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Se o Vento Levanta a Areia - Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

Uma dolorosa jornada pelo deserto

28.10.2007, às 22H00.
Atualizada em 01.01.2017, ÀS 01H00

Se o Vento Levanta a Areia (Si Le Vent Souleve Les Sables) é baseado no romance francês Chamelle, de Marc Durin-Valois. O filme da experiente cineasta Marion Hänsel, produtora e diretora considerada uma das mulheres mais importantes do mercado cinematográfico na Bélgica, traz uma história de sobrevivência na África.

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Ela começa com um pai de família decidindo se estrangulará ou não sua filha recém-nascida. Nas duras condições do Sahara, uma boca a mais para alimentar - ainda mais uma feminina, menos apta para o trabalho pesado - é algo que deve ser muito bem considerado. Mas o bebê, para o alívio da mãe, é poupado.

Alguns anos depois, Rahne (o talentoso Sawadogo, ator do Burquina Faso), o pai, tem outra decisão difícil para tomar. Toda a água da região secou e a fonte mais próxima está a absurdas seis horas de caminhada. Assim, chegou o momento de uma viagem em busca de melhores condições. Ele, a esposa (a bela Karemera Umulinga, de Ruanda), os três filhos, um família vizinha, uma dúzia de cabras e dois camelos, partem sem rumo.

Conforme os minutos do filme passam, o Sol inclemente e a situação sócio-política do continente começam a se fazer sentir. Militares corruptos, guerrilheiros violentos, terrenos impossíveis... aos poucos, a caravana vai minguando - como minguam também as chances de sucesso.

A história é extremamente depressiva. Há pouquíssimos momentos que atenuam o drama, mas todos graças à pequena Shasha (a adorável Asma Nouman Aden) e suas observações espirituosas sobre a provação. Impossível não se afeiçoar a ela - o que só torna o momento de maior tensão da película, a travessia de um campo minado, muito mais difícil. Sim... Hänsel não economiza nas desgraças.

Contrastando com todo esse sofrimento está a lindíssima fotografia de Walther Vanden Ende. Tudo é captado de maneira cristalina e coloridíssima (os belos estampados das roupas da família gritando sobre a areia), e orientado com passo tranquilo, mas não enfadonho, pela edição de Michele Hubinon.

Uma linda e tristíssima experiência.