Larry Katz/Giovanna Luna; Capitão América: o Primeiro Vingador/Marvel Studios/Divulgação

Filmes

Entrevista

“Se você perseverar, é possível trabalhar em Hollywood”, diz Larry Katz

Assistente de direção de filmes como Capitão América e Planeta dos Macacos revela segredos de Hollywood

12.11.2018, às 12H06.

Quando um filme faz muito sucesso ou é indicado ao Oscar, vários nomes dos bastidores surgem para o público. Diretor, roteirista, produtor, diretor de fotografia são profissionais já conhecidos dos cinéfilos, mas existem várias outras funções tão importantes quanto dentro de um longa. Uma delas é o assistente de direção, cargo ocupado com orgulho por Larry Katz em filmes como Capitão América: O Primeiro Vingador (2011) e Planeta dos Macacos: a Guerra (2017).

Em passagem pelo Brasil para participar do Pixel Show, evento realizado em São Paulo com foco em criatividade, Katz revelou que ser um assistente de direção requer um grande domínio do tempo: “Você faz um plano, mas as coisas vão mudar o tempo todo, então é preciso ser capaz de lidar com isso e não se apegar muito aos planos, porque tudo pode mudar. Uma das coisas importantes é ter domínio do tempo. Quanto tempo demora para fazer cada coisa. Por exemplo: se você me disser que preciso chegar ao Pixel Show às 14h, eu sei exatamente que horas preciso tomar um banho, me vestir, checar o trânsito e sair. Isso também é necessário porque você trabalha ao lado de pessoas criativas, que não se preocupam com isso e realmente focam na parte… criativa”.

No cinema e na TV, o assistente de direção é conhecido por ser um profissional misto, que une tanto a parte de organização da produção, quanto a parte criativa do diretor. Mais do que um profissional que ajuda na direção, é ele quem organiza o set e é responsável por montar (e manter) a ordem do dia, um documento com toda a programação de filmagens que precisa ser cumprida para evitar a desorganização das filmagens e, consequentemente, problemas no orçamento.

Apesar disso, Larry Katz revela que não pôde distribuir a ordem do dia em uma de suas maiores experiências: o set de Capitão América: o Primeiro Vingador: “Eu tive sorte o suficiente de trabalhar no primeiro Capitão América. A Marvel é realmente única e tudo tem muito segredo. Normalmente no meu trabalho eu distribuo muitos papéis para a equipe, para todos saberem qual é a agenda do dia, mas em um filme da Marvel há muita preocupação com vazamentos, então você realmente não pode fazer isso. Mas, no geral, é como o set de outros filmes, só que com muito dinheiro e muita segurança”.

Outras experiências importantes na carreira de Katz, que também é professor do programa de cinema da Full Sail University, da Flórida (EUA), foram os sets de Planeta dos Macacos: O Confronto (2014) e Planeta dos Macacos: a Guerra (2017). Nas duas oportunidades, ele trabalhou na unidade de captura de movimentos: “Foi uma experiência incrível que realmente expandiu meus horizontes no sentido de trabalhar com novas tecnologias. Os atores, especialmente Andy Serkis, foram incríveis de ver. Foi extraordinário testemunhar como eles foram capazes de passar emoções através da tecnologia. E agora eu tenho essa experiência de captura de movimentos, caso apareçam outros projetos no futuro. Isso definitivamente muda o fluxo de trabalho: precisávamos fazer cada tomada duas ou três vezes, para conseguirmos todos os efeitos que os profissionais de efeitos visuais precisavam”.

Para quem sonha em trabalhar no mercado de cinema em Hollywood, Larry Katz deixa claro que o caminho não é fácil, mas recompensador para aqueles que insistem nele: “Não é tão difícil assim de entrar. Quero dizer, não é rápido. Geralmente são necessários alguns anos de tentativas. E muitas pessoas desistem porque sentem que não terão sucesso imediatamente. Mas se você tiver uma boa ética de trabalho, um bom networking e conseguir perseverar pelos primeiros anos sem ganhar muito dinheiro, então não é impossível”.