Game of Thrones sempre foi conhecida pelas reviravoltas e por não seguir as regras de dramas comuns. Protagonistas foram mortos com frequência e nunca houve apego algum aos bons moços da trama. Ninguém está a salvo nas mãos de George R.R. Martin. A sexta temporada, porém, começa a dar indícios que boa parte do arsenal do autor se extinguiu - o que não quer dizer que a qualidade da história caiu, mas que ela finalmente se encaminha para um desfecho.
O terceiro episódio deste ano, "Oathbreaker", direcionou dois personagens importantes para um provável encerramento de arco. O primeiro deles é Jon Snow (Kit Harington). Ponto central de todo o roteiro, o bastardo que ressuscitou agora deixa a Muralha para, provavelmente, lutar contra os Bolton ao lado dos Selvagens - um regresso ao lugar de onde partiu, mas agora com toda uma experiência após anos vestindo o manto negro. A frase "minha patrulha terminou" mostra o fim dos deveres do personagem naquele local e o início da real missão dele na história como um todo.
Além de mostrar as ações de Snow na Muralha, a sexta temporada usa Bran e o Corvo de Três Olhos para explicar a história de Ned Stark (Sean Bean). O último flashback mostrou a batalha de Eddard na Torre da Alegria, onde ele resgatou Lyanna, sua irmã e provável mãe de Jon. A ótima cena de luta se encerra com Ned subindo as escadas, indo em direção a maior revelação de toda a série - não deve demorar para a verdade vir à tona, seja ela qual for. Com essas viagens no tempo, Bran simboliza a contextualização de toda a história e ainda deve mostrar outras épocas em visões, o que trará mais sentido ao vindouro encerramento do seriado.
Arya (Maisie Williams) é a outra Stark que parece ter saído da inércia. O eterno treinamento na Casa do Preto e do Branco está chegando ao fim e a moça começa a ganhar alguma importância na história geral - pois ali dentro, gritando nomes e sofrendo, ela não passava de uma criança com raiva. Agora, como uma assassina treinada, ela parece ser tão importante quanto seus outros dois irmãos. E mesmo que seu desenvolvimento tenha sido lento, é inegável que algo está guardado para ela. O quarto Stark de "Oathbreaker" foi Rickon, o caçula que estava perdido no Norte e agora está nas mãos de Ramsay Bolton, o que pode servir como isca ou atrativo para Snow seguir até Winterfell.
A presença do garoto no final do episódio mostrou como este início de sexta temporada explora, principalmente, o destino dos herdeiros Stark. Jon tem consigo o maior mistério de toda série (ressurreição, filiação) e deve cruzar não só com estes dois irmãos, mas com Sansa também, o que daria uma unidade interessante à trajetória de todos eles. Enquanto isso, os outros braços de Game of Thrones continuam a crescer. Porto Real, Daenerys e Meereen ganharão mais espaço nos próximos episódios, mas não há como negar que a história da família Stark poucas vezes pareceu tão atrelada ao destino final de Westeros.