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Crítica

Elden Ring: Nightreign fará você amar o soulslike de um jeito diferente

União de battle royale com roguelike dá nova cara ao estilo de combate da FromSoftware

6 min de leitura
28.05.2025, às 11H00.

Quando Elden Ring Nightreign foi anunciado, é provável que você tenha torcido o nariz se for um fã dos jogos da FromSoftware. É claro que Dark Souls, Bloodborne e outros jogos da empresa tem na participação de outros jogadores uma parte fundamental do gameplay, mas nenhum desses títulos se aproxima tanto de uma experiência convencional de multiplayer quando essa mistura curiosa de battle royale e roguelike.

Daí vieram os testes beta e mostraram que, sim, essa mistura curiosa funciona muito bem. E agora, com a versão final do jogo em mãos, a impressão é que Elden Ring Nightreign tem muito mais em comum com seus antecessores do que a gente imagina. Mesmo sendo um jogo tão diferente quando você começa a analisar os detalhes.

Elden Ring Nightreign se passa em uma linha do tempo paralela que surgiu depois do Estilhaçamento do Anel Prístino. Nessa realidade, você precisa enfrentar o Senhor da Noite, que aparece após sobreviver a três noites dentro de uma versão diferente da área introdutória do Elden Ring original, Limgrave.

Cada incursão é uma partida diferente que você joga sozinho ou com até três pessoas, no qual você precisa sobreviver enquanto o mapa vai se afunilando para um ponto. Você sempre começa no nível um e precisa evoluir o seu personagem e obter novas armas enquanto tenta sobreviver até encarar um chefe que marca o final de cada um dos dias.

Nessa dinâmica, Nightreign me trouxe uma sensação com a qual eu não estava acostumado a ter em um soulslike: a urgência. Toda vez que eu estava coletando almas, procurando pontos de graça para subir de nível e tentando enfrentar inimigos maiores que permeiam o cenário, essa noção de urgência para chegar ao ponto final do mapa era uma preocupação inédita com a qual eu não estava acostumado.

É claro que Nightreign oferece as ferramentas para que você seja mais ágil em um jogo que te pede para ter pressa, como não ter penalidades de stamina em corridas fora de batalha, a possibilidade de cruzar o mapa pegando carona com um pássaro gigante, ou não ter nenhum dano de queda, mas vindo de outros jogos desse gênero, em que a cautela e a prudência sempre foram meus melhores amigos, não deixava de ser um susto quando vinha o paredão de fogo pronto pra me empurrar pro chefe da fase.

Esse raciocínio de deixar tudo mais dinâmico se aplica a vários aspectos do que é jogar um soulslike, desde a sua relação com o cenário ou até mesmo a maneira como você se relaciona com a evolução do seu personagem, em que você só precisa se preocupar em subir de nível e escolher o personagem e a arma que te agradam mais dentro de uma seleção pré-definida de classes, que incluem guerreiros especializados em corpo a corpo ágeis, mais pesados, até magos e arqueiros.

O principal elemento no qual Elden Ring Nightreign se foca, entre os vários que a FromSoftware colocou no jogo original, é o combate. Tudo aqui é projetado para fazer você e o seu grupo entrarem em situações de luta com frequência, e nisso eu comecei a apreciar bastante como esse jogo me fez aproveitar muito mais esse lado do jogo.

Para explicar isso, eu preciso abrir um parênteses para falar um pouco sobre como foi meu tempo com quase 60 horas de Elden Ring. Como acontece com praticamente todo mundo, é inevitável chegar a um ponto em que você fica completamente perdido. Mas, sempre que eu tentava procurar um caminho para seguir, quase sempre me deparava com um paredão de dificuldade diante de um chefe ou uma área difícil que exige concentração e preparação do jeito clássico de qualquer soulslike, em que você vai tentando e aprendendo até conseguir superar o desafio. Ou seja, não funcionava nem mesmo aquele conselho clássico de Elden Ring de apenas ir pra outro lugar caso você estivesse frustrado onde estava, porque eu me deparava com esse problema independentemente da direção que eu fosse.

Não me leve a mal, não acho essa dinâmica que descrevi ruim. Pelo contrário. Esse acúmulo de experiência por meio de frustrações sucessivas que se convertem em uma sensação de felicidade, conquista e até um pouco de alívio a cada vez que você derrota um chefe depois de morrer várias vezes é o que faz Elden Ring e os jogos de Hidetaka Miyazaki serem tão especiais. Mas é inegável que essa dinâmica toda faz as lutas de Elden Ring serem encaradas com tensão e seriedade.

Ao simplificar vários desses processos e fazer todas as partidas rodarem mais rápido e de um jeito até descartável, já que você não carrega quase nada da sua montagem de personagem para outras partidas, Nightreign tira bastante dessa pressão dos ombros de quem joga. As lutas ainda serão difíceis, especialmente se você jogar sozinho - e esse é até o jeito do jogo te incentivar a jogar sempre em grupo, para deixar as coisas um pouco mais justas. Você ainda terá que prestar atenção em padrões de ataque e ficar esperto para não ver a sua barra de vida derreter em dois golpes de um chefe.

Mas, ao mesmo tempo, quando sua estratégia dá errado e você acaba morrendo, as consequências são bem menos catastróficas. Se você está em grupo, sempre tem uma chance de seu amigo te salvar - um ataque em companheiros caídos faz eles retornarem. Se você está não chegou na batalha final de cada dia e acabou morrendo, até mesmo para um inimigo mais forte, você volta em um ponto bem próximo das almas que perdeu e ainda tem até a chance de terminar o serviço, porque a barra de vida estará do oponente estará no mesmo ponto de vida que você deixou. E mesmo assim, mesmo quando tudo isso dá errado, tudo bem: acabou a partida, é só começar de novo.

Esse estilo que Nightreign trouxe me fez enxergar soulslike de uma forma totalmente diferente. Me fez ter vontade de experimentar outras classes de batalha, como o arqueiro, um estilo de jogo à distância que nunca foi minha praia nesse tipo de jogo. Me fez testar armas como machados, lanças e outras tantas que eu passaria longe, já que compensa muito mais me especializar em uma arma só para aprimorar sua habilidade contra inimigos poderosos.

E o mais interessante é que o jogo faz isso sem mudar fundamentalmente quase nada do que a gente conhece de Elden Ring.

É claro, a maneira como você se desloca no cenário é diferente. O jeito como você encara esse ciclo de morrer e tentar de novo é diferente. O jeito como você pensa a montagem do seu personagem, também. Mas, essencialmente, Nightreign usa os mesmos cenários, boa parte das animações de ataque, das armas, dos inimigos. Até mesmo a preocupação em contar uma trama de maneira contextual está lá, associando a história de cada um dos personagens representados pelas classes com desafios que você precisa cumprir no cenário.

A gente já viu várias vezes na indústria de games casos em que você consegue fazer jogos completamente diferentes usando os mesmos elementos. É só pensar em The Legend of Zelda: Ocarina of Time e The Legend of Zelda: Majora’s Mask, por exemplo. Elden Ring Nightreign faz mais ou menos isso em relação ao Elden Ring original. Ele remonta o Jogo do Ano de 2022 de uma forma diferente e, mesmo que muito de seu antecessor ainda esteja lá, ele te entrega outro tipo de experiência que vai fazer você amar o soulslike de um jeito diferente.

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