Filmes

Entrevista

Severina | “O que me interessa no cinema é a câmera sem truques”, diz Felipe Hirsch

Um dos maiores encenadores do teatro brasileiro, o diretor exibe domingo no Festival de Locarno longa com atores hispânicos

05.08.2017, às 13H27.
Atualizada em 05.08.2017, ÀS 14H08

Aclamado no teatro como um dos maiores encenadores dos palcos brasileiros, Felipe Hirsch, que entrou para o cinema em 2009 com Insolação, tem um filme novo, zero km, saindo quentinho do forno este domingo para a tela de um dos mais prestigiados fóruns de cinema do mundo: o Festival de Locarno, na Suíça. É lá que ele vai lançar o drama de amor, palavras e inquietações existenciais Severina. Rodado no Uruguai, com elenco hispânico, o longa-metragem concorre ao troféu Pardo d’Oro na seção Cineasti Del Presente, com projeções agendadas para 6, 7 e 8 de agosto em solo suíço.

Levei muito tempo resistindo a rodar um segundo longa até encontrar uma história que me permitisse ir além dos movimentos políticos. Não queria ser retroativo às questões políticas da América Latina e sim fazer um objeto poético que durasse ao longo do Tempo”, diz Hirsch ao Omelete diretamente de Locarno.

Escrito por Hirsch - com foco na rotina de um livreiro aspirante a escritor abalada por uma enigmática mulher que rouba em sua loja -, o roteiro de Severina é baseado na prosa do escritor guatemalteco Rodrigo Rey Rosa (autor de Os Surdos). Estrelado pelos argentinos Javier Drolas e Carla Quevedo, começou a ser produzido – por Rodrigo Teixeira, de Frances Ha (2012) e A Bruxa (2015) - durante a criação de Puzzle, projeto teatral realizado especialmente para a Feira de Livro de Frankfurt (Alemanha), em 2013.

Ali eu comecei a mergulhar no continente, o que me levou a este projeto rodado com atores chilenos, argentinos e uruguaios, fora de zeitgeist (espírito do tempo), centrado na permanência da gente, na permanência do humano”, diz Hirsch, que trouxe ainda para o elenco atores latinos de peso como Alfredo Castro e Daniel Hendler.

Metáfora sobre o poder redentor do perdão, Severina faz a cartografia de um amor obsessivo que se desenha entre papéis e narrativas. No enredo, R. (Drolas, com quem Hirsch filmou a série A Menina Sem Qualidades, para a MTV), é dono de uma livraria onde uma moça de comportamento incomum, Ana (Carla), atrai sua atenção, e não só pelo hábito de surripiar romances para ler e compartilhar com um suposto avô.

Ana é uma musa que rouba na livraria de R. mas também na outros, o que gera ciúmes nele. Começa, aparentemente como um filme masculino, mas se impõe como um feminino. A mulher coloca o livreiro no bolso ao longo da narrativa”, diz Hirsch. “Neste filme, eu desembarquei num porto onde deixei meu instinto falar. Mas para que pudesse me entregar, eu precisei me perder em lugares de descoberta. No Teatro, nos meus tempos no grupo Sutil Companhia, eu usava linguagem cinematográfica no palco, investindo em um tempo diferente do teatro clássico. Usava narrador. Usava narrativas de memória. Mas no cinema... ali, o que me interessa é a quebra dos códigos realistas do tempo. É usar uma câmera sem truques”. 

Em sua 70ª edição, o Festival de Locarno – fundado em 1946 - segue até 12 de agosto, exibindo ainda os longas brasileiros As Boas Maneiras, terror de Juliana Rojas e Marcos Dutra, e Era Uma Vez Brasília, de Adirley Queiróz.

 

 

Aclamado no teatro como um dos maiores encenadores dos palcos brasileiros, Felipe Hirsch, que entrou para o cinema em 2009 com Insolação, tem um filme novo, zero km, saindo quentinho do forno este domingo para a tela de um dos mais prestigiados fóruns de cinema do mundo: o Festival de Locarno, na Suíça. É lá que ele vai lançar o drama de amor, palavras e inquietações existenciais Severina. Rodado no Uruguai, com elenco hispânico, o longa-metragem concorre ao troféu Pardo d’Oro na seção Cineasti Del Presente, com projeções agendadas para 6, 7 e 8 de agosto em solo suíço.

 

“Levei muito tempo resistindo a rodar um segundo longa até encontrar uma história que me permitisse ir além dos movimentos políticos. Não queria ser retroativo às questões políticas da América Latina e sim fazer um objeto poético que durasse ao longo do Tempo”, diz Hirsch ao Omelete diretamente de Locarno.

 

Escrito por Hirsch - com foco na rotina de um livreiro aspirante a escritor abalada por uma enigmática mulher que rouba em sua loja -, o roteiro de Severina é baseado na prosa do escritor guatemalteco Rodrigo Rey Rosa (autor de Os Surdos). Estrelado pelos argentinos Javier Drolas e Carla Quevedo, começou a ser produzido – por Rodrigo Teixeira, de Frances Ha (2012) e A Bruxa (2015) - durante a criação de Puzzle, projeto teatral realizado especialmente para a Feira de Livro de Frankfurt (Alemanha), em 2013.

“Ali eu comecei a mergulhar no continente, o que me levou a este projeto rodado com atores chilenos, argentinos e uruguaios, fora de zeitgeist (espírito do tempo), centrado na permanência da gente, na permanência do humano”, diz Hirsch, que trouxe ainda para o elenco atores latinos de peso como Alfredo Castro e Daniel Hendler.

 

Metáfora sobre o poder redentor do perdão, Severina faz a cartografia de um amor obsessivo que se desenha entre papéis e narrativas. No enredo, R. (Drolas, com quem Hirsch filmou a série A Menina Sem Qualidades, para a MTV), é dono de uma livraria onde uma moça de comportamento incomum, Ana (Carla), atrai sua atenção, e não só pelo hábito de surripiar romances para ler e compartilhar com um suposto avô.

 

“Ana é uma musa que rouba na livraria de R. mas também na outros, o que gera ciúmes nele. Começa, aparentemente como um filme masculino, mas se impõe como um feminino. A mulher coloca o livreiro no bolso ao longo da narrativa”, diz Hirsch. “Neste filme, eu desembarquei num porto onde deixei meu instinto falar. Mas para que pudesse me entregar, eu precisei me perder em lugares de descoberta. No Teatro, nos meus tempos no grupo Sutil Companhia, eu usava linguagem cinematográfica no palco, investindo em um tempo diferente do teatro clássico. Usava narrador. Usava narrativas de memória. Mas no cinema... ali, o que me interessa é a quebra dos códigos realistas do tempo. É usar uma câmera sem truques”. 

 

Em sua 70ª edição, o Festival de Locarno – fundado em 1946 - segue até 12 de agosto, exibindo ainda os longas brasileiros As Boas Maneiras, terror de Juliana Rojas e Marcos Dutra, e Era Uma Vez Brasília, de Adirley Queiróz.