Finnick Odair em Jogos Vorazes, Kristoff em Frozen, o Senhor das Estrelas no primeiro Guardiões, o Oh de Cada Um Na Sua Casa, e vários outros protagonistas, em Cavaleiro Solitário, Simplesmente Acontece, Se Eu Ficar, Dezesseis Luas, Jurassic World, Passageiros. Sou completamente apaixonado por essa profissão, que me traz cada vez mais alegria e coisas boas.