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Entrevista

Pantera Negra | “Os efeitos sociais aqui falam mais alto”, diz Letitia Wright

Atriz sul-americana vive a irmã de T’Challa, criadora dos equipamentos do herói

08.02.2018, às 19H42.
Atualizada em 10.02.2018, ÀS 19H02

Tem muita mulher forte na frente e por trás das câmera de Pantera Negra, mas de todas as profissionais escolhidas pelo diretor Ryan Coogler (Creed – Nascido para Lutar) para dar vida à superprodução agendada para estrear no dia 15, só uma encarna a dimensão cientificista de Wakanda, o lar do herói felino: a atriz Letitia Wright, que vive a princesa Shuri. A personagem é a irmã geek de T’Challa, o Pantera, interpretado por Chadwick Boseman (Get on Up: A História de James Brown) nos sets de filmagem instalados em Atlanta, nos EUA. Foi lá que Letitia, hoje com 24 anos, conversou com o Omelete, explicando o perfil da aristocrata africana responsável por criar apetrechos tecnológicos para salvar o irmão em suas lutas contra o vilão Ulysses Klaue, o Garra Sônica, vivido por Andy Serkis (o eterno Gollum).

Nunca havia trabalhado em um projeto com efeitos especiais antes, mas os efeitos sociais aqui falam mais alto: a questão da negritude nos unia. Ryan aproximava os atores com suas concepções sobre afirmação de nossas raízes negras”, disse Letitia ao Omelete. “O mais legal foi ter virado, na prática, irmã de Chad durante as filmagens. A gente ficou muito amigo”.

Nascida em solo sul-americana, em Georgetown, na Guiana, a atriz começou a carreira em 2011, fazendo diferentes séries, como Humans e Black Mirror. Durante as filmagens, Letitia, conhecida por sua curiosidade patológica, passou todo o tempo observando os jogos de câmera feitos pelo diretor Ryan Coogler para dar mais agilidade a Pantera Negra. Seus bastidores se concentraram nos estúdios da Screen Gems, uma subsidiária de grandes corporações cinematográficas, então a serviço da Disney.

O papo com Letitia se deu numa mesa de cerca de dois metros e meio de comprimento, lotada de jornalistas de países distintos, num salão que servia de entrada para os escritórios do departamento de arte (lotado de desenhos de locação e de fotos de aeronaves, minas de vibranium e montes com estátuas gigantes) e do departamento de figurino. Nesses setores foi feita a concepção plástica de Wakanda e dos inventos de Shuri.

Ela é única pessoa que pode provocar o Pantera e sair ilesa, pois é a irmãzinha querida do rei, com quem estabelece uma relação de muito amor. Mas é interessante ver no cinema algo além dessa fraternidade: Shuri é uma gênia científica mulher e negra. Eu nunca fui muito ligada ao universo de super-heróis, mas esta experiência de encarar algo tão simbólico me levou pra perto das HQs”, disse Letitia.

O clima de espionagem que se mistura ao tônus de aventura do filme justifica a presença de Ross em cena. Criado em julho de 1966, nas páginas da HQ Fantastic Four nº 52, Pantera Negra, o primeiro super-herói negro dos quadrinhos, ganha o protagonismo de uma trama que se equilibra entre Wakanda e a Coreia do Sul, palco de uma cena de ação, antecipada já no trailer, idealizada para eletrizar plateias como nunca se viu nos filmes Marvel até agora. No enredo filmado por Coogler, a tarefa de T’Challa é manter sua nação coesa, após a dor que se instalou por lá após a morte de seu pai, o antigo rei, numa articulação do Barão Zemo. Mas o interesse de Klaue nas reservas de vibranium abalará a paz de T’Challa. Este precisa ainda deter a vaidade de um conterrâneo vingativo, Erik Killmonger (Michael B. Jordan, ator-assinatura de Coogler, que quase rouba o filme pra si).

A coisa mais emocionante desse trabalho foi ter conhecido um ícone negro como a Angela Bassett que interpreta a Rainha Ramonda, mãe de Shuri e do Pantera. Com ela está toda uma tradição da representação racial”, diz Letitia. “Foi bonito ter vivido isso”.

Além de  Chadwick Boseman no papel principal, o longa conta com Michael B. Jordan Forest WhitakerDanai Gurira vive Okoye e Lupita Nyong'o interpreta Nakia, as duas principais Dora Milaje do filme. Com direção de Ryan CooglerPantera Negra estreia em 15 de fevereiro.