Filmes

Entrevista

Os Outros Caras: Omelete entrevista Will Ferrell e Mark Wahlberg

Atores falam sobre ensaios, filmagens, improvisações e seus próximos projetos

25.11.2010, às 18H47.
Atualizada em 11.11.2016, ÀS 04H08

Durante o lançamento de Os Outros Caras (The Other Guys), nossos parceiros do Collider tiveram a oportunidade de fazer uma entrevista exclusiva com os atores Will Ferrell e Mark Wahlberg. Confira abaixo a conversa, em que Ferrell e Wahlberg falam sobre as dificuldades de manter a seriedade nas cenas engraçadas, processo de filmagem, ensaios e seus próximos projetos. Ferrell falou também sobre os motivos que levaram ao cancelamento da continuação de O Âncora - A Lenda de Ron Burgundy.

os outros caras

os outros caras

os outros caras

os outros caras

Primeiramente, eu adorei esse filme e achei que a química entre vocês dois é simplesmente fenomenal. Em que momento vocês perceram que isso ia funcionar tão bem?

Mark Wahlberg: Desde a primeira vez que sentamos para jantar. Sabe, eu já tinha conhecido Will com outras pessoas do mundo da comédia e já sabia que a maioria dos comediantes não são do jeito que você vê na tela. Normalmente eles são muito diferentes dos personagens que interpretam. Mas Will não é esse cara. Ele é tão legal, gentil e sincero quanto ele parece ser na tela. Eu não queria estar numa situação em que as pessoas tentam ser engraçadas quando a câmera está rodando e entre as cenas são sombrias, esquisitas e sérias. Então, quando conheci eles [Will Ferrell e Adam McKay, diretor] e vi como eram, pensei "Isso é incrível!". Quando disseram que estavam escrevendo um papel para mim, achei bom demais para ser verdade.

Will Ferrell: Acho que foi mesmo quando fizemos a leitura de roteiro para a Sony e Mark matou a pau. Achei que eu fui muito mal e achei ele muito engraçado. Tinha alguma coisa em escrever cenas pensando na voz dele que nos fazia rir muito. Provavelmente foi nessas primeiras leituras. Eu fazia questão de dizer para Adam e Chris [Henchy, roteirista] que precisávamos nos certificar de que Mark seria o cara durão. Eu sou o cara nerd. Também tenho uma certa valentia, apesar de ser excêntrico e estranhão. Precisava ser confiante o suficiente para discutir com ele. Quando começamos a colocar isso no roteiro, ficou ótimo. Quando chegamos nos ensaios, eu mal podia esperar para filmar as cenas. Tinha momentos em que ele estava olhando para mim e eu não conseguia olhar para ele, porque simplesmente nos fazia rir.

Tem uma cena no filme em que vocês estão discutindo sobre o leão e o atum e me contaram que essa cena foi improviso. Vocês poderiam falar sobre como foi filmar essa cena e, Mark, como foi trabalhar com Will nesse momento?

Wahlberg: É, bom, eu fico tentando manter uma cara séria. Ele estava simplesmente fora de si, de um jeito bom. Mas para cada cena, filmávamos o que estava no roteiro e depois passávamos três ou quatro horas improvisando e zoando. Então, sim, estamos tendo uma discussão ridícula, mas como em todo o resto que fiz, tento interpretar a cena do jeito mais real possível e ficar comprometido com a situação, independente de quão absurda ela seja.

Ferrell: Acho que para mim era mais fácil me manter sério porque o meu cara é muito sério. Fazia questão de não rir. Tem momentos em que eu não me abalo com nada do que ele diz e ele ria muito com isso. No começo, você tem a tendência de ter pena do meu personagem, porque Mark tem uma atitude de "você é um idiota, eu te odeio". Mas eu acho que é ao contrário. Ele precisa aturar minha estranheza, tipo, minha música ruim e o fato de que eu sou um cara tão estranho.

Sobre o processo de ensaios, vocês acham que se ensaiarem demais, vão queimar o material da cena? Estou curioso em saber como é o processo de ensaio de vocês, em relação ao processo de filmagens.

Ferrell: Bem, somos muito preguiçosos para ensaiar demais, então nunca teremos esse problema, hahahahaha. Acho que para nós ensaiar foi pegar três ou quatro dias para ler as cenas em voz alta e questionar, "Essa parte faz sentido? E essa outra?". E aí Adam dizia, "Vamos tentar uma em que vocês só brincam com o texto". Então tentávamos e ele dizia, "Ok, ficou bom. Vamos almoçar". Nós definitivamente não ensaiamos muito. Então quando chegamos no set, tudo ainda estava bem novo. Além disso, em algumas cenas você já começa a pensar no trabalho do dia seguinte, pensando em improvisar aqui e depois de novo na outra cena. Então você começa a formar um plano e aí é só contar para McKay, que eu acho que não existe ninguém no momento que dirige como ele.

Sobre a sua parceria com McKay, tudo que vocês fazem tem sido muito bom. Como fã, gostaria que vocês fizessem um filme por ano.

Ferrell: Hahahahaha. É, bem, nós obviamente nos divertimos muito ao trabalhar juntos. É engraçado, mas nunca temos aquele momento desconfortável em que um dá uma ideia e o outro pensa: "Do que ele está falando?". Normalmente as reações são: "Isso é ótimo, nem tinha pensado nisso". Ou então sempre começamos falando que "isso pode ser loucura, mas e se fizéssemos tal coisa?". Sempre estamos em sintonia em relação ao que achamos que é engraçado ou qual é o melhor tom para uma cena. Nunca há momentos desconfortáveis como, por exemplo, às vezes um diretor de comédia te puxa de canto e diz "Então, isso foi legal, mas você não quer usar esse chapéu engraçado na próxima cena?". E aí você precisa dizer: "Acho que não deveríamos fazer isso". E alguém sempre fica magoado e você precisa sair do projeto. Mas quando McKay e eu começamos a trabalhar juntos no Saturday Night Live simplesmente deu certo.

Mark, ultimamente seu nome tem aparecido em muitos projetos. No que você está trabalhando agora, quais são seus próximos filmes?

Wahlberg: Estamos trabalhando no roteiro de Cocaine Cowboys e The Brazilian Job voltou à atividade. Acho que se esse filme tem alguma chance de acontecer, é agora. Mas sabe, como em qualquer outro filme que já fiz, fala-se de continuações, mas se não conseguirmos que fique melhor ou tão bom quanto o primeiro, simplesmente não queremos fazer. Simplesmente não vale a pena. Também me enviaram algumas páginas do roteiro de Five Brothers [continuação de Quatro Irmãos], e tem várias outras coisas que estamos desenvolvendo.

Como está essa continuação? Vocês já tem uma história?

Wahlberg: Sim, e é uma ótima ideia. Não sei o quanto posso falar sobre isso, mas é uma ótima ideia. Eu meio que assumo uma posição paternal, ajudando garotos mais novos do bairro que se envolvem em problemas. Aí descubro que meu pai biológico tem outro filho que escondeu de mim e...Você sabe.

E The Fighter? Você poderia falar um pouco sobre esse filme?

Wahlberg: Sim, esse é o melhor filme que já fiz.

Essa é uma declaração muito forte.

Wahlberg: Bem, é a melhor história de que já fiz parte. E fizemos a melhor versão possível dela ao chamar David O. Russell para reescrever e dirigir. Sempre soubemos que era um ótimo drama, mas também tem muito humor, assim como cenas emotivas. É um filme muito real e muito especial.

Will, acho que falo por todos os fãs ao dizer que fiquei triste de saber que O Âncora 2 não vai acontecer. Você poderia falar sobre sua reação quanto a isso e se seria possível pular tudo isso e ir direto para O Âncora 3?

Ferrell: Hahahahaha. Totalmente possível. Sabe, está difícil nesse momento conseguir que os filmes sejam feitos. É esquisito porque durante anos imploraram para que fizéssemos uma continuação e estávamos ficando empolgados porque a cada ano o filme meio que cresceu mais e mais. Gostamos da ideia e pensamos que poderia ser muito divertido. Reunimos todo mundo e o estúdio disse, "Ótimo! Nem acreditamos! Mas vocês precisam fazer o filme com esse valor", e nós dissemos, "Bem, não tem jeito de fazer por isso...". Sabe, é difícil falar sobre orçamentos em Hollywood porque é preciso muito dinheiro para fazer um filme, e mesmo um baixo orçamento é bastante dinheiro. Então não quero menosprezar isso, mas para ter eu, Steve Carell, Paul Rudd e provavelmente vários outros atores que se prontificariam para fazer esse filme, vai custar um certo preço. Mas nós também teríamos que cortar várias coisas para fazer o filme, então não havia uma saída realista. No momento, a decisão está na mão deles. No começo você fica meio frustrado, depois você pensa "Bem, se não é para acontecer, então não é para acontecer" e vamos fazer outra coisa. Mas acho que acabou pegando mal para eles. Adoro falar sobre isso porque espero que chegue nos ouvidos deles, mas não sei se vão ouvir alguma coisa. Estúdios são um lugar esquisito.

Leia a crítica de Os Outros Caras