Filmes

Entrevista

Severina | Astro de Medianeras, o argentino Javier Drôlas brilha no Festival do Rio

Drama românticos ambientado numa livraria, o longa é dirigido por Felipe Hirsch, um bamba do teatro nacional

12.10.2017, às 19H49.
Atualizada em 13.10.2017, ÀS 00H02

Com status de galã cult por todos os países latinos por onde o fenômeno de crítica e de público Medianeras (2011) passou, o argentino Javier Drôlas agora volta a arrebatar o circuito brasileiro à frente de uma nova produção (e de DNA nacional), cuja direção é de Felipe Hirsch. Um dos maiores diretores do teatro nacional, Hirsch escalou Drôlas para o papel masculino principal de Severina, um dos filmes mais elogiados do Festival do Rio, com mais uma projeção no evento carioca nesta quinta, 13h45, no Kinoplex São Luiz. Drôlas é um dono de livraria às voltas com um amor proibido.

"Cada livro de sua loja conta uma história que é um pouco desse personagem, um sujeito à deriva na vida como uma água-viva no mar", disse o ator argentino, que filmou com Hirsch a série da MTV A Menina Sem Qualidades, em 2012. "Criamos já uma relação de mútua confiança em que a gente de complementa".

Exibido antes no Festival de Locarno, na Suíça, Severina é um drama de amor, palavras e inquietações existenciais, rodado no Uruguai, com elenco hispânico, sob os cuidados do produtor Rodrigo Teixeira (Tim Maia).

Escrito por Hirsch, o longa tem foco na rotina de um livreiro, aspirante a escritor, cuja rotina é abalada por uma enigmática mulher que rouba em sua loja. o roteiro de Severina é baseado na prosa do escritor guatemalteco Rodrigo Rey Rosa (autor de Os Surdos). Carla Quevedo, também da Argentina, vive o par de Drôlas no projeto, que começou a ser produzido durante a criação de Puzzle, projeto teatral realizado especialmente para a Feira de Livro de Frankfurt (Alemanha), em 2013. No elenco, há ainda atores latinos de peso como Alfredo Castro e Daniel Hendler.

"Tinha um professor na escola com quem aprendi o seguinte: na arte, a atividade de olhar e saber ver é desvalorizada, sobretudo quando o plano mirado se pauta no silêncio", diz Drôlas. "Hisch é um artesão do olhar e do que se passa em cenas onde nada é dito".

Metáfora sobre o poder redentor do perdão, Severina faz a cartografia de um amor obsessivo que se desenha entre papéis e narrativas. No enredo, R. (Drolas), é dono de uma livraria onde uma moça de comportamento incomum, Ana (Carla), atrai sua atenção, e não só pelo hábito de surripiar romances para ler e compartilhar com um suposto avô. “A ternura é a chave para a criação desse homem, que esconde em si algo de nobre", diz Drôlas.

Tem mais uma sessão de Severina neste sábado (14), às 19h20, no Estação Net Ipanema.