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Filmes
Entrevista

Sinfonia da Necrópole | Roteirista de Super Max fala sobre o terror musical

Filme é inspirado em filmes brasileiros da década de 80

RF
15.04.2016, às 11H13.
Atualizada em 03.11.2016, ÀS 02H09

Terror e musical, dois gêneros de difícil encaixe nas atuais engrenagens do cinema popular brasileiro – dominado majoritariamente por comédias e, atualmente, por Os Dez Mandamentos  misturam-se com um equilíbrio aclamado e premiado no exterior no filme Sinfonia da Necrópole, em cartaz a partir desta quinta-feira. A direção é assinada por uma especialista no filão do assombro: a cineasta paulista Juliana Rojas, codiretora do elogiado longa Trabalhar Cansa (2011), com Marco Dutra, e de curtas sombrios como O Duplo (2012). Seu olhar agora se volta para os operários da Morte, ou seja, os funcionários de um cemitério de São Paulo. É lá que a rotina do aprendiz de coveiro Deodato (Eduardo Gomes) muda quando uma nova funcionária (Luciana Paes) chega ao cemitério. Juntos, eles devem fazer o recadastramento dos túmulos abandonados, mas estranhos eventos abrem as portas para o insólito e para o terror na maior metrópole do país. Na entrevista a seguir, Juliana, que foi uma das autoras da esperada série Super Max da TV Globo (prevista para o segundo semestre), fala sobre como equilibrar a dinâmica do susto com canções e coreografias.

De que forma Sinfonia da Necrópole dialoga com cânones do gênero musical que dialogaram com o terror, como o filme Rock Horror Picture Show ou o videoclipe Thriller, com Michael Jackson? 
JULIANA ROJAS - 
Esses dois filmes não foram referências diretas para o Sinfonia. Nós nos inspiramos mais em filmes da década de 1980, que retratavam a cidade de São Paulo, como Cidade Oculta, de Chico Botelho. Lua de Cristal, de TIzuka Yamasaki, também foi uma referência para algumas sequências. Acho que o Sinfoniadialoga com esses filmes pelo modo como mistura os gêneros, transitando entre comédia, musical e horror. Durante as filmagens, a gente costumava dizer que era o nosso longa Sessão da Tarde, pois acho que nela há filmes que tentam transitar entre os gêneros com o objetivo de contar a história da maneira mais divertida possível.

Como se constrói um musical num formato de baixo orçamento no Brasil?
JULIANA - Em relação ao baixo orçamento, um dos aspectos fundamentais para conseguirmos realizar oSinfonia foi o fato de que, desde o princípio, não buscamos uma referência em números musicais suntuosos, fosse na orquestração das músicas, fosse na execução das sequências. Não busquei atores que fossem tradicionalmente de musical. Para mim, não era importante que eles cantassem com excelência técnica. Queria que fosse um canto adaptado à possibilidade deles, ao registro de voz de cada um, para trazer mais humanidade ao filme. Também buscamos uma coreografia mais simples, que surgisse de forma orgânica a partir dos gestos e do ritmo de cada cena. A exceção foi a sequência dos mortos, na qual buscamos construir uma coreografia mais elaborada e para qual chamamos bailarinos profissionais.


Como é que o elemento "morbidez" pode se caracterizar como algo constitutivo da alma brasileira conforme os personagens de seu cemitério nos sugerem? 
JULIANA - Não acho que os personagens do filme sejam mórbidos. Acho que eles têm outra relação com o espaço do cemitério e o cotidiano de velórios e sepultamentos. É a rotina deles, e, portanto, eles conseguem ter um distanciamento, uma outra maneira de lidar com esses procedimentos, o que eu acho muito interessante. O único personagem que não se adapta a isso é o Deodato. E, por isso, talvez, o público tenha a tendência de se identificar e torcer por ele.

De que maneira o horror vem se reconfigurando como estética no Brasil?
JULIANA -
 Não posso falar do assunto com muita propriedade porque não acompanho os festivais voltados para o gênero no país. A impressão que tenho é que o cinema de horror vem ganhando mais espaço no Brasil nos últimos anos, embora ainda sofra um certo preconceito. Acho que a geração atual também tem se interessado mais em assistir e produzir filmes de gênero. No cenário atual, me interessa bastante o trabalho de cineastas que buscam filmar o cinema de gênero adaptando ele a sua cultura e realidade local, como o Rodrigo Aragão (cineasta capixaba, diretor de "Mangue Negro" e "A Noite do chupacabra") e o Ramon Porto Mota (cineasta paraibano que está preparando seu primeiro longa). Também gostei muito do longa "Mate-me, por favor", da Anita Rocha da Silveira, que conta uma história de gênero ambientada na Barra da Tijuca.

Terror e musical, dois gêneros de difícil encaixe nas atuais engrenagens do cinema popular brasileiro – dominado majoritariamente por comédias e, atualmente, por Os Dez Mandamentos  misturam-se com um equilíbrio aclamado e premiado no exterior no filme Sinfonia da Necrópole, em cartaz a partir desta quinta-feira. A direção é assinada por uma especialista no filão do assombro: a cineasta paulista Juliana Rojas, codiretora do elogiado longa Trabalhar Cansa (2011), com Marco Dutra, e de curtas sombrios como O Duplo (2012). Seu olhar agora se volta para os operários da Morte, ou seja, os funcionários de um cemitério de São Paulo. É lá que a rotina do aprendiz de coveiro Deodato (Eduardo Gomes) muda quando uma nova funcionária (Luciana Paes) chega ao cemitério. Juntos, eles devem fazer o recadastramento dos túmulos abandonados, mas estranhos eventos abrem as portas para o insólito e para o terror na maior metrópole do país. Na entrevista a seguir, Juliana, que foi uma das autoras da esperada série Super Max da TV Globo (prevista para o segundo semestre), fala sobre como equilibrar a dinâmica do susto com canções e coreografias.

De que forma Sinfonia da Necrópole dialoga com cânones do gênero musical que dialogaram com o terror, como o filme Rock Horror Picture Show ou o videoclipe Thriller, com Michael Jackson? 
JULIANA ROJAS - 
Esses dois filmes não foram referências diretas para o Sinfonia. Nós nos inspiramos mais em filmes da década de 1980, que retratavam a cidade de São Paulo, como Cidade Oculta, de Chico Botelho.Lua de Cristal, de TIzuka Yamasaki, também foi uma referência para algumas sequências. Acho que o Sinfoniadialoga com esses filmes pelo modo como mistura os gêneros, transitando entre comédia, musical e horror. Durante as filmagens, a gente costumava dizer que era o nosso longa Sessão da Tarde, pois acho que nela há filmes que tentam transitar entre os gêneros com o objetivo de contar a história da maneira mais divertida possível.

Como se constrói um musical num formato de baixo orçamento no Brasil?

JULIANA - Em relação ao baixo orçamento, um dos aspectos fundamentais para conseguirmos realizar oSinfonia foi o fato de que, desde o princípio, não buscamos uma referência em números musicais suntuosos, fosse na orquestração das músicas, fosse na execução das sequências. Não busquei atores que fossem tradicionalmente de musical. Para mim, não era importante que eles cantassem com excelência técnica. Queria que fosse um canto adaptado à possibilidade deles, ao registro de voz de cada um, para trazer mais humanidade ao filme. Também buscamos uma coreografia mais simples, que surgisse de forma orgânica a partir dos gestos e do ritmo de cada cena. A exceção foi a sequência dos mortos, na qual buscamos construir uma coreografia mais elaborada e para qual chamamos bailarinos profissionais.

Como é que o elemento "morbidez" pode se caracterizar como algo constitutivo da alma brasileira conforme os personagens de seu cemitério nos sugerem? 
JULIANA - Não acho que os personagens do filme sejam mórbidos. Acho que eles têm outra relação com o espaço do cemitério e o cotidiano de velórios e sepultamentos. É a rotina deles, e, portanto, eles conseguem ter um distanciamento, uma outra maneira de lidar com esses procedimentos, o que eu acho muito interessante. O único personagem que não se adapta a isso é o Deodato. E, por isso, talvez, o público tenha a tendência de se identificar e torcer por ele.

De que maneira o horror vem se reconfigurando como estética no Brasil?
JULIANA -
 Não posso falar do assunto com muita propriedade porque não acompanho os festivais voltados para o gênero no país. A impressão que tenho é que o cinema de horror vem ganhando mais espaço no Brasil nos últimos anos, embora ainda sofra um certo preconceito. Acho que a geração atual também tem se interessado mais em assistir e produzir filmes de gênero. No cenário atual, me interessa bastante o trabalho de cineastas que buscam filmar o cinema de gênero adaptando ele a sua cultura e realidade local, como o Rodrigo Aragão (cineasta capixaba, diretor de "Mangue Negro" e "A Noite do chupacabra") e o Ramon Porto Mota (cineasta paraibano que está preparando seu primeiro longa). Também gostei muito do longa "Mate-me, por favor", da Anita Rocha da Silveira, que conta uma história de gênero ambientada na Barra da Tijuca.