Embora ainda seja temporada de blockbusters nos EUA, uma pequena produção de espinhosa tônica política (o racismo contra índios), chancelada pelo Festival de Cannes com elogios e prêmios, vai tentar a sorte nas bilheterias americanas a partir desta sexta: Terra Selvagem (Wind River), um thriller sob quilos de neve.
Roteirista do cult A Qualquer Custo (2016), Taylor Sheridan estreia como cineasta narrando a investigação empreendida por um rastreador profissional (Jeremy Renner) e uma agente do FBI (Elizabeth Olsen) para desvendar um assassinato em uma reserva. Em Cannes, onde concorreu na seção Un Certain Regard, o longa-metragem rendeu a Sheridan a láurea de melhor diretor. Já no Festival de Karlov Vary (um dos mais antigos do mundo), ele conquistou prêmios de júri popular e melhor ator, consagrando a atuação de Renner, hoje festejado pelos fãs da Marvel pelo papel de Gavião Arqueiro dos cinemas.
“Este filme é uma celebração das diferenças, de raça, de credo, de respeito ao próximo e à Natureza”, disse Renner ao Omelete em Cannes. “Existem barreiras naturais e civilizatórias que precisam ser revistas”.
Terra Selvagem vem impressionando plateias por onde passa pelo rigor de Sheridan na condução das sequências de ação e pelo clima de mistério que encobre estatísticas trágicas nos EUA. O filme nasceu em decorrência do contínuo extermínio de nativos em aldeias americanas. Na trama, o personagem de Renner, Cory Lambert, é um caçador escalado pelo governo para ajudar os povos indígenas. A notícia de um assassinato abre velhas feridas de seu passado, um passado abalado por uma perda familiar também ligada a racistas. “É preciso entender como os índios vivem na América e devolver a eles um lugar de fala, de respeito”, disse Sheridan, na Croisette.