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Crítica

Ninja Gaiden: Ragebound é desafiador, preciso e crocante

Novo game de ação 2D não perdoa erros, mas a recompensa é deliciosa

4 min de leitura
07.08.2025, às 12H02.

Créditos da imagem: Dotemu

Ninja Gaiden: Ragebound é crocante. Pego emprestado o termo gastronômico primeiro por sua especificidade. Algo crocante precisa estar no ponto certo: prepare um pouco menos e a comida fica macia demais, e prepare a mais e você arrisca queimar tudo. Mas além disso, crocância gera um prazer instintivo. Visceral. A textura alegra o cérebro muito antes de podermos processar o gosto. Ninja Gaiden: Ragebound é um jogo de prazeres viscerais.

Dotemu

Sim, a pixel art do game da Game Kitchen é tão nostálgica quanto necessária, nos levando de volta no tempo mas também cumprimindo um propósito muito real de comunicar posicionamento, velocidade e impacto para um jogo onde cada milímetro pode fazer a diferença entre a vida e a morte. E sim, a música é de outro mundo, um mix de rock, eletrônico e pop japonês que faz Ragebound pulsar mesmo quando Kenji, um aprendiz de Ryu na vila de Hayabusa, e Kumori, uma rival do Clã da Aranha Negra, estão só parados em tela. Mas tudo isso vem depois do deleite que é fazer praticamente qualquer coisa com eles.

Graças aos controles precisos e construção impecável de timing, Ninja Gaiden: Ragebound existe num equilíbrio crucial. O jogo é desafiador o suficiente para te fazer querer jogar o controle na parede aqui e ali, mas a precisão de seus comandos e a claridade do design das fases significa que você sempre acredita que está a um passo de conquistar seus inimigos. E quando você aprende o ritmo de uma área? Bom, Ragebound é crocante. Esse balanceamento, entre dificuldade e domínio, cria um looping viciante de gameplay. Isso só se sustenta pela forma como cada ataque, movimento e poder de Kenji e Kumori é bem realizado. Um dos grandes méritos da Game Kitchen é deixar claro, na apresentação mas também na sensação mecânica, o que cada botão é capaz de fazer, e como você pode praticamente voar quando aprende a combiná-los do jeito certo.

Combinação, aliás, é um dos grandes temas do jogo. Kenji e Kumori são inimigos jurados, e inicialmente, Ragebound alterna entre um e outro personagem. Eventualmente, devido a um acontecimento da história que prefiro não explicar – mas que é exposto nos trailers – eles são forçados a trabalhar juntos contra forças demoníacas (e, posteriormente, governamentais), e você passa a ser capaz de misturar e, claro, combinar as habilidades de cada um. É então que o novo Ninja Gaiden realmente explode. O que antes era bom passa a ter novas camadas de possibilidade, e é profundamente satisfatório dominar cada uma delas.

Dotemu

Em nenhum momento o resultado desse investimento por parte do jogador se mostra mais visível do que nas lutas contra chefões, danças cuja cadência demandam algo próximo da perfeição. Ragebound faz um trabalho excelente do gore em pixel art durante todos os embates, mas nada se compara a ver um adversário final sendo abatido, especialmente porque a luta que antecede o abate justifica o êxtase da conclusão. 

Infelizmente, é também nas boss fights que Ragebound foge da exatidão que faz todo o resto do jogo brilhar. As duas batalhas mais infernais acontecem no fim do terceiro dos quatro capítulos da campanha, e parte da frustração com elas vem pela inserção de elementos que, se não são aleatórios, ao menos parecem destoar do resto do espetáculo. O grande chefão final, porém, é o melhor exemplo da fusão da dificuldade com o “conquistável”, e resulta num encerramento para lá de glorioso.

Dotemu

É claro que quem adorar o jogo terá o que fazer depois das quatro ou cinco horas necessárias para ver os créditos. Seu resultado nos níveis recebe uma nota, e conquistar o sonhado Rank S em todas vai manter muitas pessoas vidradas na tela. Há finais alternativos, modos difíceis e fases secretas, também. É uma variedade que, aliás, se beneficiaria de mais opções de customização. 

Há especiais diferentes para desbloquear e regalias, como recuperar a vida inteira em cada checkpoint, para comprar com itens raros que você encontra pelo mundo, mas algumas opções parecem muito superiores a outras, e trocar o estilo com o qual você joga acaba sendo desencorajado, ainda mais quando se leva a conta o grau de desafio de Ragebound.

Afinal de contas, mesmo o crocante pode perder o apelo quando se come demais da mesma coisa. Ainda assim, não há nada como aquele primeiro contato, e a explosão que se segue. Ninja Gaiden: Ragebound provoca em nós uma reação parecida. Um desejo profundo de mais uma mordida.

Nota do Crítico

Ninja Gaiden: Ragebound

NINJA GAIDEN: Ragebound

31.07.2025
Ação, Sidescroller
Desenvolvedora: The Game Kitchen
Publicadora: Dotemu
Classificação: 12 anos
Testado em: PlayStation 5