Aproveite as ofertas da Chippu Black!

Veja as ofertas
Termos e Condições Política de Privacidade
Filmes
Notícia

Diretor quer que você veja o brutal Predador: Terras Selvagens com sua mãe

Durante visita ao set, Dan Trachtenberg revelou desafios e inspirações do novo filme da saga

7 min de leitura
GA
08.10.2025, às 06H30.

Créditos da imagem: Disney/Divulgação

Em agosto de 2024, a Disney nos convidou para visitar o set de Predador: Terras Selvagens e a experiência deixou claro que o projeto é peculiar. Uma sensação que ficou ainda mais forte quando o grupo de jornalistas pôde conversar com o diretor Dan Trachtenberg (Rua Cloverfield, 10), que se empolgou ao dizer como está ansioso para mostrar esse filme de ação brutal para a própria mãe.

Não é exagero dizer que o diretor é um dos grandes responsáveis pela nova era do Predador nas telas. Ele comandou o elogiado O Predador: A Caçada (2022), que chegou de surpresa ao streaming peloagora extinto Star+, plataforma incorporada pelo Disney+ no Brasil, e provou que ainda há apetite pela franquia. O cineasta contou que, quando recebeu o convite de voltar à saga, decidiu evitar um pecado comum a sequências:

“Percebi que, muitas vezes, as pessoas fazem algo legal e a sequência é só uma continuação dessa coisa legal, não algo bacana pelos próprios méritos, sabe? Então, pensei ‘ok, se vou fazer outro, o que ainda não foi feito?’. E o que pensamos foi ‘e se fizermos um filme do Predador em que ele é o protagonista?’. Quer dizer, a estrutura clássica de um do filme do Predador é assistir o vilão pegar as pessoas uma por uma. Como fazer o público torcer pela criatura?’

Com essa ideia em mente, ele se reuniu com o roteirista Patrick Aison, com quem havia trabalhado em O Predador: A Caçada, para contar a história de Dek. Parte da raça alienígena Yautja, ele é desprezado por ser considerado o menor e mais fraco de seu bando. Qualquer semelhança com o filme anterior não é mera coincidência:

“Eu sempre tive muita afeição por histórias de azarão, O Predador: A Caçada foi isso, e acho que a história do Dek ainda é a de um azarão. Ele esteve envolvido em um evento traumático no início do filme e usa a aventura para lidar com isso. Então, logo de cara, você é jogado em uma situação intensa emocional e fisicamente com esse cara, e acho que isso te coloca no lugar dele.”

Trachtenberg explica que o protagonista é o típico "protagonista silencioso", citando a dinâmica de "protagonista tagarela e um ajudante silencioso" de faroestes. Para ele, em Predador: Terras Selvagens, o público se conecta "ao silencioso".

Após esse início intenso, Dek cai em um planeta alienígena conhecido por ser o lar do Kalisk, uma “fera imatável”, que ele decide caçar para se provar perante a própria família. Para esse mergulho na aventura de ficção científica, o diretor citou inspiração no clássico A Ilha Misteriosa (1961), que adapta o livro de Júlio Verne, e ressaltou a importância de filmar na Nova Zelândia: “Há uma paisagem florestal única, uma combinação estranha de partes selvagens, florestas, bosques e sequoias. É de tirar o fôlego, e uma grande motivação para mim é sentir que estamos na natureza selvagem, mas no futuro.”

Conan + Missão: Impossível = Novo Predador?

“Parte da diversão é que [o projeto] seria incomum e desafiador desde o conceito”, diz o diretor. E um dos grandes desafios de elevar o monstro ao papel de herói foi dar a ele uma personalidade relacionável sem que perdesse suas características brutas e mortais. A saída então foi mirar em um personagem vivido por Arnold Schwarzenegger, justamente o mocinho do primeiro Predador:

“Por alguma razão, sempre fiz uma ligação do Predador com Conan, O Bárbaro, por pensar em como é a cultura deles, a maneira como se comportam. São personagens com muitas maldições e poucas palavras, mas que dizem muito. E há algo na estrutura desses mundos que são uma fantasia brutal, com um pouco de piratas, que é diferente de O Senhor dos Anéis, Game of Thrones, Avatar ou qualquer outro filme de ficção científica. Há algo naquela vibe de Conan que parecia certa para o Predador quando estávamos desenvolvendo [Terras Selvagens].”

Além disso, Dek também precisará fazer por merecer a nossa simpatia. E para isso, Trachtenberg tirou outra inspiração da manga:

“Outra dessas coisas que amo nos filmes e que te conectam aos personagens, é vê-los tentar. É o molho secreto da franquia Missão: Impossível. Por não ser James Bond, que lida com tudo elegantemente, Tom Cruise está sempre caindo. A graça é que ele sempre se atrapalha para depois ser incrível, sabe? Ele falha muito, mas depois se supera de forma espetacular.”

Um Predador e uma andróide entram em um bar…

Se você já conferiu algum material de divulgação de Predador: Terras Selvagens, seja trailer ou pôster, deve ter percebido que o protagonista não está sozinho na jornada. Uma ideia que Trachtenberg conta ter sido inicialmente contra. Feliz com a ideia de fazer o filme com o monstro como protagonista, ele não queria incluir nada que desviasse o foco dele.

Porém, quando viu que um parceiro de jornada seria necessário, ele decidiu trapacear a regra de “não trazer humanos” para a história e fazer essa acompanhante ser uma andróide. Uma ideia que lembrou a equipe de que a franquia Predador divide seu universo com Alien, o que fez com que a personagem pertencesse à maligna corporação Weyland-Yutani.

O resultado foi a criação de Thia, andróide sintética interpretada por Elle Fanning (Malévola), que fará a parte falastrona da dupla formada com o Predador. Uma dinâmica que, é claro, tem inspiração em outro clássico dos cinemas. “Meu pitch é que seria Chewbacca e C3PO: O Filme”, brincou Tratchtenberg.

Durante a visita a o set, descobrimos que Thia é um dos andróides que a Weyland-Yutani enviou para o planeta em que o Predador cai por acaso. Acontece que o local é tão hostil que ela acaba cortada ao meio e precisa ser carregada por Dek. Uma ideia que se mostrou um desafio maior do que o diretor esperava:

“Uma cena normal de andar e conversar, sem grandes acrobacias ou algo especial, era incrivelmente complicada e consumia tempo. Ela está amarrada a fios, sabe? Ao longo das gravações encontramos diferentes estilos de equipamentos para facilitar, até que da última vez só os colocamos de costas e andando, e ficou ótimo. Mas esse foi um desafio que eu realmente não dei atenção. Fiquei meio ‘vamos dar um jeito, vai dar tudo certo e ficar bacana’”.

Porém, há obstáculos que elevam o projeto. Um exemplo é a questão da comunicação, já que Dek fala a língua Yautja. A saída para ele e Thia conversarem foi relativamente simples – um tradutor universal –, mas a noção de que o Predador é mais silencioso ajudou a criar a identidade do filme como um todo:

“Com todos os desafios de ser limitado em linguagem e capacidade de comunicação, estamos fazendo as coisas muito mais visualmente para dizer o que ele está falando. A parte cinematográfica precisa dar conta do recado. Tudo é nivelado por essa limitação.”

Um filme de ação feroz para ver com a mamãe

Apesar do apetite por contar uma história muito diferente de O Predador: A Caçada, o diretor Dan Trachtenberg fez questão de manter um ingrediente dele em Terras Selvagens: a vontade de compartilhar a obra com a própria mãe. “Fiquei muito empolgado, meio ‘é isso aí! Minha mãe vai ver isso!’ e ela amou, porque é o trabalho dela [risos].”

Porém, mais do que apenas a natural vontade de compartilhar um projeto de paixão com um ente querido, essa vontade surgiu de uma grande lição sobre cinema que ele aprendeu muito jovem:

“Tenho uma memória vibrante da infância de estar empolgado para mostrar O Exterminador do Futuro 2 para ela e perceber que ela não precisava ver o primeiro filme. O Exterminador 2 é sobre pais e filhos ao mesmo tempo em que é durão e incrível. Foi assim que levei minha mãe para assistir a um filme de ação maneiro. Fiquei pensando ‘ah, existe outro mecanismo nisso. É muito focado na história’.”

Uma aula que ele aplicou ao filme anterior e agora repete no novo projeto:

“E ainda assim, O Predador: A Caçada é cheio de decapitações e lutas. Então fui realmente encorajado a acreditar que há uma forma de continuar fazendo esses filmes, que sejam afetuosos em essência e, ao mesmo tempo, sejam incrivelmente ferozes, voltados à ação e todas essas coisas que você esperaria da franquia Predador. E ainda sejam lindos.”

Depois de um rápido bate-papo com a imprensa, Trachtenberg precisou voltar aos afazeres de diretor. Porém, depois de se despedir, ele fez questão de voltar rapidamente para agradecer a nossa presença:

“Estou muito feliz de receber vocês aqui. Na minha cabeça, visitas a set são feitas com grandes filmes, então é muito emocionante. Tipo, ‘meu Deus, estou fazendo um filme que as pessoas querem vir acompanhar?’. É legal de verdade ter vocês aqui e gostaria de ter mais a mostrar, mas é isso. Muito obrigado por nos visitar.”

Uma rápida demonstração de toda a educação que a sra. Trachtenberg certamente deve ter dado ele. Com isso, fica difícil não torcer para que ela goste do novo filme do filhão.

Webstories