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Terremoto: A Falha de San Andreas | Com mais de 1.300 efeitos visuais, filme não quer ser só espetáculo

Conversamos com o diretor, roteirista e o elenco do filme

29.05.2015, às 12H51.

Terremoto: A Falha de San Andreas (San Andreas) nasceu do desejo do produtor Beau Flynn de levar a tradição dos filmes-catástrofes dos anos 70, como Inferno na Torre (The Towering Inferno, 1974), Terremoto (1974) e Avalanche (1978), para a era do 3D. Além da nostalgia, o trauma do terremoto de Northridge, em 1994, o fez querer ver o medo que o acompanhava desde então transformado em um espetáculo realista, graças a evolução dos efeitos por computação gráfica.

Leia a nossa crítica de Terremoto: A Falha de San Andreas

Carlton Cuse, roteirista mais conhecido por seus trabalhos na TV (em séries como Lost, Bates Motel e The Strain), também levou para o longa a sua experiência pessoal, o terremoto de Sherman Oaks, em 1984. "Foi uma loucura. Minha filha mais nova foi jogada da cama, minha mulher gritava pois não conseguia encontrá-la, estava escuro, eram quatro da manhã... Foi uma experiência assustadora que esteve comigo enquanto eu escrevia o roteiro".

Terremoto eleva esses medos ao extremo, imaginando o maior abalo sísmico da história, indo de uma falha não detectada em Nevada até a famosa falha de San Andreas. A destruição segue também por Los Angeles e San Francisco, mas o diretor Brad Peyton garante que queria mostrar mais do que efeitos visuais grandiloquentes: "Muitos filmes de espetáculo entretêm, mas você não sente quase nada. Meu objetivo era levar toda a escala e espetáculo que você espera de um blockbuster, mas cresci com James Cameron e Steven Spielberg, caras que conseguem fazer você se importar com um robô do futuro, e as mulheres são tão fortes quantos os homens, e isso é foda. Quero fazer esse tipo de filme. Estava lendo o roteiro e vi que Cuse atendia todos esses requisitos que, por algum motivo, são raros hoje. Caçadores da Arca Perdida, O Exterminador do Futuro 2, esses filmes me influenciaram a fazer algo grandioso, com toda a ação, mas pessoas reais, vivendo situações reais e emocionais". Visão essa compartilhada pelo astro do filme, Dwayne "The Rock" Johnson: "Para nós foi uma oportunidade de redefinir o gênero que Roland Emmerich fez tão bem, James Cameron também. É um gênero fantástico, épico, um gênero com alcance global, se você faz certo, e para nós foi uma oportunidade para fazer algo que tem muitos elementos legais em termos de espetáculo visual, mas também tem coração. Com Terremoto esperamos que você se lembre dos efeitos visuais, da ação, mas também dos personagens".

Por mais que o lado humano da catástrofe fosse o foco do diretor e do seu protagonista, mais de 1.300 efeitos visuais foram empregados para criar Terremoto: A Falha de San Andreas: "Quase toda a cena tem algo acontecendo, mesmo que seja apenas criar uma rachadura em uma parede que estava limpa ou acrescentar um pouco de poeira para dar mais tensão à cena, até a parte de criar completamente ondas, prédio e pontes. Fizemos de tudo", explica o produtor de efeitos visuais Randall Starr.

Além dos efeitos por computação gráfica, a produção trabalhou com ambientes práticos, incluindo um tanque de 120.000 m², o maior da Austrália, com capacidade para 1,5 milhão de litros. "Nunca vi nada como aquilo na minha vida", conta Alexandra Daddario, que interpreta a filha de The Rock no filme, "Foi algo muito difícil, levando em conta o quanto era complicado para todos, mas foi, ao mesmo, incrivelmente fascinante. Existem níveis que sobem e descem, puxando a água para um tanque em que eles jogam os atores e dublês. Você está preso por uma corda e é empurrado pelo peso da água. Foi extraordinário passar pelo que a minha personagem estava passando e foi um desafio para mim e para todos. Foi algo extremamente preciso e divertido, que poderia ter sido um desastre".

Carla Gugino, que vive a ex-esposa do personagem de The Rock no longa, também esteve em uma cena trabalhosa. A atriz é o foco de uma das melhores partes do filme, um movimentado plano-sequência: "Era um dia que toda a equipe precisa estar no seu melhor. Nós tínhamos o operador de câmera, com o equipamento preso ao corpo, me seguindo, tínhamos muitos dublês, figurantes, bolas de fogo, vidros explodindo...Qualquer coisinha que desse errado eram mais quatro horas para arrumar tudo e começar novamente. (...) É uma cena que poderia ter sido feita de um jeito mais fácil, mas não seria a mesma coisa para o público".

Daddario explica que filmes carregados de efeitos especiais, práticos ou visuais, como Terremoto ou Percy Jackson (franquia em que interpreta Annabeth), ensinam coisas para os atores que as escolas de atuação não ensinam: "Quando consegui o papel no primeiro Percy Jackson já fazia aulas de atuação em Nova York há 10 anos. Ninguém te treita para atuar como uma bola de tênis [truque usado para estabelecer para onde o ator deve olhar em uma cena que será criada em computação gráfica], você sempre aprende a reagir com outro ser humano. Em um filme desse tamanho, ou do tamanho de Percy Jackson, você aprende novas habilidades como atriz. Às vezes são apenas pessoas da equipe correndo com uma foto gigante, então é uma habilidade estranha, mas divertida de se ter".

Entre o lado emocional e a escala grandiosa do filme, The Rock conta que aprendeu a ficar mais alerta em relação aos fenômenos naturais: "Você sai de uma experiência dessa com um respeito ainda maior pela mãe natureza. Estive em um pequeno terremoto em 2008, mas minha maior experiência com esse tipo de coisa foi em 1992, com o furacão Andrew. Achei eu e minha família estavámos preparados, mas agora estamos mais ainda". Gugino conta que, além dos kits de sobrevivência básicos, aprendeu por experiência própria com o terremoto de Northridge, em 1994, que é preciso dormir sempre preparado: "Foi um dos momentos mais assustadores da minha vida. Acordei no meio da noite e não conseguia encontrar nenhuma roupa. Ia sair correndo pelada até que finalmente encontrei um robe. Disse para mim mesma que nunca mais passaria por aquilo". "Eu fugiria pelado, mesmo sem terremoto", brincou The Rock.

The Rock, que vive um oficial de resgate no filme, aproveitou a turnê de divulgação para homenagear diversos corpos de bombeiros pelo mundo, incluindo o de São Paulo:

HOMENAGEM DA WARNER BROS PICTURES BRASILE os bravos bombeiros de São Paulo gostariam de agradecer as palavras do ator @TheRock Dwayne Douglas Johnson, que em português, mandou um recado pra gente.Warner Bros Pictures Brasil

Posted by Corpo de Bombeiros da PMESP on Quinta, 28 de maio de 2015

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O Omelete participou da coletiva de impresa de Terremoto: A Falha de San Andreas em Los Angeles.